Mesmo com queda no preço do minério, setor apresenta ótimos resultados de janeiro a agosto
06/10/21
Faturamento e recolhimento de tributos cresceram 112%, na comparação com janeiro-agosto de 2020. E participação do saldo comercial mineral no saldo da balança comercial passou de 49% para 69%.
As exportações de minérios registraram aumento expressivo de 94% de janeiro a agosto de 2021. E isso foi decisivo para elevar a participação do saldo mineral no saldo da balança comercial de 49% para 69%, na comparação com janeiro-agosto de 2020 (jan-ago 2020). O setor mineral expandiu para US$ 41 bilhões o valor projetado para ser investido até 2025, sendo 47% desse total já em execução.
Na avaliação do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), a redução no preço do minério de ferro, principal item da produção e da exportação mineral, não abalou os resultados do setor. A demanda global por commodities minerais deve continuar em expansão, ou pelo menos estável. Assim, a produção deverá se manter crescente, contribuindo para a recuperação da economia.
O IBRAM divulgou nesta 4ª feira (6/10) os números mais recentes do setor mineral na Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (EXPOSIBRAM), um dos mais relevantes eventos setoriais da América Latina, que será realizado até amanhã, 7/10, 100% virtual. As inscrições são gratuitas.
Produção mineral – Segundo o IBRAM, de janeiro a agosto a produção cresceu 9% em toneladas, na comparação com jan-ago 2020, passando de 760 milhões de toneladas para cerca de 830 milhões de toneladas – esse volume é uma estimativa, com base na produção dos seguintes minerais: agregados construção, minério de ferro, bauxita, fosfato, manganês, alumínio primário, potássio concentrado, cobre contido, zinco concentrado, liga de nióbio, níquel contido, ouro.
Faturamento – A comercialização da produção gerou R$ 220 bilhões de faturamento (jan-ago 21), 112% acima de jan-ago 20, que foi de R$ 103,7 bilhões. A variação cambial e a do preço das commodities minerais influenciaram este resultado de janeiro a agosto deste ano, que já superou, inclusive, o de todo o ano de 2020: R$ 209 bilhões. O minério de ferro registrou maior faturamento: R$ 162 bilhões; em seguida vieram ouro com R$ 18 bilhões, e cobre com R$ 11 bilhões.
ESG estimula investimentos pelas mineradoras
A agenda ESG (boas práticas em meio ambiente, responsabilidade social e governança) criou novo estímulo para os investimentos da mineração, aponta o IBRAM. Dos US$ 41 bilhões previstos para serem investidos no período 2021-2025, 53% (US$ 22 bilhões) são investimentos programados e 47% (US$ 19,4 bilhões) em execução. Em julho o IBRAM havia divulgado que o total de investimentos em cinco anos seria de US$ 38 bilhões, entre programados e em execução.
Agora, mais de US$ 6 bilhões são investimentos em execução para implantar projetos socioambientais, principalmente para reduzir emissões, pontua o IBRAM. Cabe ressaltar que são investimentos em grandes projetos de ESG, complementares aos que as mineradoras já realizam em termos de ações socioambientais, como um de seus compromissos e responsabilidades legais.
“A indústria da mineração tem comprovado que é um setor muito influente na economia, indutora de crescimento e do desenvolvimento e cumpre uma extensa agenda ESG), portanto, está qualificada a receber cada vez mais apoio para estabelecer horizontes de expansão no país, de forma sustentável”, avalia Flávio Ottoni Penido, diretor-presidente do IBRAM.
Setor apresenta amanhã avanços em ampla ‘Agenda ESG’
Amanhã (7/10), também na EXPOSIBRAM, CEOs e executivos de grandes mineradoras – Anglo American, AngloGold Ashanti, Mosaic, Nexa, Samarco e Vale, entre outras a confirmar – vão apresentar, às 17h30, um balanço dos avanços da Agenda ESG da Mineração do Brasil, expondo um conjunto de metas a serem alcançadas pelo setor, de modo a alcançar melhores indicadores em sustentabilidade, responsabilidade social e segurança. Além disso, a EXPOSIBRAM traz ao público outras iniciativas voltadas a consolidar o relacionamento mais próximo e transparente com a sociedade, bem como, reforçar medidas de segurança.
