Práticas em ESG podem reduzir custo de capital em 10% para mineradoras
25/11/21
Mineradoras que investirem seriamente em políticas corporativas e boas práticas de ESG terão acesso a capital com menores custos, cerca de 10% abaixo do que os ofertados a organizações sem solidez em ESG. Na esteira dessas boas práticas, estão sendo lançados no Brasil novos mecanismos de investimentos em inovação na mineração – a inovação é um dos caminhos para elevar o patamar de sustentabilidade do setor mineral, apontam especialistas.
Esses temas foram apresentados e debatidos no painel de encerramento do seminário online ESG – Mineração do Brasil, na tarde desta 4ª feira (24/11), intitulado “Agenda ESG e Financiamento para a mineração”. O encontro foi uma realização do IBRAM e da consultoria Falconi e contou com a participação de mais de 2.100 participações.. Para assistir aos vídeos do seminário é só acessar o site do IBRAM – www.ibram.org.br
Mineração brasileira atrai atenção dos investidores estrangeiros
Os investidores estrangeiros têm avaliação positiva sobre os cenários futuros da mineração do Brasil, disse Frederico Marques, Head North America, Cescon Barrieu (Toronto-CA), em sua palestra sobre o tema “O investidor e o mundo do investimento ESG em Mineração”.
“É uma visão sempre positiva (dos investidores estrangeiros). O setor mineral tem brilhado no Brasil. A criação da Agência Nacional de Mineração há alguns anos ajudou a melhorar a imagem do setor para os investidores. O mercado (de capitais) está com muito capital, está líquido, em especial, o mercado de capitais canadense, muito aquecido para a mineração, e o Brasil tem projetos interessantes”, ressaltou.
Ele disse ainda que, como a indústria mineral é de capital intensivo, e, de acordo com o estágio do projeto, há riscos associados diferenciados, o minerador tem que procurar a melhor locação de capital possível ao longo do desenvolvimento do projeto. A prática ESG, afirmou, “reduz o custo do capital e aumenta o valor da empresa, do projeto. São custos 10% menores”, geralmente, do que os ofertados para companhias sem políticas sólidas em ESG.
Ao citar uma pesquisa de 2020 da PricewaterHouseCoopers, ele chamou a atenção do público para observar o alto nível de consideração dos investidores globais em relação ao ESG nas companhias. Foram pesquisados 325 investidores globais e “50% disseram estar dispostos a retirar investimentos de empresas que não estejam tomando conta devidamente das práticas ESG”.
E mais: cerca de 30% dos recursos financeiros direcionados ao mercado de capitais, este ano e na previsão para 2022, são capitais carimbados com ESG, disse. Ou seja, mineradoras e outras empresas interessadas em receber esses aportes terão que exibir práticas robustas de ESG, acrescentou.
Invest Mining
Antes de Frederico Marques, Miguel Nery (ABPM), fez uma apresentação sobre a nova rede de financiamentos da mineração, a Invest Mining. Nery é coordenador dessa iniciativa.
A rede é fruto de uma união inédita de organizações das esferas pública e privada, com o objetivo de melhorar o ambiente de negócios na mineração e promover as boas práticas de sustentabilidade, governança e cuidado social. Regido por um estatuto, a rede está aberta à adesão de mais entidades interessadas em participar desse marco, que traz uma mudança fundamental na cultura de investimento em mineração no Brasil. A rede foi apresentada na EXPOSIBRAM 2021, em outubro. (https://ibram.org.br/noticia/lancada-na-exposibram-nova-rede-de-financiamento-para-projetos-de-mineracao/)
Fazem parte da rede de financiamento, organizações públicas e privadas. Pela iniciativa privada participam: Bancos; Fundos; Gestores de ativos e Bolsas; representantes da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM); Conselho Temático de Mineração (COMIN) da Confederação Nacional da Indústria (CNI); Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (ADIMB); Câmara de Comércio Brasil-Canadá (BCCC, sigla em inglês); e Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
Novo fundo de investimento em inovação na mineração
A última palestra do seminário teve como tema “Inovação na Mineração”. Os representantes do fundo KPTL Mineração, Renato Ramalho e Gustavo Junqueira, anunciaram que, no 1º trimestre de 2022, já deverão estar iniciando as primeiras operações de financiamento de um fundo especializado em inovação para a cadeia de valor da mineração.
Estão sendo convidadas para ser cotistas empresas com negócios relacionados à mineração – mineradoras, companhias do setor de transporte, combustível, máquinas e equipamentos, suprimentos etc. –, com patrimônio acima de R$ 10 milhões.
O fundo é destinado a financiar startups que precisam de capital e apoio em gestão para evoluírem à categoria de fornecedores das mineradoras.
No encerramento, Paulo Henrique Soares, diretor de Comunicação do IBRAM, e Denis Gloria, Associated Partner da consultoria Falconi, fizeram um balanço positivo dos dois dias do seminário online. Gloria destacou que “muitas boas práticas foram compartilhadas pelos participantes e o seminário se constituiu em mais um marco em nossa jornada para desenvolver o ESG do setor mineral brasileiro”.
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