Mar de riquezas
10/09/10
Até 2014 o Brasil deve triplicar seu investimento anual em mineração submarina para procurar ouro, diamantes e outros tesouros escondidos no fundo do oceano
Tratores submarinos de 25 toneladas varrem os mares do Alasca, nos Estados Unidos, para obter ouro. Na África do Sul, mergulhadores descem 30 metros para comandar dragas que sugam diamantes para a superfície ? na Namíbia, que usa o mesmo procedimento, 64% da produção dessas pedras preciosas vem do mar. Um quarto da areia e do cascalho do Reino Unido já vem de terra sob as águas e, no Japão, quase um terço do carvão produzido chega de depósitos subaquáticos.
Minério de ferro, cobre, níquel, bromo, iodo, titânio e estanho são outros materiais que compõem a lista do que é extraído nos mares e oceanos. Em vez de milhares de garimpeiros munidos de peneiras, a exploração de minérios submarina atrai algumas dezenas de cientistas com doutorado que manipulam robôs com câmeras e braços hidráulicos a 6 mil metros de profundidade. O motivo é o mesmo pelo qual buscamos petróleo no oceano: o esgotamento das fontes terrestres (estimativas apontam que o ouro, por exemplo, pode acabar em uma década se não houver descobertas de novas reservas).
Com a escassez dos materiais em terra firme, o preço sobe e a exploração marítima fica mais viável. Para se ter uma ideia, a cotação da areia (um dos produtos retirados do mar pelo Brasil) mais do que dobrou desde 2003 em São Paulo, de acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Os investimentos ainda são pequenos, cerca de R$ 9 milhões anuais vindos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas o valor deve quase triplicar nos próximos quatro anos, com cerca de R$ 100 milhões de investimentos até 2014. Some-se a isso um programa de R$ 25 milhões do Ministério de Ciência e Tecnologia, em um Núcleo de Estudos Avançados do Mar em São Vicente (SP). ?Para coletarmos 200 amostras de rochas na elevação do Rio Grande [área do fundo do mar próxima ao Sul do Brasil], os custos giram em torno dos R$ 9 milhões?, diz Kaiser Gonçalves, geólogo e chefe da divisão de Geologia Marinha da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), de Brasília, empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia. A conta fica mais alta do que na mineração terrestre já que é necessária equipe especializada e equipamentos novos têm que ser desenvolvidos para aguentar altas pressões.
Revista Galileu