Metais raros em alta
05/09/11
O avanço da ciência e da tecnologia possibilitou a descoberta de novas matérias-primas para produção do mundo novo concentrado na eletrônica e numa gama variada de engenhos industriais, compreendendo de iPads a caças militares. Tudo isso, impulsionado por minerais raros já tornados estratégicos nos Estados Unidos da América e na China.
Terras raras, na linguagem científica, estão sendo denominados 17 elementos químicos, bem parecidos, usados em computadores, celulares, superimãs, telas de tablets, painéis solares e em processos de produção de gasolina. A maioria deles é radioativa e de extração complexa. Mas sua exploração econômica se tornou essencial porque eles estão sendo considerados como o ouro do século XXI.
Minerais nobres, eles se tornaram matérias-primas imprescindíveis à indústria de tecnologia de ponta e, igualmente, para os governos dos países desenvolvidos, engajados em programas armamentistas. As terras raras são representadas pelo lantânio, disprósio, térbio, neodímio, cério, hólmio, érbio, samário, európio, escândio, itérbio, lutécio, túlio, promécio e cadolíneo. Seu emprego se processa em lentes fotográficas e telescópicas, carros elétricos, mísseis teleguiados, motores de avião e na miniaturização de smartphones e de tablets.
Os chineses detêm o monopólio desses minérios, com cerca de dois terços das reservas conhecidas em suas terras. Ademais, eles são proprietários de grande parte das minas situadas em outros países e exportam 97% das terras raras. Como sinal da relevância dessa riqueza mineral, os chineses nacionalizaram 11 minas existentes no seu país e limitaram as exportações em 30 toneladas por ano. Assim, elevaram em 1.000% a cotação dos preços dos minérios e desencadearam uma corrida por fontes alternativas existentes em outros países.
Nessa conjuntura economicamente rica, o Brasil desponta numa situação privilegiada, embora tenha apenas 30% de seu território mapeado. Nem por isso, seu potencial é desconhecido. Estimativas elaboradas pela Agência Norte-Americana de Serviços Geológicos (USGS)calculam as reservas brasileiras em 3,5 bilhões de toneladas de terras raras, ou 52,6 milhões de toneladas de metal, especialmente o nióbio.
O tântalo, outro mineral nobre, utilizado para aumentar a bateria dos telefones celulares, concentra no Brasil 14% da produção mundial, dispondo de 50% das reservas conhecidas. As pesquisas independentes, realizadas por mineradoras nacionais, descobriram inúmeras jazidas em cidades do Amazonas e de Roraima, de modo especial, na reserva indígena Raposa do Sol. Ante o resultado, algumas empresas já se dispõem a explorar essas riquezas que se tornaram economicamente viáveis.
A indústria da microeletrônica se fundamenta na exploração desses insumos. As riquezas brasileiras nesse campo são fartamente conhecidas por organismos internacionais, enquanto o governo, detentor das jazidas, não demonstra dispor do domínio de um patrimônio essencial ao avanço da ciência e da tecnologia. O País precisa identificar seu manancial e, ao mesmo tempo, fincar as condições para sua exploração.
Diário do Nordeste