Minas lidera investimentos chineses
27/07/10
Empresários estão mais interessados em mineração, energia e siderurgia
;
Depois de anos de investimentos tímidos no Brasil, a China está jogando pesado: até o final de 2010, os chineses devem trazer ao país US$ 14,8 bilhões. Desse total, quase metade ficará em Minas Gerais. Pelo menos 42% (R$ 6,2 bilhões) estão certos. Em março deste ano, a chinesa ECE comprou a Itaminas, em Sarzedo, por US$ 1,2 bilhão, com reservas estimadas em 1,3 bilhão de toneladas de minério de ferro. Também na área da mineração, a Wisco está negociando com a Passagem Mineração S/A (Pamin) um investimento de US$ 5 bilhões, em Mariana.
;
Além disso, o Estado também ficará com parte do US$ 1,7 bilhão que a Grid Corporation of China está aplicando na área de transmissão de energia no país.
;
As aquisições fazem parte de estratégias da China de suprir a demanda por matéria-prima. O país, que compra muito minério de ferro, fica refém de preços elevados cobrados no mercado internacional.
;
Líder. Com base em investimentos já anunciados pelas empresas chinesas, o gigante asiático chegará ao fim do ano na condição de maior investidor estrangeiro no país. E, de acordo com o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Gonçalves, certamente vai liderar os investimentos estrangeiros em Minas também. “Temos grandes valores anunciados, como o da ArcelorMittal, mas nada que se compare aos da China”, destaca Gonçalves. Este ano, a Arcelor anunciou investimento de US$ 1 bilhão na duplicação da usina de aços longos em João Monlevade, Vale do Aço.
;
Na avaliação de Gonçalves, o grande interesse da China é a infraestrutura. E Minas Gerais têm o que eles buscam. “Se eles continuarem investindo em minério e aço, com certeza Minas vai continuar no foco”, afirma Gonçalves. Também há rumores de que um grupo chinês estaria interessado em comprar uma mina nas proximidades de Serra Azul, Norte de Minas.
;
Recursos naturais. Além das perspectivas positivas de crescimento da economia brasileira nos próximos anos, os especialistas atribuem o grande aporte de recursos a outros motivos.
;
“Claramente há intenção do governo chinês de sinalizar aos empresários que fazer negócios com o Brasil é estratégico, principalmente levando em conta a Copa do Mundo e as Olimpíadas”, disse o diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, Kevin Tang.
;
As atenções dos investidores estão voltadas para os recursos naturais encontrados no país, garantindo, além de lucro, o fornecimento de bens essenciais para a manutenção do expressivo crescimento chinês. Os setores petrolífero, de mineração, de siderurgia e de transmissão de energia são os mais visados.
;
Em 2010, Brasil deve receber da China 18.000% a mais
Os investimentos já anunciados por empresas chinesas no Brasil somam US$ 14,83 bilhões: um crescimento de quase de 18.000% em relação ao investido no ano passado – parcos US$ 82 milhões, segundo dados do Banco Central. De 2001 a 2009 foram pouco mais de US$ 215 milhões.
;
“Depois de a China ter sofrido com a retração dos mercados americanos e europeus, sobrou a América Latina, que ainda não havia sido tão explorada pela distância. Como o Brasil passou relativamente bem pela crise, acabou sendo alvo dos chineses”, afirma o presidente honorário da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico e diretor da Fortune Consulting, Paul Liu.
De Fato