Para Agnelli, Glencore emperra acordo
03/03/08
A Vale resolveu endurecer o jogo com a suíça Glencore. A empresa é a maior acionista da anglo-suíça Xstrata e vem, segundo a mineradora brasileira, emperrando as negociações. Neste momento, a Vale aguarda o grupo suíço explicitar sua estratégia em relação a uma potencial fusão entre as companhias para chegar a algum tipo de entendimento sobre a aquisição da Xstrata. Hoje, a Xstrata divulga os resultados financeiros de 2007. E, além dos números, é esperado que a multinacional anglo-suíça anuncie sua visão sobre as conversas envolvendo o processo de fusão com a Vale do Rio Doce.Roger Agnelli, presidente da Vale, diz que nesses dois meses de negociação a Vale concedeu aquilo que achava que era o limite. “Neste momento aguardamos a decisão da Glencore que, como maior acionista da Xstrata, tem que saber o que quer fazer”, explica o executivo. Em relação ao pleito da Glencore, de querer direitos de comercialização sobre produtos da Vale, Agnelli é rápido na resposta. “Ela é uma trading e o que quer é ter negócios para si, mas, para a Vale, passar a comercialização para outros grupos foge da estratégia.” Para Agnelli, a combinação das duas empresas – Vale e Xstrata – cria “uma coisa muito forte”. Mas ele admite o impasse na transação. “Eu não diria que não tem nada embolando. Tem simplesmente um lado nosso que tem pleno fundamento e um lado deles que tem pleno fundamento. Tem que se buscar algum tipo de acomodação dos interesses. Mas, muitas vezes pode-se chegar em um ponto que não se tem acomodação dos interesses. Isto faz parte de todo processo negocial.” A Glencore, do ponto de vista de Agnelli, caso viesse a ter uma participação na Vale via Xstrata, poderia trazer muita contribuição positiva para a futura companhia. “A Glencore tem muita experiência em frete, em negociação de cobre, experiência em carvão, pois é a maior trading do mundo em carvão. E esse é um mercado novo em que a Vale está entrando”, afirma Agnelli. O presidente da mineradora brasileira diz ainda que a Xstrata não é prioridade da Vale. “A prioridade são os nossos investimentos em projetos de crescimento orgânicos, que somam US$ 59 bilhões até 2012”. Ele vai além: “Tendo ou não (a Xstrata), isto não afeta o caminhar da Vale, que tem outras alternativas de crescimento”. (VSD)
Valor Econômico