Minério deve ter alta de 10% em 2007
10/11/06
Do Rio 10/11/2006
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As negociações de preço do minério de ferro para 2007 devem começar na semana de 20 de novembro e já apontam para uma novo aumento do seu preço de 5% a 10% por conta de um cenário de demanda forte e oferta apertada até 2010, conforme avaliam analistas do Credit Suisse e da Merrill Lynch. Se isso ocorrer, será a quinta alta consecutiva, que acumula desde 2002 uma alta de 164%.
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Para o diretor de ferrosos da Vale, José Carlos Martins, que acaba de perder seu principal assessor nas negociações às vésperas das rodadas preliminares, “os entendimentos entre mineradoras e siderúrgicas vão depender da realidade do mercado, que continua com demanda forte por minério, ante oferta apertada”. Nélson Silva, diretor comercial da Vale, pediu demissão e deixa a companhia.
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Silva, que dos 17 anos que passou na empresa, durante quatro atuou nos bastidores como negociador de preços, terá sua vaga ocupada por alguém da própria empresa, disse Martins ao Valor. Ele pretende definir um novo “comandante” para o cargo antes que as rodadas se iniciem.
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Silva confirmou que está deixando a Vale por vontade própria, pois tem planos de mudar de função. Decidiu fazer isso antes de iniciar as negociações com as usinas de aço, caso contrário ficaria difícil sair num momento tão delicado. “Agora quero ficar quietinho uns dois meses”, afirmou.
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Por enquanto, não sabe o que vai fazer, mas espera que daqui a quatro meses já esteja trabalhando de novo “em algum lugar”. Fontes da MMX, concorrente da Vale, não confirmaram a informação de que Silva havia sido chamado para trabalhar na nova empresa.
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Martins espera que este ano os acertos entre siderúrgicas e mineradoras não durem sete meses, como ocorreu neste ano, quando as houve um confronto com as usinas de aço chinesas. Ele recorda que os chineses já sentaram na mesa de negociação com a certeza de que o preço do minério ia cair. “A pré-condição para uma negociação ser bem sucedida é uma correta avaliação do mercado e acho que eles, agora, estarão melhor preparados. Adquiriram mais experiência”.
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O diretor atribui também a demora dos chineses a uma questão cultural. Ele acredita que eles têm um timing muito próprio, mas agora começam a entender que este é um processo mais dinâmico e que “não dá para convocar uma assembléia do partido para ver como vai fechar o negócio”, afirmou.
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O presidente de ferrosos da Rio Tinto, Sam Walsh, reforça o cenário desenhado por Martins, de uma demanda global muito forte por minério de ferro. O que, segundo ele, poderá ajudar a ter um aumento para os preços pelo quinto ano seguido. Ele admite que as mineradoras estão com dificuldade para elevar a produção para atender a demanda, principalmente da China. “Quando o mercado está apertado e a demanda passa a oferta espera-se alta dos preços”.
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Roger Downey, analista do Credit Suisse que esteve recentemente na China, acha que os chineses estão mais conciliadores e reconhecendo a força do mercado e vendo que é inevitável um novo aumento do preço do minério. Ele acredita, por tudo que viu e ouvir, que ” na próxima negociação os chineses serão mais suaves”. Para Downey, o processo de entendimento entre as partes deve correr mais rápido no ano que vem, e os chineses “não vão dar murro em ponta de faca”, pois a demanda está muito forte. Segundo informou, a China Iron Steel Association (CISA) trabalha com um aumento de produção de aço na China de 13,2% ao ano até 2010. “Este percentual é bem cima do consenso de mercado e da nossa previsão. Nós projetávamos um aumento de 8% ao ano da produção de aço chinesa até 2010”, disse.
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Fábio Barbosa, diretor executivo de finanças da Vale, disse que a empresa está fazendo grande esforço para ampliar sua oferta a 300 milhões de toneladas em 2007, contra 265 milhões este ano. “Se imaginar que a China vai crescer sua produção de aço em 13,2% ao ano, ou 50 milhões de toneladas, ela vai precisar de 80 milhões de toneladas de minério de ferro anualmente a mais para ter essa produção adicional de aço, além do que já consome”, estimou. Boa parte disso deverá ser importada, afirmou.
Valor Econômico