Novas armas na negociação de preço de minério de ferro
05/12/08
São Paulo, 5 de Dezembro de 2008 – Menor demanda, diversificação do fornecimento e altos volumes de estoques nos portos estão entre as principais cartas que a China deve levar para a mesa de negociações ao discutir com as grandes mineradoras mundiais como Companhia Vale do Rio Doce (Vale), BHP e Rio Tinto, o preço para o minério de ferro válido para 2009. Os chineses têm pressa. Querem definir logo o novo preço, aproveitando o período de baixa demanda de aço e de menores encomendas para o minério para acertar a manutenção dos preços do aço ou até a alguma queda, disseram analistas do país asiático.
A China atualmente está utilizando 70% da capacidade instalada, ante os 90% em junho. Com estoque de cerca de 65 milhões de minério de ferro, o que corresponde a demanda de cerca de 3 meses de consumo, segundo o consultor e pesquisador da Steel Business Briefing na China, Zhu Bingwei, a China passou a comprar menos minério da Vale e as exportações brasileiras de minério de ferro caíram 20% em relação a igual período do ano passado no mês de outubro. “A China buscou novos fornecedores para reduzir o monopólio das grandes mineradoras, e passou a comprar mais da Índia, Rússia e de pequenas mineradoras asiáticas”, disse o consultor.
Bingwei acrescentou que os preços do aço têm apresentado quedas significativas de julho para cá, enquanto o custo dos insumos tiveram reajustes significativos, ao longo de 2008. O preço do laminado a quente do aço chinês exportado para a Europa caiu 22,1% em quatro semanas até 24 de novembro, para US$ 475 por tonelada, enquanto o laminado a frio teve queda de 25,7% no mesmo período, para US$ 612 a tonelada.
Acordo
No entanto, de acordo com a Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), Paul Liu, afirmou que nas últimas duas semanas o preço dos produtos siderúrgicos já começaram a subir – ou pelo menos deixaram de cair -, com a expectativa de que o pacote de estímulo à economia chinesa, de US$ 585 bilhões para os próximos dois anos garantirá o consumo de aço. Bingwei traçou três cenários para o próximo ano, no mais pessimista, o crescimento do consumo será zero e no mais otimista será de 8,7%.
Exportações para o Brasil
Mas as siderúrgicas chinesas também estão de olho no mercado externo, principalmente em mercados menos impactados pela crise financeira, como o Sudeste Asiático e o Brasil. Neste ano, as compras internacionais de produtos siderúrgicos chineses atingiram volume recorde de 723 milhões de toneladas até outubro, o que corresponde a uma alta de 72% no ano, informou Zhu Bingwei. O volume é mais de cinco vezes o total importado em 2006, de 130 mil toneladas.
Apesar do crescimento exponencial, o País ainda representa pouco do volume total vendido pela China no mercado internacional,de 53,3 milhões de toneladas até outubro, já que toda a América Central e do Sul respondem por apenas 5% do total exportado pela China. “Os preços chineses são muito competitivos no mercado brasileiro”, afirmou.
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 8)(Luciana Collet)
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