Um exemplo é o PROX, sistema web e aplicativo de celular que fornece informações de riscos e alertas geológicos, hidrológicos, barragens, alterações no clima e muitos outros, relacionados à proteção das pessoas e à gestão de riscos. O PROX está em fase inicial de uso e já teve sua importância reconhecida pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Rede de investimentos para expandir e capacitar a mineração no Brasil
Outra novidade do setor mineral, apresentada na EXPOSIBRAM, é o Invest Mining. É uma rede formada por representantes de órgãos e instituições públicas e entidades privadas. O foco é promover condições para favorecer o financiamento da mineração no Brasil. Este projeto arrojado cria bases para expandir a produção mineral, bem como, refletirá em melhoria da governança das empresas interessadas em obter capital junto ao mercado financeiro – bolsas de valores, inclusive – para seus projetos. A capacitação das empresas e a troca de conhecimentos também estão reforçadas por outras novidades, a Universidade Corporativa da Mineração do Brasil (Unibram) e pela Mina, rede online para conectar profissionais do setor mineral.
“A mineração do Brasil está mudando e vai continuar seu processo de transformação ao longo dos anos. E todo esse movimento acontece alinhado plenamente aos anseios da sociedade que exige que nosso setor se mostre, cada vez mais, caracterizado por uma atuação ética, segura e responsável em tudo o que faz”, diz Wilson Brumer, presidente do Conselho Diretor do IBRAM.
Outros destaques dos resultados da mineração de Janeiro a Agosto de 2021
Comércio exterior – As exportações e as importações de minérios cresceram 93,6% e 29%, em US$, respectivamente, na comparação com jan-ago 20. O saldo dessas operações resultou em R$ 36 bilhões, crescimento de 107%. Assim, o saldo comercial de minérios passou a representar 69% do saldo comercial brasileiro total, ante 49% de janeiro a agosto de 2020. Foram exportadas 243 milhões de toneladas (faturamento de US$ 41 bilhões) de janeiro a agosto deste ano. Em volume a variação foi de quase 10%, mas em US$ a elevação foi de 94% aproximadamente.
As exportações de minério de ferro totalizaram US$ 32,4 bilhões e em volume 233 milhões de toneladas. Uma variação de 127% em dólar e de quase 11% em volume. Também tiveram destaque as exportações de cobre (44% a mais em US$), nióbio (28% a mais em US$), pedras e revestimentos (39% a mais em US$). As exportações de manganês caíram 45% em dólar e 34% em volume; as de caulim decresceram 8% em dólar e 14% em volume.
De janeiro a agosto de 2021 foram importadas 29 milhões de toneladas de minério, ao valor de quase US$ 5 bilhões. Em volume houve crescimento de quase 16% e, em dólar, de mais de 29%, na comparação com jan-ago 20. O potássio é a substância mais importada, tendo o Brasil dispendido quase US$ 2 bilhões nessas operações; em seguida vem o carvão (quase US$ 1, 5 bilhão).
Investimentos – A indústria da mineração é um dos setores que anuncia os maiores aportes no país. São investimentos em minério de ferro (US$ 13 bilhões); bauxita e fertilizantes (US$ 6,4 bilhões cada); cobre (US$ 1,7 bilhão); ouro (US$ 1,4 bilhão). Dos US$ 41 bilhões de investimentos para 2021-2025, Minas Gerais ficará com a maior fatia: US$ 10,2 bilhões (25%); Bahia e Pará receberão, cada, US$ 7,3 bilhões (18%).
Faturamento por estado – Minas Gerais registrou o maior pico de faturamento, de 144% a mais, passando de R$ 38,5 bilhões (jan-ago 20) para quase R$ 94 bilhões. Em seguida ficou o Pará, com elevação de 111%, passando de quase R$ 45 bilhões para mais de R$ 94 bilhões. A Bahia registrou alta de 83%, com R$ 6 bilhões de faturamento.
Tributos – Com a elevação do faturamento, o setor mineral recolheu mais tributos. De janeiro a agosto deste ano a mineração destinou R$ 76 bilhões em tributos aos cofres públicos, ou seja, 112% a mais do que em igual período em 2020 (R$ 36 bilhões). O royalty, que é a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, também observou crescimento, de 121%, passando de R$ 3 bilhões (jan-ago 20) para quase R$ 7 bilhões. Os maiores valores de CFEM estão relacionados à produção de minério de ferro: R$ 5,6 bilhões.
Estes valores muito expressivos de royalty devem ser investidos por estados e municípios em políticas de sustentabilidade econômica, que permitam gerar polos de emprego e renda para quando a atividade mineral se esgotar. “O IBRAM e outras organizações estão à frente de um projeto de desenvolvimento de territórios minerados justamente com o objetivo de apoiar esse planejamento de longo prazo por estados e municípios”, diz Flávio Penido. O IBRAM informa que foram 2.547 municípios recolhedores de CFEM, de janeiro a agosto de 2021. Estados do sudeste e do sul apresentam maiores números de municípios, com destaque para Minas Gerais (488 municípios); São Paulo (343) e Rio Grande do Sul (212).