Mineração investe mais R$ 2,7 bi no estado
24/04/07
A britânica Anglo American, terceira maior mineradora do mundo, líder mundial na produção de ouro, platina e diamante e uma das controladoras da AngloGold, dona da Mineração Morro Velho, vai investir R$ 2,7 bilhões (US$ 1,15 bilhão) em minério de ferro no estado. O investimento será realizado com a aquisição de 49% de participação na brasileira MMX Sistema Minas-Rio, do empresário Eike Batista, em negócio anunciado ontem pelas duas empresas. A MMX está investindo cerca de R$ 4,8 bilhões (US$ 2,35 bilhões) no sistema Minas-Rio, formado por uma mina de minério de ferro em Conceição do Mato Dentro, Região Central do estado, e uma usina de pelotização no Porto de Açu, Norte do Rio de Janeiro. Em Conceição, o minério será transformado em polpa e transportado até o porto fluminense por um mineroduto de 550 quilômetros de extensão. Já no porto, será pelotizado e vendido no mercado externo. A expectativa da empresa é que todo o sistema esteja em operação até o final de 2009. Eike Batista vinha procurando um sócio para o Sistema Minas-Rio desde o ano passado. No negócio, a Anglo American vai pagar US$ 704 milhões à vista. O restante será quitado com a subscrição de novas ações. As duas empresas também iniciarão estudos para avaliar a possibilidade de duplicação da mina e do mineroduto. Se o negócio for viável, a Anglo American aplicará mais US$ 600 milhões na MMX, elevando sua participação para 50%. A mina terá capacidade de produção inicial de 26,5 milhões de toneladas. ?Nós sempre tivemos uma grande confiança de que o sistema Minas-Rio é um dos melhores projetos de minério de ferro em fase de desenvolvimento no mundo. O acordo celebrado com a Anglo American confirma esse nosso entendimento”, afirmou Eike Batista em comunicado. ?O minério de ferro é de suma importância para a estratégia futura de crescimento da Anglo American e estou muito satisfeita em ter negociado essa parceria com a MMX?, disse Cynthia Carroll, diretora-presidente da Anglo American, também em nota. CORRIDA O negócio anunciado ontem é mais uma etapa da corrida do minério de ferro, cuja demanda está em alta no mundo, puxada principalmente pelo crescimento da China. Maior mineradora do país, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), por exemplo, finalizou no ano passado investimentos de cerca de US$ 1,1 bilhão na mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, também na Região Central, com capacidade anual de 30 milhões de toneladas. Para 2007, a empresa prevê valores semelhantes. Ao todo, estão previstos investimentos de aproximadamente US$ 6 bilhões em minério de ferro no estado em médio prazo. No ano passado, dos US$ 15,6 bilhões exportados por Minas, US$ 3,3 bilhões vieram do produto. A entrada da Anglo American na MMX marca a estréia da empresa em minério de ferro no Brasil. No país, a Anglo opera na extração de níquel, nióbio e fosfatados. O aporte de US$ 1,15 bilhão na MMX mostra que a empresa decidiu entrar definitivamente no setor, concorrendo com a própria Vale. ?O setor de mineração está em franco processo de concentração em todo o mundo. A associação entre Anglo e MMX é apenas mais um passo neste sentido?, diz Paulo Camillo Penna, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Segundo Penna, estão previstos investimentos de US$ 28 bilhões em mineração no Brasil durante os próximos cinco anos. O mineroduto da MMX está em fase de audiências públicas e análise por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O relatório de impacto ambiental produzido pela empresa admite ser ?inevitável? a retirada de matas no itinerário do mineroduto, que atravesserá mais de duas dezenas de municípios mineiros, onde estão parques naturais federais, estaduais e municipais, além de áreas de proteção ambiental. Em troca, a MMX propõe destinar cerca de R$ 8 milhões para projetos ambientais.
Estado de Minas