MRS Logística atinge lucro recorde de R$ 541 milhões
08/02/07
Ivo Ribeiro08/02/2007
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Alguns contratempos, como o acidente no alto-forno da CSN, que reduziu o consumo de minério de ferro na siderúrgica, impediram que a MRS Logística transportasse um volume de cargas acima de 120 milhões de toneladas em 2006, como previa no início do ano. Fez 113,3 milhões de toneladas. Mas não foram suficientes para impedir que a concessionária da ferrovia de 1,7 mil km em Minas, Rio e São Paulo atingisse outro lucro anual recorde – R$ 541 milhões, aumento de 32% ao que obteve em 2005.
Controlada por CSN, Usiminas, Gerdau e MBR (controlada da Vale do Rio Doce), a MRS tem cerca de 80% de sua carga concentrada no transporte de minério de ferro, aço e carvão. O restante é composto por grãos, fertilizantes, cimento, areia, celulose, bauxita e contêineres.
O faturamento bruto da ferrovia alcançou 2,27 bilhões, com aumento de 14% sobre os R$ 1,99 bilhão de 2005. “Já somos uma empresa com receita acima de US$ 1 bilhão”, afirmou Júlio Fontana Neto, presidente da concessionária desde 1999. Na época, as receitas da MRS oscilavam entre R$ 450 milhões e R$ 500 milhões e a concessionária amargava prejuízos por conta dos pesados custos financeiros de uma dívida contraída em dólar decorrentes da desvalorização cambial.
O executivo disse que o acidente na CSN mais o atraso de exportação de minério de ferro da siderúrgica, aliado à redução de transporte de grãos de ALL-Brasil Ferrovias em seu trecho levou à uma perda de carga da ordem de 10 milhões de toneladas no ano. “Fizemos esforços em outras frentes de atuação, como fertilizantes, transporte próprio de grãos e transporte de areia”, afirmou Fontana.
Por conta da forte exportação de minério de ferro, principalmente da Vale do Rio Doce e sua controlada MBR, o transporte desse produto cresceu quase 10%. As cargas de aço subiram 12%. Neste ano, segundo Fontana, a ferrovia será compensada com a volta da normalidade de carga de minério para usina da CSN desde julho e com o transporte do produto oriundo da mina Casa de Pedra destinado ao porto de Itaguaí para o programa de exportação. “Já estamos fazendo carregamentos para o porto e a previsão é de um volume de 8 milhões de toneladas no ano”.
Com isso, e perspectivas de elevação no transporte de mais cargas gerais, em especial do agronegócios, a meta para 2007 é de 130 milhões de toneladas, informou o executivo.
Braço da região Sudeste da antiga RFFSA privatizado a dez anos, a MRS é a mais lucrativa das ex-malhas operadas pelo governo. O resultado operacional (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – lajida) cresceu 28% no passado ao atingir R$ 1,003 bilhão. A margem lajida foi de 51%, índice pouco alcançado pela maioria das empresas.
A empresa encerrou o ano com caixa de R$ 324 milhões e com endividamento líquido de R$ 270 milhões. A relação dívida líquida/lajida ferrovia fechou o ano em 0,27.
Fontana atribui a ganhos de produtividade e redução de custos o que considera “um excelente resultado financeiro, acima das expectativas traçadas no planejamento feito no fim de 2005 para o exercício de 2006”. Em tonelagem útil (TU), a MRS obteve ganho de 4,6%, mas em tonelada por km útil (TKU), o índice foi quase o dobro – 8,2%. “Com os investimentos na via permanente e em novas locomotivas, conseguimos reduzir o ciclo dos trens, bem como os custos de manutenção e de equipamentos.”
Os investimentos previstos para este, dentro do ambicioso programa de expansão para chegar a 180 milhões de toneladas até 2010, devem superar os R$ 494 milhões do ano passado. Os recursos serão alocados na compra de mais 20 locomotivas novas (US$ 2 milhões cada uma), no projeto de sinalização da ferrovia, na compra de mais 400 vagões e em obras na malha, que incluem duplicação de trechos para maior mobilidade dos trens.
Além disso, a MRS espera iniciar ainda este ano as obras de 23 km da correia transportadora na serra de Santos, até o pátio da Cosipa, e do ferroanel de São Paulo (63 km), que depende da aprovação do governo federal. “Com a inclusão do projeto no PAC acreditamos que agora a obra vai em frente”, disse.
Valor Econômico