Presidente do IBRAM e CEOs de mineradoras analisam desafios do setor
20/08/24
Em evento organizado pelo site Brazil Journal, Raul Jungmann diz que um dos principais desafios a superar é a percepção limitada que a sociedade tem sobre a mineração, apesar de sua presença em muitos aspectos da vida cotidiana.
A mineração é um dos pilares da economia brasileira. Impulsiona o desenvolvimento e contribui significativamente para o crescimento do país. No entanto, o setor enfrenta uma série de desafios complexos e multifacetados, que vão desde questões ambientais até a sustentabilidade social e econômica. Essa foi a tônica do debate realizado pelo site Brazil Journal que contou com a participação do diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann, do CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, da presidente da Anglo American no Brasil, Ana Sanches, também presidente do Conselho Diretor do IBRAM, e do fundador e presidente da Cedro Participações, Lucas Kallas. O evento ocorreu nesta terça-feira (20), em São Paulo (SP).
Raul Jungmann destacou que um dos principais desafios do setor é a percepção limitada que se tem sobre a mineração, apesar de sua presença em muitos aspectos da vida cotidiana. “Somos um setor B2B, sem um consumidor final claramente visível”, explicou. Ele também ressaltou que a mineração, um setor tão vasto e significativo, está subordinada às autorizações e concessões do Estado, com implicações importantes para a sua operação, além da sujeição a decisões políticas.
Eduardo Bartolomeo corroborou a necessidade de mudar a percepção da mineração por parte da população brasileira, que, segundo ele, até considera o setor necessário, mas não o compreende. “ A gente precisa ser desejado, mas como é que a gente faz essa mudança? Essa é a grande questão. Para as empresas, esse é o grande desafio a superar”, afirmou.
Jungmann também enfatizou que, embora a mineração seja altamente regulamentada, o governo não tem fornecido a contrapartida adequada em termos de estrutura e recursos. “Atualmente, a Agência Nacional de Mineração (ANM) está com deficiências graves em estrutura e em orçamento. O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) enfrenta problemas semelhantes, e o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) também sofre com deficiências comparáveis”, observou.
Já Ana Sanches ressaltou que enfrentar os desafios do setor requer uma abordagem sustentável. “A sustentabilidade é um caminho sem volta. No Brasil, a Anglo American preserva 27 mil hectares entre o Cerrado e a Mata Atlântica, um número seis vezes maior do que a nossa área de operação”, afirmou. Ela destacou que todas as decisões empresariais, independentemente da escala, devem estar alinhadas com as questões de ESG (ambientais, sociais e de governança).
Para Lucas Kallas, o futuro promissor do setor mineral depende da união entre Estado, governo e empresas para simplificar processos com o máximo respeito ao meio ambiente. Ele também salientou a necessidade de melhorar a estrutura de capital e investimentos no país para que o Brasil possa se destacar na transição energética mundial, movimento que depende da ampla oferta de minerais críticos e estratégicos para desenvolver tecnologias voltadas à energia limpa.