Mineradora investe R$ 180 milhões em projeto de exploração de potássio no Amazonas
21/01/15
A primeira mina de produção de potássio no Amazonas deve produzir anualmente cerca de dois milhões de toneladas do produto
A mineradora Potássio do Brasil Ltda. (PB) deve entregar ao Ipaam, até o próximo mês, o relatório que reúne os estudos ambientais, econômicos e operacionais desenvolvidos no município de Autazes (distante 108 km de Manaus), área onde será instalada uma mina subterrânea e uma usina destinadas a processar o potássio, a ser extraído de uma mega reserva, que se estende entre os Estados do Amazonas e Pará. Até o final do primeiro semestre a empresa espera obter os licenciamentos ambiental e de operação de lavra. A previsão para o início das extrações é em 2018. O investimento no projeto é de mais de R$180 milhões.
A primeira mina de produção de potássio no Amazonas deve produzir anualmente cerca de dois milhões de toneladas do produto, com condições de atendimento entre 20% e 25% do total do potássio consumido no País. Atualmente, o Brasil importa 92% do potássio utilizado. A matéria-prima é adquirida a partir de países como Rússia, Canadá, Alemanha e Israel, que são os principais produtores do cloreto. De acordo com o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), em 2014 o Brasil importou 9,041 milhões de toneladas de cloreto de potássio, o equivalente a US$ 2,8 bilhões.
O diretor de exploração da Potássio do Brasil, José Fanton, informa que em 2014 a empresa entregou o relatório final de pesquisas ao DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) e aguarda, até o final do primeiro semestre, a autorização para a lavra da mina em Autazes. Ele explica que os trabalhos seguem as datas previstas conforme o cronograma de trabalho e que a mineradora está na fase de desenvolvimento de pesquisas e estudos que serão encaminhados ao Ipaam por meio de um relatório. ?Não descartamos a possibilidade de o relatório ser entregue ainda neste mês. Os estudos se concentram no estabelecimento da rota de processos que separam o cloreto de potássio, o cloreto de sódio e as impurezas. Os testes otimizam a separação desses elementos?, conta. ?Nesses estudos também constam questões pertinentes à engenharia utilizada no processo de extração e aos estudos geomecânicos sobre a resistência das rochas. As pesquisas foram feitas dentro das melhores técnicas industriais?, complementa.
Fanton comenta que o funcionamento da mineração terá como base um projeto de lavra subterrânea, com extração de minérios por meio de dois poços com elevadores, um destinado aos colaboradores operacionais e outro, separado à produção e aos equipamentos, semelhante à mina de Taquari-Vassouras, em Sergipe.
Fanton explica que a empresa desenvolve estudos em boa parte da bacia sedimentar do Amazonas, ao longo de mais de 300 quilômetros, além dos trabalhos em Autazes, Itacoatiara e Itapiranga. ?O trabalho prossegue. Executamos sondagens nas porções mais promissoras. Já efetuamos mais de 40 furos, mas a maioria deles, em Autazes?.
De acordo com o secretário da Secretaria Estadual de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos (SEMGRH), Daniel Nava, a reserva localizada em Autazes concentra cerca de 700 milhões de toneladas de potássio com teores que variam entre 20% a 40% de óxido de potássio. Ele explica que os valores minerais encontrados na mina estão a uma profundidade de 650 metros.
O secretário conta que o relatório a ser apresentado ao governo do Estado deve relatar os detalhes de todos os processos de extração, que envolvem os trabalhos de engenharia. A partir da aprovação do documento a empresa receberá as licenças prévia, seguida da de instalação e por último a de operação. ?Após a entrega desses estudos o governo do Estado fará audiências públicas, por meio do órgão ambiental, para posteriormente iniciarem as atividades operacionais da mina. Se tudo ocorrer conforme o planejado pela empresa, a primeira tonelada será produzida no primeiro semestre de 2018?, adianta.
Nava destaca que por conta da profundidade, o processo operacional a ser implementado na reserva é extremamente delicado quanto à engenharia, às condições de segurança e operacionais. ?Estamos em uma região muito úmida e é necessário que haja um controle de umidade porque o sal de potássio não combina com a água porque dissolve?, explica.
Segundo o secretário, o Brasil precisa de quatro minas que tenham o mesmo porte e capacidade produtiva para poder se tornar autossuficiente na produção de potássio e até mesmo exportar para outros países. ?O Amazonas vem se consagrando como um Estado que mantém reservas, que após delimitadas, podem gerar uma quantidade de potássio capaz de atender ao país e até mesmo de exportar?, conclui.
Furos
Em Autazes já foram obtidos seis furos positivos. Na região do Uatumã foram efetuados cinco furos, sendo dois positivos, onde um está localizado no município de Itapiranga (margem direita) e outro de margem esquerda, no município de São Sebastião do Uatumã. Em Itapiranga, os furos têm distância média em torno de 3,5 e 4 quilômetros. A distância entre os furos situados às margens opostas do Rio Uatumã é de aproximadamente 5 quilômetros.
Os furos em Autazes têm distância média em torno de 2,5 quilômetros. Em média, um furo leva cerca de dois meses em Autazes e entre dois meses e meio a três meses na região do Uatumã, onde os horizontes salinos estão mais profundos. Entretanto, esse tempo pode variar substancialmente quando ocorrem problemas operacionais comuns às perfurações profundas, em camadas de sedimentos inconsolados e, muitas vezes, portadores de aquíferos.
A espessura média da camada de silvinita encontrada no depósito de Autazes é de 2,5 metros, chegando a 4 metros com profundidade de 800 metros.
Jornal do Commercio