Lipari deve produzir 200 mil quilates de diamantes neste ano
21/02/17
A mineradora é uma das empresas que deve contribuir para um novo salto na produção de diamantes do país neste ano. Em 2016, toda a produção nacional chegou a quase 190 mil quilates.A Lipari Mineração deve produzir neste ano 200 mil quilates de diamantes na mina Braúna, em Nordestina (BA), segundo o presidente da empresa, Kenneth Johnson. Os investimentos previstos para este ano devem ficar entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões. A produção nacional de diamantes, que era de 31,8 mil quilates em 2015, chegou a quase 190 mil no ano passado e deve aumentar neste ano.”No ano passado, a empresa exportou 97.279 quilates ao valor de US$ 18,8 milhões. Este ano, a expectativa é dobrar as vendas, mas o valor depende de como se comportarão os preços”, declarou o geólogo canadense.De acordo com Johnson, desde 2005 até julho do ano passado, quando teve início a produção comercial, foram gastos R$ 215 milhões em estudos e na preparação da mina. Apesar da produção bem-sucedida, o Sindimina, sindicato ao qual estão ligados os trabalhadores da Lipari, reclama que a empresa ofereceu somente metade de salário como participação nos resultados (PR).Em janeiro, a empresa esteve no noticiário por conta de um assalto. Homens armados arrombaram o cofre e levaram um volume não revelado de pedras. Johnson diz que o episódio gerou mais medo entre os 270 empregados do que perdas financeiras. A empresa teve que aumentar gastos com segurança.A Lipari trouxe uma novidade à indústria mineradora brasileira. É a primeira a produzir diamantes a partir de uma mina instalada em uma rocha kimberlítica. É nesse tipo de formação subterrânea onde pode ocorrer uma concentração maior de diamantes e de onde é possível uma produção em maior escala. Grandes minas de diamantes pelo mundo estão em rochas como essas. A produção brasileira, desde o século 18 até então, foi toda feita em camadas superficiais da terra ou de leitos de rios, muitas vezes ainda por garimpeiros.A reserva da Lipari tem 3,3 milhões de quilates de diamantes, segundo Johnson, e os planos são, numa segunda fase, ampliar as explorações e construir uma mina subterrânea no local. A mina atual é uma grande cava a céu aberto.Em 2015, os produtores brasileiros de diamantes informaram ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) que, juntos, extraíram 31,8 mil quilates. Em 2016, a Lipari sozinha produziu 116.756,70 quilates. Somados, Lipari e outros produtores elevaram a produção brasileira no ano passado para 186 mil quilates, de acordo com dados preliminares do DNPM. Desde 2005, a produção brasileira não era tão alta. “A perspectiva este ano é que a Lipari chegue a uma produção de 200 mil quilates”, disse Johnson ao Valor Econômico.
No último levantamento do setor sobre produção global, de 2015, a Rússia lidera com 42,9 milhões de quilates de um total de 127,3 milhões de quilates. O Brasil apareceu na 19ª posição, mas poderá subir nos próximos levantamentos. “Tem um fato novo na produção de diamantes no Brasil que é a Lipari. É a primeira vez que se tem exploração em rocha primária”, afirmou Eduardo Ledsham, o presidente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia (MME).Para Ledsham, o exemplo da Lipari pode atrair outras mineradoras para o ramo de diamantes no país. “Grandes empresas estão sempre atrás dos grandes elefantes. Empresas pequenas e médias vão atrás dos filhotes”, disse.Francisco Valdir da Silveira, geólogo de carreira do órgão, liderou um estudo sobre o potencial diamantífero que identificou 1.360 kimberlitos no Brasil. “Desses, cerca de 20 têm diamantes. Não são corpos grandes, mas se entrassem em operação nos próximos anos promoveriam uma mudança extraordinária na produção de diamantes no Brasil”.Um desses kimberlitos fica em Catalão (GO) e é onde uma empresa liderada pelo geólogo Matthew Wood, a Five Star, espera começar, em breve, começar a extrair diamantes. Wood; atraiu dois investidores de peso: Ronald Lauder, um dos herdeiros da marca americana de cosméticos Estée Lauder, e um ex-presidente do Citigroup, Richard Parsons, diz o executivo da empresa no Brasil, Luís Maurício Azevedo. Segundo ele, se tudo sair como planejado, a produção começa dentro de seis meses.Johnson conta que as previsões de diamantes de altíssima qualidade em Nordestina (BA) ainda não se confirmaram e que melhorias estão sendo feitas na produção. Uma dos desafios é reduzir percentual ainda elevado de quebra de diamantes durante o processo de perfuração das rochas.De acordo com o presidente da Lipari, os diamantes são vendidos em Antuérpia, na Bélgica, para depois abastecer a indústria de jóias. Na cidade, conhecida por ser um tradicional centro mundial de compra e venda de diamantes, é onde está a Aftergut & Zonen, um dos sócios da mineradora. O outro sócio é o Favourite Company, um fundo de investimentos baseado em Hong Kong.Clique aqui e acesse a matéria.
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