Os desafios das lideranças inclusivas no setor mineral
11/03/22
Diversidade de pensamentos, idades, gênero, culturas, etnias, experiências e realidades contribuem para um modelo de negócio mais criativo, diverso, efetivo e inclusivo. Criar uma cultura organizacional realmente acolhedora e inclusiva é uma dos desafios das lideranças das organizações. Neste cenário, os líderes têm papel fundamental em entender e compartilhar sobre a importância da diversidade e inclusão.
Este é o tema do painel “Liderança inclusiva e seus desafios”, agendado para o dia 16/3, quarta-feira, das 10h às 11h, durante a Diversibram – Semana de Diversidade e Inclusão da Mineração do Brasil. A palestra será ministrada por Jaime Caetano de Almeida, professor de programas de MBA USP/Esalq e Diretor de Diversidade da FESA Group. Os interessados devem acessar o site https://ibram.org.br/evento/diversibram/ e fazer sua inscrição.
O diretor da Fesa Group ressalta que empresas com maior diversidade de gênero e etnias alcançam resultados com maior rentabilidade que a média das empresas dos respectivos segmentos. Ele ainda defende que “os líderes precisam praticar no dia a dia, estruturando times diversos, construindo um ambiente aberto a essa diversidade, que receba e inclua todos os colaboradores. Precisam assegurar que todos tenham espaço para expressar suas ideias e proporcionar as mesmas oportunidades de desenvolvimento”, afirma.
Estas mudanças e oportunidades devem ocorrer em todos os níveis hierárquicos da empresa. “Ao incluir essas pessoas em posições de liderança, automaticamente elevamos o nível de consciência de quem está à frente das estratégias das empresas. Possibilita dar sequência às iniciativas de diversidade incluindo grupos sub-representados e com talento para dentro dos times. Prepara o ambiente para que seja realmente inclusivo e faz com que esses novos colaboradores se sintam parte real do time, com voz para expressar seus pensamentos e sejam recebidos com naturalidade por todos os colegas”, analisa o Jaime.
A diversidade e inclusão fazem parte dos compromissos assumidos pelo setor mineral na Agenda ESG da Mineração do Brasil. Uma das metas estabelecidas nas mineradoras é dobrar o número de participação das mulheres no setor mineral até 2030. Empresas com o percentual atual abaixo de 13% devem chegar a 25%; mineradoras com percentual atual entre 13% a 20% devem dobrar esse número; e as organizações que atualmente têm mais de 20% de mulheres no seu quadro de funcionários devem aumentar para 45%.
Para Jaime, um avanço que já ocorreu na mineração do Brasil é a demonstração do potencial de mudanças futuras. “É necessário preparar as lideranças atuais para que estejam sensíveis ao poder da diversidade de gênero e os benefícios que essa pode trazer para as organizações, ao mesmo tempo em que as empresas se beneficiam imediatamente com a contribuição das profissionais experientes, trabalhamos com as mulheres, identificadas como potenciais talentos, para que se desenvolvam na empresa assumindo posições de liderança”, ressalta.
Para finalizar, Jaime reforçou a importância da Diversibram para o mercado. “Eventos como a Diversibram são essenciais para que possamos elevar a importância das discussões e ganhar relevância na representatividade demográfica balanceada nas empresas. Quando empresas tão importantes quanto as que compõem o IBRAM param para fazer reflexões sobre diversidade e inclusão, nos enche de esperanças de um futuro mais justo para todas as pessoas e de empresas mais competitivas no país.”
Sobre a Diversibram
A Diversibram – Semana de Diversidade e Inclusão da Mineração do Brasil é 100% online e gratuita e acontecerá entre os dias 14 e 18 de março. Será um debate franco sobre a equidade, diversidade e inclusão no setor mineral. Além da importância do aumento do número de mulheres na mineração, também serão discutidos os principais desafios e estratégias da atração de talentos, diversidade e inovação, tendências diversidade, equidade e inclusão em 2022, entre outros temas.
Veja a programação completa aqui.
O evento é uma realização do IBRAM, com patrocínio da Anglo American, ArcelorMittal e Mosaic Fertilizantes e apoio da AngloGold Ashanti e Mineração Caraíba. Mais informações e inscrição no site https://ibram.org.br/evento/diversibram/ .
Veja abaixo a entrevista completa do Jaime Caetano de Almeida, diretor da FESA Group
1 – A mudança da cultura organizacional e a implementação de políticas de diversidade e inclusão dependem diretamente das lideranças das empresas. Como essas mudanças podem impactar no sucesso das empresas?
