Mudança no mercado
16/06/08
Marta VieiraDo estado de minas
Nem só bons salários representam a luz no fim do túnel em pleno apagão de mão-de-obra que as empresas enfrentam atrás de profissionais qualificados para garantir planos de expansão, seja na construção civil, na indústria ou no setor de prestação de serviços. Aquele desejado curso de pós-graduação, adiado em função de um orçamento de R$ 30 mil, ou uma segunda graduação que reforça o currículo estão batendo à porta dos candidatos mais disputados, sem descartar quem ainda não teve a oportunidade de adquirir vasta experiência.Se o novo emprego exigir mudança de endereço, o patrão também se compromete a arcar com todo o custo de recolocação no mercado de trabalho do marido ou da mulher do empregado. Quando a função torna-se estratégica no negócio, a empresa flexibiliza, inclusive, a carga horária e concede, na hora da admissão, uma semana a mais de folga além das férias legais. Não há limite para benefícios. Os profissionais é que estão ditando as regras da contratação.lista. Basta que eles estejam listados entre os mais procurados e difíceis de ser encontrados por médias e grandes empresas. A vez, este ano, entre os trabalhadores de nível superior, é de engenheiros civis, mecânicos, eletricistas, engenheiros de minas e de segurança, geólogos, analistas contábeis e de controladoria, auditores, entre outras profissões nos setores de infra-estrutura. Essas funções puxaram o ranking das vagas mais ofertadas nos grupos Catho e Selpe, especializados na seleção de mão-de-obra.Para o economista Fulvius Alexandre Tomelin, que trocou uma pequena empresa familiar onde coordenava projetos de implantação de sistemas de computador pela área de relações com investidores da AleSat Combustíveis em Belo Horizonte, os profissionais com bom currículo vivem o melhor momento para trabalhar. `A oportunidade surgiu mais rápido do que eu esperava, num mercado muito ativo`, afirma. Além do salário e das gratificações a título de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) que a AleSat ofereceu, pesou na decisão de Fulvius, de 28 anos, a possibilidade de fazer cursos pagos pela empresa de qualificação em contabilidade e mercado de ações. Em nove meses, ele já freqüentou, pelo menos, cinco deles.A oferta de condições de trabalho mais favoráveis leva os candidatos a enfrentarem duros programas de seleção até mesmo sem a garantia da contratação, mas com 100% de chances de chegar lá. Na semana passada, os engenheiros Alexandre Zamproni, de 29 anos, Erick Santos, de 31, e Bruna Lopes, de 23, assistiram na PUC Minas as primeiras aulas do curso de pós-graduação em Engenharia Ferroviária totalmente bancado pela Vale, que abriu 330 vagas no Brasil para profissionais interessados em se especializar nas atividades de ferrovia, mineração e operações portuárias. Cerca de 17 mil candidatos se inscreveram, representando, em média, 51 candidatos por vaga. Serão 430 horas/aula durante três meses, em que os alunos terão bolsa de R$ 3 mil mensais, fora o material didático básico do curso. A mineradora precisará contratar 1,5 mil engenheiros e 400 geólogos nos próximos cinco anos.Não foi por outro motivo que o grupo Arcelor Mital, maior conglomerado siderúrgico do mundo, fez em abril o seu mais concorrido programa de contratação de jovens, admitindo 200 profissionais formados nos últimos dois anos. Eles foram selecionados entre 18 mil inscritos, com salário inicial de R$ 3,2 mil, além de benefícios. Metade dos trainees ficará um ano no Brasil em treinamento até a transferência para as fábricas da siderúrgica nos Estados Unidos, Europa e na África do Sul. O conglomerado prevê a contratação de 300 engenheiros no mundo.
Jornal do Commércio – RJ