Minas garante 94% do saldo da balança comercial brasileira
28/04/09
Janaína OliveiraRepórter Minas Gerais foi o responsável por 94% do saldo da balança comercial do país nos três primeiros meses deste ano. No período, o Estado obteve resultado positivo de US$ 2,846 bilhões, ante US$ 3,12 bilhões nacional. E, enquanto o Brasil viu suas vendas despencarem 19,4%, os mineiros registram queda de 5,3% nas exportações. Em contrapartida, a pauta está cada vez mais limitada.?Levamos um susto ao ver os dados. Logo nós, que comemoramos quando o Estado chegou a 20%, 25% do saldo do país?, comentou a presidente do Conselho de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Martha Lassance.No trimestre, Minas ainda alcançou 13,9% das exportações nacionais. O patamar anterior, segundo Martha, oscilava entre 10% e 11%.A má notícia é que as vendas mineiras ao exterior concentram-se em produtos básicos. O comércio de minério, por exemplo, que cresceu 49% no trimestre, na comparação com os três primeiros meses de 2008, corresponde a 40% das vendas do Estado. Somando o minério à soja e ao café, o cálculo sobe para 60%.?É a volta ao Brasil colonial?, critica Lassance, ressaltando que, no mesmo período do ano passado, os básicos correspondiam a 46,2% das vendas. Também lembrou-lhe o passado o desempenho da comercialização do açúcar, muito vendido naqueles tempos. ?A exportação brasileira do produto aumentou 10% no primeiro trimestre de 2009. E 50% da produção estão nas mãos de Minas?, frisa, acrescentando que o açúcar é um produto industrializado, embora com pouca tecnologia embutida.Por outro lado, a participação na pauta mineira dos manufaturados e dos semifaturados, que possuem maior valor agregado, caíram de 27,7% para 20,3% e de 25,9% para 18,8%, respectivamente. ?Isso é muito preocupante, uma vez que a maior parte dos empregos e os melhores salários estão nestes setores?, observa.Porém, Lassance e o economista da Fiemg Alexandre Brito apostam que a turbulência econômica mais forte já passou. ?A queda das vendas dos produtos com maior valor agregado tem a ver com a crise. Temos que esperar para ver que caminho ela vai tomar e como os países vão sair dessa, mas acredito em uma reversão?, diz Brito.O abalo econômico também alterou os destinos dos produtos mineiros. Os Estados Unidos, que já chegaram a ser o maior comprador do Estado, apresentaram recuo de 44,6% nas transações. Ainda na comparação de um trimestre com o outro, os argentinos reduziram suas compras em 47%.?Tínhamos mais de 20% do comércio internacional com o Nafta. Hoje, ficamos com menos de 9%. As vendas para o Mercosul, outro bloco que costumava comprar produtos mais industrializados, também estão em baixa?, observa Martha.A China segue como o grande ?consumista? de produtos mineiros. ?O problema é que os chineses compram mais mercadorias básicas. Até a soja, que era vendida em farelo, agora eles está sendo requisitada na forma bruta?, pontua. Já nas importações, Brasil e Minas equivaleram-se, com recuo de 21%.
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