Painel aborda o potencial de produção de ouro no Brasil
11/09/24
Especialistas debatem, ainda, a problemática dos garimpos ilegais e a rastreabilidade do metal, durante painel na EXPOSIBRAM 2024
A produção do ouro do Brasil foi um dos temas abordados nesta quarta-feira (10), na EXPOSIBRAM 2024 – Mineração do Brasil | Expo & Congresso. Durante o painel “Potencial de Produção de Ouro no Brasil”, especialistas traçaram um panorama do mercado da produção do metal no país, assim como levantaram a problemática dos garimpos ilegais.
Abrindo o painel, o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Fernando Azevedo e Silva, destacou a importância do ouro não só para o país, como também para a humanidade. “A história do ouro se confunde com a do Brasil, por isso, é tão importante a reflexão sobre o tema”. Para dar início ao debate, ele perguntou aos painelistas qual é a situação do metal no mercado nacional e como ela se compara com a de outros países que exploram o ouro.
A geóloga sênior de Recursos Minerais da Ero Copper, Melissa Abrão Zeni, exibiu uma série de slides das três operações da Ero Copper: a Caraíba, na Bahia, considerada a principal operação da mineradora; a de Tucumã, no Pará, cuja operação foi lançada nesta quarta-feira (11); e a de Xavantina, no Mato Grosso. “Desde o século XVIII, já se sabia que existia ouro no Mato Grosso, especialmente na região de Xavantina, mas foi nos anos de 1980 que o garimpo começou de fato na região”, contou, além de fazer uma contextualização com dados e fotos da década até os dias atuais.
Na sequência, o professor titular do Instituto de Energia e Ambiente e do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), Colombo Celso Gaeta Tassinari, falou sobre o projeto que tem sido desenvolvido pela USP, em parceria com a Polícia Federal, que avalia o potencial dos isótopos de chumbo para a proveniência do ouro. “Estamos desenvolvendo esse projeto em função do crescente interesse no Brasil para caracterizar a origem do ouro comercializado”, assinalou.
A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Lydia Maria Lobato, fez uma apresentação sobre os principais ambientes geológicos no Brasil, mostrando, inicialmente, um mapa da América do Sul, onde há cinturões minerais importantes, como os de Tocantins e da Bahia. “O Brasil tem um número grande de distritos e províncias que produzem ou que detêm o ouro”, apontou Lydia, que também é consultora da HydroFluids&Minerals.
Por fim, o geólogo Marco Aurélio da Costa, com 40 anos de experiência em pesquisa mineral, explanou sobre a indústria de produção de ouro, quando traçou um panorama da história desse metal precioso, que começou no Brasil por volta de 1500 com a chegada dos portugueses, passando pelo início e consolidação da mineração no século XX até a atual mineração industrial do século XXI. “A longo prazo, o potencial da mineração de ouro incorre na discussão em torno da flexibilização de áreas como as terras indígenas, áreas de fronteiras ou garimpo. Esses temas são sensíveis, mas terão que ser discutidos em algum momento”, pontuou.
Debate sobre garimpo ilegal
Após as apresentações, Fernando Azevedo e Silva convidou os painelistas para falar sobre o controle e legalidade do ouro de garimpo. “O Mato Grosso, como muitos sabem, ainda tem muito garimpo ilegal. Eu demorei muito para trabalhar com a mineração, porque o setor nunca me atraiu. Mas, quando recebi a proposta da Ero, percebi que devemos, sim, atuar nesse setor essencial para a sociedade, para apontar as ações que devem ser feitas para não prejudicar o meio ambiente e combater o garimpo ilegal”, disse Melissa Abrão Zeni.
Já Colombo Celso Gaeta Tassinari disse que hoje existem técnicas da Polícia Federal para detectar a rastreabilidade do garimpo ilegal. “Estão basicamente relacionadas à florescência de raio-x e análises químicas”, destacou, enfatizando que o uso de isótopo de chumbo também ajuda na verificação da legalidade do rastreamento da origem do ouro.
“O trabalho de rastreabilidade do ouro, que é apoiado pelo IBRAM, precisa também da colaboração da indústria, porque, caso contrário, o trabalho com a Polícia Federal não vai andar”, complementou Lydia Maria Lobato. “É fundamental que haja uma fiscalização séria em cima dos garimpos ilegais”, arrematou Marco Aurélio da Costa.
Patrocinadores
Figuram como patrocinadores do evento: Lantex (diamante), Vale (diamante), Anglo American (platina), Armac (platina), BHP (platina), CODEMGE (platina), Governo de Minas Gerais (platina), Huawei (platina), Casa dos Ventos – Transição Energética (platina), AngloGold Ashanti (ouro), Atlas (ouro), Aumund (ouro), Eletrobrás (ouro), Kinross (ouro), Nexa Inovação (ouro), ArcelorMittal (inovação), Bemisa (prata), Elecmetal (prata), Geosol (prata), Hydro (prata), Mineração Usiminas (prata), Accenture (bronze), Aeolus Tyre Co (bronze), Alcoa (bronze), Ausenco (bronze), Austin Powder (bronze), Avante Tratores (bronze), BVP Geotecnia & Hidrotecnia (bronze), Companhia Brasileira de Alumínio – CBA (bronze), Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – CBMM (bronze), Companhia Baiana de Pesquisa Mineral – CBPM (bronze), Dinâmica Materiais Hidráulicos (bronze), Energy Fuels (bronze), Hatch (bronze), Irmen/Sany (bronze), Kao (bronze), Kofre (bronze), Mosaic (bronze), MRS – Moisture Reduction Systems (bronze), Mosaic (bronze), Rema Tip Top (bronze), Samarco (bronze), Schneider Eletric (bronze), Sefar (bronze), Sigma Lithium Resources (bronze), TCS – Tata Consultancy Services (bronze), Walm Engenharia (bronze) e WSP (bronze).