O balanço demográfico nas empresas em alinhamento com a demografia do país proporciona um ambiente mais inclusivo que reflete a realidade do Brasil com maior justiça social. Estudos de diferentes fontes, como os realizados pela Mckinsey, mostram que empresas com maior diversidade de gênero e etnias alcançam resultados com maior rentabilidade do que a média das empresas dos respectivos segmentos.
2 – A mineração ainda é um setor comandado predominantemente por homens. A inclusão das mulheres na mineração evoluiu nos últimos anos, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Acredita que é possível mudar esse cenário em um futuro próximo?
Absolutamente sim. O avanço que já ocorreu é a demonstração do potencial de mudança que temos pela frente. É necessário preparar as lideranças atuais para que estejam sensíveis ao poder da diversidade de gênero e os benefícios que essa pode trazer para as organizações, ao mesmo tempo em que se capacita as mulheres identificadas como potenciais talentos para que se desenvolvam na empresa assumindo posições de liderança.
3 – Como a inclusão de minorias no papel de liderança pode impactar nas políticas de diversidade e inclusão das empresas?
Eu prefiro não usar o termo “minorias”, já que no Brasil temos mais da metade da população formada por mulheres, temos mais da metade da população composta por pessoas negras, mais de 45 milhões de pessoas são portadoras de algum tipo de deficiência, então não são minorias, mas sim grupos sub-representados socialmente e dentro das corporações. Ao incluir pessoas desse grupos para posições de liderança automaticamente elevamos o nível de consciência das pessoas que estão à frente das estratégias das empresas sobre como dar sequência às iniciativas de diversidade; trazendo outras pessoas de grupos sub-representados com talento para dentro dos times e preparando o ambiente para que esse seja realmente inclusivo; e fazendo com que esses novos colaboradores se sintam parte real do time, com voz para expressar seus pensamentos e sejam recebidos com naturalidade por todos os colegas.
4 – Uma pesquisa da PWC Global, realizada em 2020, afirma que 76% das lideranças das organizações dizem que a diversidade e a inclusão são um valor ou prioridade. Entretanto, somente 22% dos funcionários dessas mesmas organizações afirmam estar cientes dos esforços de diversidade e inclusão existentes em suas empresas. Como avalia o papel das lideranças na consolidação da cultura organizacional inclusiva? O que é necessário fazer para que os funcionários tenham essa percepção de que uma gestão inclusiva é primordial para a empresa?
Essa é uma pergunta muito interessante, e de fato muitas empresas apontam ter Diversidade e Inclusão nos seus planos estratégicos de médio e longo prazos, mas pouquíssimas têm D&I impactando o bônus dos executivos. Assim, a afirmação de que a empresa está olhando D&I como valor não é falsa, mas ao mesmo tempo, em nada garante que ações concretas estejam sendo implementadas para mudar a realidade da desigualdade e a falta de diversidade nas empresas. Nos EUA há um termo, tokenism, que define empresas que fazem uso de pequenas iniciativas e contratações de uma ou outra pessoa de grupos sub-representados para anunciar que estão engajadas em aumentar a diversidade e a inclusão, e a sociedade está de olho nessas instituições que tentam enganar a opinião pública.
Os líderes têm papel fundamental em entender e compartilhar sobre a importância da diversidade e inclusão, e mais do que isso, os líderes precisam praticar no dia a dia tanto estruturando times diversos, mas também construindo um ambiente aberto a essa diversidade e recebendo e incluindo todos os colaboradores. Precisam assegurar que todos tenham espaço para expressar suas ideias, que todos tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento, não oportunidades iguais, mas as oportunidades que permitam a existência da equidade no tratamento desigual aos diferentes membros do time, quem precisa mais recebe mais, todos podem crescer.
5 – Como avalia as ações das empresas brasileiro para promoção da diversidade e inclusão em relação ao mercado internacional?
Cada país tem sua realidade e diferentes momentos sobre diversidade e inclusão. Nos EUA por exemplo, a população negra representa 13% do total, mas as conquistas de espaços sociais e nas empresas, apesar de distante do ideal, já estão muito à frente do que alcançamos aqui no Brasil. As batalhas nas empresas estão em outro patamar, buscando espaço em posições de liderança, enquanto aqui ainda estamos buscando levar as pessoas negras para dentro das empresas.
6 – Qual a importância da realização de eventos como a Diversibram, evento online e gratuito, para o mercado?
Eventos como a Diversibram são essenciais para que possamos elevar a importância das discussões e ganhar relevância na representatividade demográfica balanceada nas empresas. Quando empresas tão importantes quanto as que compõem o IBRAM param para fazer reflexões sobre diversidade e inclusão, nos enche de esperanças de um futuro mais justo para todas as pessoas e de empresas mais competitivas no país.