Lavra é realizada em seis meses devido ao período de chuvas
23/05/11
Redução da umidade para alimentação dos fornos ocorre em duas etapas: gradeamento e exposição ao sol, britagem e secagem
Situada em uma extensão de 25 km no sentido norte/sul e 3 km no sentido leste/oeste, em área geologicamente favorável à mineração (Zona Laterito-saprolítica do Complexo Máfico-Ultramáfico de Niquelândia), a lavra a céu aberto das cavas da Votorantim Metais Níquel em Niquelândia (GO) é realizada utilizando o método de lavra em bancadas, que ocorre em meia encosta ou em cavas fechadas. São operadas simultaneamente entre seis e oito frentes de lavra durante o ano, com bancos de 3 m de altura e bermas de 3,9 m até 5 m, dependendo das condições geotécnicas da área.
O teor médio do minério de níquel laterítico lavrado é de 1,30 %Ni. Já o Cobalto, subproduto da lavra, possui uma distribuição mais errática ao longo do depósito, com teor médio de 0,115%Co. A relação estéril-minério praticada hoje é de 4,3:1.
A lavra é realizada com uma combinação entre frota contratada e própria, priorizando a frota da Votorantim Metais no estéril devido aos tipos de equipamentos de transporte usados, mais apropriados a curtas distâncias. As atividades de lavra de minério têm início todo ano na primeira quinzena do mês de abril e se prolongam sem pausas até 30 de setembro, quando começa o período de chuvas. A partir daí a operação é reduzida para apenas 13 dias por mês, como explica José Maximino T. M. Ferron, gerente de Lavra e Planejamento de Lavra. “Durante esse período o material está muito úmido e impróprio para a britagem e carregamento. Devido ao fator climático, concentramos as atividades de lavra nos seis meses ensolarados e, além da alimentação da planta neste período, lavramos minério suficiente para formamos estoque para abastecer a planta nos meses de chuva (outubro a março)”.
Reservas
Em função da política adotada pela Votorantim Metais – de consolidar as reservas de todas as unidades a longo prazo e principalmente dos investimentos em pesquisa mineral – as reservas minerais da unidade de Niquelândia, que em 2008 indicavam a exaustão em dez anos, se mostraram suficientes para ainda mais duas décadas. “Temos na unidade 361.000 m de sondagem acumulada, isso somente na jazida que abastece a Planta Caron, e desde 2007 realizamos em média 50.000 m ao ano”, comenta Ferron.
A sondagem é realizada durante os meses de março a dezembro por empresa especializada, contratada pela Votorantim. Todos os trabalhos relacionados à pesquisa geológica são realizados conforme exigências dos códigos internacionais. Por ser uma operação contínua há cinco anos, a sondagem proporcionou um aumento dos recursos minerais e também uma melhora na classificação do recursos já conhecidos. “A vida útil do processo Caron em Niquelândia se estendeu, mas como uma grande área com geologia favorável ainda não recebeu sondagem, é bem possível que a base de recursos se amplie. Esses resultados mostram que o investimento em pesquisa geológica é um ponto extremamente importante para o futuro na nossa unidade”, diz Ferron.
A definição das reservas minerais e sequência de lavra é feita pela área de Planejamento de Lavra e Geologia da Unidade com apoio corporativo, que utilizam na modelagem geológica, no banco de dados e na avaliação geoestatística, os softwares Datamine e Isatis. Na otimização de mina é utilizado o software NPVS enquanto no sequenciamento de longo e curto prazos são utilizados respectivamente os software Mine 24D e Minesched.
Formação de pilhas de minério e alimentação da britagem
A deposição do minério é feita conforme sua litologia. As pilhas de minério são formadas no período de produção (seca) onde o minério proveniente da mina, com umidade alta, é espalhado em pátios de estocagem, com o auxílio de tratores de esteira, formando camadas com diferentes espessuras. Após essa etapa, são utilizados tratores agrícolas com grade para redução da umidade. Esse processo se repete até que a pilha atinja uma altura maior. Após a formação da pilha, a próxima etapa é a cobertura com lonas plásticas para proteger o minério das chuvas. O trabalho de cobertura de pilha é feito nos meses de julho, agosto e setembro.
“É importante que a umidade do material seja a menor possível, uma vez que, além do problema de alimentação dos britadores, ainda há a importância na redução do consumo de combustível na britagem. O nível de umidade do minério para alimentação dos fornos deve ser controlado. Isso é imprescindível para não haver excesso de consumo de combustível no processo”, reforça Ferron.
A meta diária para o teor de alimentação é de 1,30%Ni, com medidas horárias, e tolerância de 5% (cinco por cento) para cima ou para baixo. O teor de alimentação, além de outros KPIs como umidade, diferença Fe-SiO2, ROG (relação oxidado x silicatado) são definidos no orçamento anual, e o monitoramento é diário nas reuniões de PCP (Planejamento e Controle de Produção), onde se integram as informações com as demais áreas da Usina, afirma Ferron.
“Variações de teor de Níquel maiores do que a faixa de tolerância representam problema no processo, pois os fornos mantêm um perfil térmico específico para o blending alimentado, ou seja, com maior teor, significa que teremos mais minério silicatado, exigindo mudanças constantes no perfil térmico, o que desestabiliza o processo”, ressalta.
Equipamentos e projetos
A lavra é realizada por um mix de frota própria e terceirizada. Os equipamentos auxiliares são compostos também por: motoniveladoras, tratores de esteira, tratores agrícolas, pás carregadeiras, caminhões pipa, caminhões comboio e perfuratrizes. Para gerenciar essa movimentação intensa, a unidade de Niquelândia possui uma central de gerenciamento de mina que utiliza o software Smartmine, que controla a localização de todos os equipamentos através de GPS e recebe as informações on-line através de um computador de bordo instalado em todos os equipamentos. O sistema possui ainda outras funcionalidades, tais como o controle da operação por meio de mapas, planos de lavra, de qualidade, controle de velocidade dos equipamentos, performance, utilização, disponibilidade física, etc…
A área de tecnologia da empresa, com o intuito de criar métodos que aproveitem ao máximo o material laterítico de baixo teor da mina, faz, desde 2008, diversos estudos conjuntamente com universidades, centros de pesquisas e consultoria especializada, visando o aproveitamento deste material no processo industrial.
A Votorantim Metais está em constante busca por atualizações tecnológicas e atualmente estuda uma nova forma de transporte de minério através do sistema RopeCon da TMSA, que prevê a implantação da estrutura de correias transportadoras RopeCon – sistema suspenso de correia plana, com paredes laterais onduladas, sustentado por torres. Com esse tipo de solução, é possível atravessar obstáculos como rios, prédios, vales profundos ou estradas, com alta capacidade de transporte e reduzido custo operacional.
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