Preço dos metais estimula procura por novas áreas de exploração
27/08/08
A escalada no preço das commodities metálicas nos últimos anos deflagrou uma corrida de empresas nacionais e estrangeiras por novas fronteiras de exploração no País. Na busca por possíveis reservas, despontam Estados como Bahia, que abriu na última quarta-feira uma grande licitação para reservas de minério de ferro. Em apenas três dias de edital na praça, gigantes como Vale, Arcelor Mittal, BHP Billiton, Anglo American e Votorantim já estavam inscritos para receber as informações preliminares dos depósitos. O diretor Técnico da Companhia Baiana de Propriedade Mineral (CBPM), Rafael Avena, explica que o órgão, do governo estadual, mudou sua estratégia de atuação para tirar maior proveito do boom mundial no setor de mineração. “Até o ano passado, as ações de arrendamento partiam dos interessados. Resolvemos mudar a estratégia: criamos um grande pacote de áreas a serem licitadas. Assim, despertamos o interesse e atraímos empresas do setor”, explica ele. A CBPM decidiu ofertar 25 áreas para mineração entre 2007 e 2008, deste total, nove já foram arrematadas e este ano serão licitadas as 16 restantes. Na lista, além de minério de ferro, estão depósitos de níquel, ouro e cobre, entre outros.
As empresas vencedoras da concorrência têm prazo médio de três anos para apresentar os resultados de suas pesquisas geológicas e a viabilidade econômica da mina. Caso seja interessante para a mineradora desenvolver um projeto, esta pagará pela área arrendada e terá o direito de explorá-la por 20 anos, com possibilidade de renovação a cada duas décadas. “Também está previsto no edital o pagamento de royalties de 2,5% a 3%, variando de acordo com o minério e o projeto”, acrescenta Avena. Os depósitos estão localizados, principalmente, no Norte da Bahia (a cerca de 550 Km de Salvador), nas regiões de Sento Sé, Casa Nova, Remanso, Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes. Até então, as principais reservas do minério estavam localizadas, na região de Caetité, no sertão baiano.
As mineradoras não gostam de comentar suas investidas em novas fronteiras, numa estratégia que tem por objetivo não atrair a concorrência. O diretor executivo de Ferrosos da Vale, José Carlos Martins, revela, no entanto, que a empresa está avaliando as oportunidades na área de minério de ferro na Bahia. “A Vale está avaliando atentamente as oportunidades. Mas a Vale só entra em projetos que se enquadrem no tamanho da empresa. É preciso ter escala. Outro ponto que tem de ser avaliado naquela região é a logística”, adianta ele. Exemplo bem-acabado de busca por novas fronteiras na Bahia é a Mirabela Mineração, companhia júnior de capital nacional e australiano.
A empresa inicia no ano que vem a produção de ferro-níquel do projeto Santa Rita, localizado no município de Itagibá, a 370 km de Salvador. O local é apontado como a maior jazida de níquel sulfetado da América Latina, com vida útil estimada em mais de 20 anos. A meta é produzir 147 mil toneladas/ano de concentrado de níquel. O projeto tem orçamento estimado em US$ 225 milhões. Novas prospecções estão sendo realizadas pela Mirabela nas cidades de Palestina (BA) e Aracaju (SE), ambas na área de níquel. O ritmo com que a mineração avança na Bahia pode levá-la, em quatro anos, ao terceiro lugar no ranking dos maiores produtores nacionais, desbancando São Paulo, que tem forte presença na área de produtos minerais voltados para a construção civil (como areia e brita). A avaliação é feita por Marcelo Tunes, diretor de Recursos Minerais do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
“A Bahia receberá nos próximos quatro anos mais de US$ 2 bilhões em investimentos no setor mineral, principalmente na mineração de ouro, ferro, níquel e cobre. Isso quer dizer que é possível que o Estado chegue, sim, a ser o terceiro maior produtor do País”, avalia o diretor do Ibram. A liderança no ranking deve ser mantida por Minas Gerais, que tem um dos territórios com maior diversificação mineral do mundo. O segundo lugar também dificilmente será tirado do Pará, que abriga a gigantesca mina de minério de ferro de Carajás. Na briga pelo terceiro lugar surge ainda o estado de Goiás. A região, rica em níquel, tem diversas áreas sob a avaliação de empresas nacionais e estrangeiras. Os estudos, guardados a sete chaves pelas mineradoras, estão concentrados, principalmente, no Noroeste do Estado, em cidades como Catalão, Barro Alto e Niquelândia. De acordo com dados do Ibram, o Estado deve receber, apenas na área de níquel, investimentos que ultrapassam US$ 2 bilhões até 2011.
Agência Estado / Brasil Infomine