Otimismo energético
26/02/08
As perspectivas do ex-secretário da Fazenda Oton Nascimento para 2008 são as melhores possíveis. Atual conselheiro da Celg e da Agência de Fomento do Estado, Oton é otimista ao falar do desenvolvimento do Estado. Suas maiores apostas são o setor energético, seguido da mineração. Para ele, 2008 é o ano da largada para um grande salto do Estado. Oton acredita que a sociedade mundial está vivendo um momento particular, de busca de qualidade de vida. ?O discurso que ouvimos de sustentabilidade dos vários setores trouxe uma nova realidade para o mundo junto com a revolução tecnológica. Nós temos aí processos de software que fazem com que a produtividade humana melhore bastante. A produtividade do homem de poucos anos para cá modificou bastante. E, hoje, o indivíduo tem uma preocupação muito grande com a qualidade de vida. Para isso, também temos de ter uma preocupação com a qualidade dos nossos produtos?, ressalta.Nesse cenário, Goiás se insere como um Estado privilegiado. ?Nós temos o berço das águas no Brasil, além de solo e clima favoráveis para o desenvolvimento de grandes jazidas de minérios e matérias-primas. Daí que eu sou muito otimista com relação a 2008 e aos anos futuros, porque a base do Estado de Goiás está pronta?, diz.Oton diz que a chamada energia verde é muito importante. ?A alternativa energética é essencial. E temos aí uma nova fronteira de produção energética, os biocombustíveis, que estamos começando, aproveitando o bagaço da cana e também o biodiesel. Por isso tudo eu sou muito otimista com relação a 2008?, comenta.oportunoO conselheiro explica que a condição da economia brasileira também é favorável para o desenvolvimento do Estado. De acordo com ele, o Brasil está bem com relação ao controle fiscal e ao controle inflacionário. ?Isso ajuda muito. Não há hoje no Brasil aquele desconforto que nós tínhamos há alguns anos?, afirma.Oton apontou alguns caminhos para o Estado neste ano. Ele acredita que Goiás deve persistir no setor de bioenergia. ?É um segmento que tem grande futuro para Goiás, pois desenvolve a agricultura, gera mais renda para os produtores, empregos em quantidade e, além do combustível, gera também energia. Temos que persistir nisso para os próximos anos?, diz. Ele ressalta que a pecuária deve estar em constante processo de melhora. ?Ela tem que ser modernizada mais rapidamente. Temos que passar por um processo de confinamento para aliviar a pressão sobre as pastagens, fazendo com que essa grande extensão de área agrícola que nós temos voltada para a pecuária possa ser reduzida?, conclui. Um outro ponto de muito interesse para os goianos é o reflorestamento. ?Nós já temos, no Brasil, atividades de reflorestamento representando 5% do PIB. E precisamos, dentro dessa visão de sustentabilidade, resgatar o desmatamento que tivemos ao longo dos últimos anos, tornando a vida mais agradável.? O quarto ponto refere-se ao turismo. Oton acredita que o Estado deve se preparar, juntamente com o País, para a Copa do Mundo de 2014. ?No bojo dessas preocupações, devemos deixar o Estado e Goiânia bem preparados para o evento. Devemos melhorar as condições da Grande Goiânia. Hoje ela representa 36% da população do Estado. Quase 20 cidades formam um verdadeiro aglomerado metropolitano. Temos que melhorar a situação das vias públicas, do anel viário e do aeroporto?, explica. Para ele, vários assuntos devem começar a ser trabalhados agora, para que estejam prontos no menor tempo possível. E o último ponto, que influencia os demais, é a capacitação profissional. ?É um grande investimento e vamos precisar que o Estado cuide de sua política educacional e lute pelas suas entidades de classe. Temos que preparar um grande projeto de capacitação profissional para poder atender o progresso que vislumbramos para Goiás.?Ano eleitoral não deve mudar cenárioOton Nascimento acredita que, cada vez mais, o desenvolvimento do Estado independe do governo. Por isso, ele não acredita que o fato de ser um ano eleitoral irá alterar a política econômica. ?O governo vai cada vez mais sendo menos responsável pelo desenvolvimento. O crescimento de um país como o Brasil é feito mais pela sociedade como um todo. Há 20 anos, o governo de Goiás tinha um peso de cerca de 40% ou 50% do PIB de Goiás. Hoje ele tem cerca de 10% ou 15%. A influência do Estado no governo vai diminuindo. Isso é salutar, porque a missão do governo é de regulação. Agora, a questão de geração de renda, progresso e desenvolvimento fica por conta da iniciativa privada?, explica.Para