Mercado de cobre fica sem parâmetros para 2007
16/11/06
Patrícia Nakamura
16/11/2006
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As bruscas oscilações da cotação do cobre em 2006 provocam discrepâncias entre os especialistas sobre as projeções de preço da commodity no ano que vem. Em relatório recente, a Merrill Lynch prevê queda de até 30% em 2007, enquanto o Credit Suisse apontou em estudo que o preço do cobre pode chegar a US$ 12 mil por tonelada no mesmo período.
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O principal ponto da discórdia entre os analistas é o comportamento entre a oferta e a demanda, que vai ditar o rumo dos estoques ao longo do ano. Para o Merrill Lynch, a folga nos inventários deve sair das atuais 150 mil toneladas para 500 mil no ano que vem, por conta do consumo enfraquecido do G7 (bloco que reúne os países mais ricos do mundo), sobretudo os Estados Unidos. O banco também aposta na substituição do metal por outros materiais, como o alumínio. Tais fatores devem levar a cotação do cobre para US$ 5,2 mil, em média, no ano que vem. Os estoques devem passar a equivaler 4,6 semanas de consumo, ante a atual situação, de 1,4 semana.
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O estudo do banco de investimento arrisca também projeção de US$ 3,6 mil por tonelada para o cobre para 2008, período em que os estoques devem atingir superávit de 750 mil toneladas. A oferta deverá voltar a ficar apertada só em 2009, quando os inventários voltam para a casa das 600 mil toneladas.
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Apesar da queda dos preços, o Merrill Lynch não crê que as cotações voltem aos níveis médios dos últimos 20 anos, de pouco mais de US$ 2,2 mil. O HSBC também disse esperar, em relatório recente, que em 2007 a oferta deva superar a demanda em 133 mil toneladas. De acordo com o Merrill Lynch, a entrada de novas capacidades de produção (entre elas a Codelco, BHP Billiton, Xtrata e Anglo American) também deve contribuir para a folga dos estoques. Já no ano que vem, a produção mundial deve saltar das atuais 17,3 milhões de toneladas para 18,2 milhões de toneladas.
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Já o relatório do Credit Suisse vai na direção contrária, ao questionar a capacidade de produção das novas jazidas e a ampliação das reservas já em operação. O estudo, chefiado pelo analista Jeremy Gray, também aponta as duras negociações trabalhistas como um entrave ao aumento da exploração do metal em 2007, a exemplo da paralisação da mina de Escondida, da BHP Billiton, neste ano.
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Segundo o especialista, “acreditamos numa falta de metal que pode chegar a 642 mil toneladas”. As projeções do Credit Suisse seguem a mesma linha da análise feita pelo Barclays no fim de outubro. Nela, o banco afirma que o cobre pode chegar na casa dos US$ 8,8 mil por tonelada no mercado spot no ano que vem.
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Desde o começo do ano a cotação do metal já subiu 54,54% na London Metal Exchange (LME). Saiu dos US$ 4,8 mil em janeiro para US$ 8,5 mil a tonelada em maio, recorde histórico. Atualmente, o cobre é negociado por cerca de US$ 7 mil. A queda nos preços decorre da desaceleração do consumo de cobre na China e o aumento dos estoques em outubro. Ontem, na LME, o cobre para três meses fechou o dia cotado a US$ 6.850 a tonelada, com baixa de 1,93% em comparação ao dia anterior.
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Apesar da demanda menor neste ano, a China deve voltar às compras no ano que vem com fôlego, seja para reposição de estoques ou para suprir sua elevada demanda, acreditam Credit Suisse e Merrill Lynch. Segundo o relatório do Credit Suisse, a China pode ter um déficit de 252 mil toneladas em 2007. Esse número pode cair para 50 mil toneladas caso os Estados Unidos reduzam seu consumo. “Mas ainda há dúvidas em relação a velocidade de reposição desses estoques. Não existe indicação de que os chineses venham a comprar o metal com preços acima de US$ 3 por libra (cerca de US$ 6 mil a tonelada)”, afirmaram os especialistas da Merrill Lynch.
Valor Econômico