Mercado de baterias para carros elétricos é promissor para produtores de lítio no Brasil
20/10/21
O crescimento da mineração do lítio no Brasil será um diferencial na revolução energética, representada principalmente pela eletrificação veicular. A expectativa é que a demanda crescente de baterias elétricas para a indústria automobilística contribua ao aumento da procura pelo metal. Essa foi a conclusão unânime dos palestrantes do painel “O impacto das novas tecnologias na demanda do lítio”, do Seminário Mineração, Transição Energética & Clima, realizado nesta 3ª feira (19/10). O painel foi mediado pelo deputado federal Joaquim Passarinho (PSD/PA) e o evento foi organizado pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, com o apoio do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
Assista o Seminário completo clicando aqui.
O professor titular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e coordenador da Unidade EMBRAPII TecnoGreen, Jorge Alberto Soares Tenório, reforçou a importância do metal para o desenvolvimento do país, assim como o metal será explorado futuramente. “A mineração de lítio é estratégica para o Brasil, já que futuramente a demanda aumentará consideravelmente. A previsão é que grande parte do lítio que será utilizado pelas indústrias virá de processos de reciclagem de mineração urbana ou da economia circular”.

Joaquim Passarinho, deputado federal (PSD/PA) e Jorge Alberto Soares Tenório, professor da Escola Politécnica da USP – crédito: divulgação
Segundo o diretor-superintendente da Companhia Brasileira de Lítio (CBL), Vinícius Mendonça Alvarenga, a previsão para a comercialização mundial de veículos elétricos, até 2030, é sair de um mercado de 5 milhões de unidades para mais de 35 milhões de unidades. “Isso vai trazer um grande aumento na demanda mundial por lítio. Estima-se que a demanda do metal, que hoje está na ordem de 400/500 toneladas por ano, passe para 2 milhões de toneladas por ano, em um cenário mais otimista, podendo chegar a 3 milhões de toneladas por ano”.
“No Brasil, temos uma oportunidade incrível, ou seja, o mercado aberto pelo setor de carros elétricos, que disparou na Europa, nos deu escala para competir. É a confluência entre a mineração, transformação tecnológica de materiais e energia elétrica. O país já se beneficiou dos investimentos globais de mais de US$20 bilhões realizados pelos maiores produtores de bateria do mundo. Diante deste cenário, o Brasil tem um papel protagonista na descarbonização e redução de gás carbônico”, afirma a vice-presidente executiva da Sigma Lithium, Ana Cristina Cabral-Gardner.

Ana Cristina Cabral-Gardner, vice-presidente executiva da Sigma Lithium – crédito: divulgação
A representante da Sigma Lithium também ressalta a importância das políticas públicas e regulamentação para que a mineração brasileira não perca mercado. “O lítio é o minério descarbonizador do século 21 e o futuro já está aqui. Nós do Brasil somos muito melhores, mais sustentáveis, porém, o nosso ambiente regulatório ainda nos trava. Não podemos esperar esse crescimento histórico, o mercado não vai esperar o Brasil ter segurança jurídica. Agora é desenvolver essa parceria entre a indústria da mineração e a comissão, o IBRAM para exponenciar isso dentro da transformação mineral”, diz.
A expectativa do CEO da AMG Mineração, Fabiano José de Oliveira Costa, é de grande expansão do mercado de lítio para a empresa nos próximos anos. “A gente continua na estratégia de verticalização da cadeia, tendo uma visão muito ambiciosa para o futuro. Estamos passando agora por um processo de expansão, inclusão de novas tecnologias de processamento mineral e de elevação da capacidade produtiva da empresa no Brasil”.

Fabiano José de Oliveira Costa, CEO da AMG Mineração – crédito: divulgação
Para finalizar, o deputado federal Joaquim Passarinho (PSD/PA) ressalta a importância da atividade mineral para o desenvolvimento do Brasil. “Temos a convicção de que o país tem a tecnologia e a capacidade necessária para explorar e fazer a mineração sem poluir, sem ser uma atividade agressora. Muito pelo contrário, a atividade pode ser o caminho para o desenvolvimento das regiões. Então, esse é um grande desafio que nós temos, não só desta Comissão, desta casa. Que o IBRAM e as empresas que atuam no setor também possam dar as mãos para construirmos juntos e transformar a vida dessas pessoas através da mineração, que pode e deve ser uma das ferramentas para melhorar o desenvolvimento social do nosso país”.