ele, as eleições são processos rotineiros. E não há porque pensar que por ser ano eleitoral tem que ser melhor ou pior. ?Na verdade, 90% dessa estrutura de progresso está sendo trabalhada pela sociedade?, diz.Uma das grandes apostas de Oton para 2008 é o setor de mineração. ?Estamos com investimentos da Anglo American. Temos também investimentos no pólo de Catalão. Creio que o setor de bioenergia vai ser o maior investidor deste ano, seguido da mineração. Até porque os preços internacionais do níquel e de outros metais reagiram muito bem nos últimos anos?, argumenta.Oton defende que o ano de 2008 é de grandes expectativas com relação à logística do Estado. ?Entram dois grandes projetos. Um é o alcoolduto, que está sendo confirmado pela Petrobras, que já encerrou a primeira de quatro fases, que é a viabilidade do empreendimento. E o outro investimento importante é a Ferrovia Norte-Sul, que estava paralisada. Mas está sendo reiniciada em Anápolis até Uruaçu. E a perspectiva é de que até 2010 esteja funcionando.?Com isso, ele acredita que os próximos anos serão de amadurecimento para a implantação desses projetos. ?Isso é garantia de exportação. E o nosso produto da bioenergia, por exemplo, é para atender o mercado externo. Porque o mercado interno está bem assistido em Goiás. Nós somos exportadores de álcool no Brasil vendendo para outros Estados?, opina. ?No início do governo Alcides, tínhamos 11 usinas. Hoje, são 19 em produção. E a perspectiva é chegar em 50 usinas em 2010. Para isso, é fundamental a logística. O governo tem de se preocupar com essas condições para a produção poder transitar?, conclui.Oton diz que 2010 vai ser um ano de plena produção. E 2008 é um ano de início. ?É o ano da largada de uma série de benefícios que ao longo de 2009 e 2010 vão prestigiar muito o governo do Estado de Goiás. Os projetos já estão amadurecidos e iniciando a implantação. Isso é que é o bom da questão, poder enxergar que os projetos em Goiás já estão prontos e se desenvolvendo.?Goiás registra crescimento de 16% na arrecadaçãoOton Nascimento defende ainda que a sociedade deve estar preparada para a aldeia global, que diminui distâncias. ?Nós, goianos, não podemos perder a perspectiva do mundo globalizado. Porque ele está aberto para que o Estado apresente seus valores e riquezas. Todos querem comprar, vender e trocar informações. Esse paradigma é interessante. Goiás tem que praticar essa nova fase do mundo, no qual tudo está interligado. A palavra-chave é conexão?, pondera.Oton é bastante otimista.?Isso não pode ser só um sonho. Eu sou otimista, porque vejo os indicadores. De 1999 para cá, Goiás deu um salto no PIB. Ele era cerca de R$ 12 bilhões e hoje ultrapassa os R$ 50 bilhões. E é uma reta ascendente, que cada vez mais mostra o vigor do crescimento. São oito anos, que mostram dados interessantes e firmes?, explica.De acordo com ele, o Estado teve um crescimento da arrecadação do ICMS de 14% em 2006, com relação a 2005. E o crescimento do ano passado em relação ao ano anterior também está na faixa dos 16%. ?Observando os primeiros 45 dias do ano, observamos que essa taxa de crescimento está continuando. Então, não sou estatístico, mas esses são sinais evidentes que confirmam e dão sustentação técnica ao que eu digo?, finaliza.Biodiesel e capacitação profissionalO setor energético é uma das grandes apostas do engenheiro Oton Nascimento para o ano de 2008. Ele defende que, como o petróleo já superou a barreira dos US$ 100 por barril (recorde histórico), a alternativa energética é fundamental. Neste cenário, o Estado de Goiás é desafiado a gestar um modelo próprio de desenvolvimento sustentável, onde esta nossa proposta tenha papel relevante. O biodiesel é um combustível ecologicamente correto, obtido a partir de óleos vegetais e álcool. Além de beneficiar a balança de pagamentos com a redução das importações, a adoção do biodiesel incrementa a produção agrícola brasileira e incentiva novos investimentos no setor industrial. Um dos resultados a partir da utilização do biodiesel é a movimentação de toda a economia brasileira, com ganhos sociais importantes, como a fixação do homem no campo.O Estado e o País têm grandes oportunidades de expandir a produção de oleaginosas e ingressar definitivamente no bloco de países detentores de tecnologia de biocombustíveis, para contribuir no controle da poluição.Oton ressalta que, para tanto, é primordial investir em capacitação profissional para alavancar o desenvolvimento do Estado em todas as áreas.
Diário da Manhã – GO