Novata Peak Gold busca novos ativos
27/02/07
Patrícia Nakamura27/02/2007
Nelson Perez/Valor
O executivo brasileiro Júlio Carvalho vai assumir o comando da Peak Gold
;As jazidas de Amapari, no Amapá, e a The Peak, na Austrália, formarão uma nova empresa de exploração de ouro. A Peak Gold, que deve abrir o capital entre março e abril em Toronto, no Canadá, reúne as duas menores minas que pertenciam à Goldcorp, segunda maior empresa de ouro em valor de mercado.
Há algumas semanas, a canadense Goldcorp vendeu Amapari e The Peak por US$ 240 milhões à GPJ Venture, empresa constituída para operar na Toronto Stock Exchange Ventures – braço da Bolsa de Valores de Toronto dedicado a companhias de pequeno e médio portes. A GPJ mudará seu nome para Peak Gold após o lançamento das ações.
Serão emitidos 370 milhões de papéis, a 75 centavos de dólares canadenses cada um, sendo que o equivalente a 24% do capital da Peak Gold ficará com a Goldcorp. Além das duas minas, a companhia nascerá com caixa de US$ 25 milhões para administrar o dia-a-dia das operações, afirmou ao Valor Júlio Carvalho, que vai deixar a presidência da Goldcorp para Brasil e Chile e assumir o comando da nova empresa. Com a transferência de Amapari, a empresa canadense se retira do mercado brasileiro.
O esboço da Peak Gold começou a ser traçado há pouco mais de um ano, quando a direção da Goldcorp decidiu restringir suas operações em jazidas com capacidade de produção acima de 250 mil onças-troy por ano – o equivalente a 7,8 toneladas. Cada onça equivale a pouco mais de 31 gramas. “Dessa forma, a aquisição de jazidas menores, que possam oferecer maiores riscos aos acionistas mas boas possibilidades de retorno, ficam concentradas na nova companhia.”
Peak e Goldcorp têm um “acordo de cavalheiros” e não devem brigar por aquisições de jazidas, mas ambas devem buscar oportunidades de investimento no continente americano, inclusive no Brasil. A Goldcorp, cujo valor de mercado saltou de US$ 20 milhões para US$ 20 bilhões em apenas quatro anos, possui gigantescas reservas de ouro e cobre espalhadas entre Canadá, Peru, Argentina e Chile.
No primeiro ano de operação, a Peak Gold vai dedicar US$ 3 milhões para pesquisa mineral e desenvolvimento das minas. Nesse período, o objetivo é estabilizar a operação de The Peak e Amapari, hoje em cerca de 150 mil e 100 mil onças, respectivamente. A jazida de Amapari, que já teve como donas a Anglo Gold e a EBX, do empresário brasileiro Eike Batista, tem cinco anos de idade e apenas um de atividade. Já a The Peak até meados da década de 90 era da anglo-australiana Rio Tinto. “O preço elevado do ouro tem justificado a exploração em jazidas menores e com teores reduzidos de minério”, afirmou o executivo.
No ano passado, Amapari foi responsável por faturamento de cerca de US$ 60 milhões, com a venda de o equivalente a 3,1 toneladas de ouro. “Nossa meta é ajustar as operações da mina, com o ajuste de equipamentos, correções dos métodos de operação e melhoria da logística”, disse Carvalho.
Este é o terceiro projeto comandado por Júlio Carvalho desde que ele deixou a Rio Tinto em 2004, onde esteve por trinta e três anos. O executivo foi o responsável no Brasil pelo projeto de produção de níquel Onça-Puma, da canadense Canico. A empresa acabou sendo adquirida pela Vale do Rio Doce em novembro de 2005 por US$ 750 milhões. Ele chegou a ser cogitado para assumir uma diretoria da Vale, mas acabou sendo contratado pela Goldcorp, onde também ocupa assentos nos conselhos de administração de algumas subsidiárias da empresa. Agora, na Peak Gold, vai dividir seu tempo entre Vancouver (sede da empresa), Sidney e o Rio de Janeiro.
Valor Econômico