Oferta da Mittal frustra minoritários da Arcelor
26/10/06
Os minoritários da Arcelor Brasil ganharam, mas não levaram. Este é, até agora, o resultado da queda-de-braço que vem sendo travada no mercado desde que a Mittal Steel comprou em junho a Arcelor sem estender a oferta aos acionistas da sua controlada no Brasil. A CVM não aceitou os argumentos de que a oferta da Mittal pela Arcelor na Europa tinha evoluído para uma fusão e exigiu que ela fizesse oferta pública de aquisição de ações (OPA) aos acionistas da empresa brasileira. A Mittal cumpriu a determinação, mas a preços tão distantes da pretensão do mercado que as ações da Arcelor na Bovespa despencaram 7,42% ontem.
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A Mittal Steel, agora Arcelor Mittal, quer pagar 2,1184 euros por ação da companhia, R$ 32,71 ao câmbio de ontem. Se o acionista quiser parte em dinheiro e parte em ações, o preço será o do dia 24 de outubro na Bovespa (R$ 39,50) ou a média da cotação dos últimos cinco dias do período final da oferta.
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A proposta abriu nova frente de guerra entre Mittal e acionistas. Estes esperavam receber entre R$ 47 e R$ 52 pelo papel. O estatuto da Arcelor Brasil garante ao acionista 100% do que for pago ao controlador e na Europa a Mittal pagou prêmio de controle de 82% sobre o valor de bolsa. A Mitttal estimou o valor da controlada brasileira segundo sua participação no fluxo de caixa operacional (Lajida) da Arcelor internacional. Assim ela só teria que desembolsar 2,6 bilhões de euros.
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O vice-presidente da Arcelor Mittal, Aditya Mittal, disse que a oferta é justa e que “as pessoas têm que entender que essa é uma oferta mandatória (exigida pela CVM) e não voluntária”. Vã esperança. Os minoritários da Arcelor Brasil, como Previ, Dynamo, BNDES, Centrus e os fundos estrangeiros, não escondiam ontem seu desagrado e devem recorrer.
Valor Econômico