Minério de ferro passa dos US$ 100, puxado por China
12/09/12
Os preços do minério de ferro se recuperaram e passaram da marca de US$ 100 por tonelada pela primeira vez em três semanas, influenciados pelo otimismo em torno ao programa de estímulo fiscal da China, que desencadeou uma onda de compras.
O minério de ferro é ingrediente fundamental para a siderurgia e o preço referencial vinha recuando desde abril, abalado pelo baixo crescimento da demanda na China. O produto é essencial para os resultados das principais mineradoras mundiais, como BHP Billiton, Rio Tinto e Vale.
Ontem, o preço do minério de ferro referencial entregue na China, com teor de 62% de ferro, subiu para US$ 101,75 por tonelada, acumulando alta de 13% desde o início da semana, após o anúncio dos planos de Pequim para investir US$ 158 bilhões em estradas, ferrovias e instalações de tratamento de água.
A commodity também foi impulsionada pelo anúncio de que haverá uma suspensão temporária da produção mineradora no Estado indiano de Goa, principal exportador de minério de ferro da Índia e segundo maior produtor do país – com produção anual de 50 milhões de toneladas.
O anúncio chegou poucos dias depois de uma comissão judiciária expor fraude no setor de mineração, com “sérias ilegalidades” na concessão de licenças, o mais recente em uma série de escândalos na área que atingiu o país.
Apesar da recuperação nos preços do minério de ferro e outros metais básicos estimulada pela esperança de impulso à demanda chinesa, analistas continuam cautelosos, já que os projetos de infraestrutura serão levados adiante ao longo de vários anos.
No curto prazo, acredita-se que as usinas siderúrgicas da China continuarão a usar o minério de ferro de seus estoques, com o que a demanda por aço deverá continuar relativamente fraca.
Embora as importações de minério de ferro pela China em agosto tenham sido altas, de 62,5 milhões de toneladas, 5,7% a mais do que no mesmo mês do ano passado, analistas preveem declínio em setembro.
Walter de Wet, do Standard Bank, disse que na esfera monetária, há sinais cada vez maiores de que os “estímulos estão ocorrendo”. Mas os efeitos do afrouxamento monetário parecem ser significativamente menores do que em 2009, acrescentou.
O volume de novos créditos em agosto somou 703,9 bilhões de yuans (US$ 111,02 bilhões), em comparação às previsões, de 600 bilhões de yuans. Embora o número seja superior ao mesmo mês de 2011 em 16% e ao de 2010 em 5%, é 34% inferior ao verificado em agosto de 2009.
“Embora a disponibilidade de crédito esteja melhorando, não se deveria esperar o mesmo impacto que vimos há três anos”, afirmou o analista do Standard Bank.
Os números da produção de eletricidade na China em agosto refletiram a desaceleração da atividade econômica e mostraram crescimento de apenas 2,6% em relação ao mesmo mês de 2011 e de 0,5% em comparação a julho deste ano.
Nos primeiros oito meses deste ano, houve crescimento na produção de 11,2%, enquanto a geração de eletricidade aumentou apenas 3,4%.
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Valor Econômico