Kinross planeja investir US$ 470 milhões no país
05/06/07
A canadense Kinross já está no Brasil desde 2003, como sócia de duas mineradoras de ouro. Mas é agora que ela “chega de verdade”, segundo José Roberto Freire. O executivo, que assumiu há poucos dias a presidência da Kinross Brasil, garante que o país é hoje estratégico para o grupo que tem minas de ouro em cinco países e produz 40 toneladas de ouro por ano.”A Kinross sabe que é no Brasil que ainda existem grandes oportunidades para aumentar a produção”, afirma Freire. Os canadenses estão investindo cerca de US$ 470 milhões para triplicar a produção de ouro na Rio Paracatu Mineração (RPM), no interior de Minas Gerais, e faz pesquisas em três outros Estados (Tocantins, Maranhão e Pará). A mineradora também não descarta a possibilidade de adquirir novos ativos no país. “Estamos abertos às boas oportunidades.”Os planos da canadense para o Brasil começaram a mudar no fim de 2004, quando comprou a participação do sócio Rio Tinto e passou a ter 100% do capital da RPM. Logo depois de concluir o negócio, a multinacional resolveu reavaliar as reservas na mina Morro do Ouro, em Paracatu. Investiram US$ 5 milhões numa pesquisa que mostrou que as reservas eram muito maiores do que esperavam no início.Quando chegou ao país, a previsão era de que, com uma produção de 5 toneladas por ano, a mina atingiria a exaustão em 2016. A pesquisa, porém, mostrou que seria possível produzir três vezes mais por ano por um período quase três vezes maior. A estimativa é de que, após a expansão de 5 toneladas para 15 toneladas por ano, Morro do Ouro terá vida útil até 2037.”A RPM tem hoje uma importância muito maior para a Kinross”, reconhece o diretor de operações da mineradora, Luis Alberto Alves, que já está na empresa há dez anos.Com preços e demanda em alta, a expansão da produção passou a ser estratégica para as mineradoras do setor. “O aumento da produção não tem conseguido acompanhar o crescimento do consumo”, explica o presidente José Roberto Freire. O metal precioso, que já foi o principal lastro da economia mundial, hoje é essencial para fabricação de componentes das modernas indústrias de tecnologia.A previsão da Kinross é de que as obras de expansão em Paracatu estejam concluídas até setembro de 2008, quando a produção passará ao ritmo de 15 toneladas por ano. Além da produção em Minas Gerais, o grupo canadense conta com uma extração anual adicional de 3 toneladas que vem da Mineração Serra Grande, em Goiás.A empresa tem 50% de participação nesta mineração, numa sociedade com a Anglo Ashanti. A produção total nesta mina é de 6 toneladas de ouro por ano. Por lá, de acordo com Freire, não há possibilidade para expandir significativamente a produção.O Brasil já responde por aproximadamente 20% da produção mundial de ouro da Kinross. Com a expansão da RPM, a participação se tornará ainda maior. Além do Brasil, o grupo tem minas no Canadá, nos Estados Unidos, na Rússia e no Chile.A Kinross Brasil herdou o escritório da Rio Tinto em Brasília, mas estuda a possibilidade de transferir a sede para a capital de Minas Gerais, estado onde está hoje seu principal negócio. E onde está também a sede da Anglo, sua parceira na Mineração Serra Grande. O entrave, por enquanto, é de logística. Paracatu fica a 800 quilômetros de Belo Horizonte e a apenas 250 quilômetros de Brasília. “Não seria problema se tivesse vôo de Belo Horizonte para Paracatu, mas não há”, explica o presidente. Embora considere uma sede em Belo Horizonte mais estratégica para os negócios da Kinross, o presidente teme que a falta de ligação aérea inviabilize a transferência.Segundo Freire, a consolidação dos negócios no Brasil é hoje uma das prioridades da empresa canadense, que tem 100% do capital pulverizado, com ações listadas na bolsas de Nova York e Montreal. “Na verdade, sinto que é agora que estamos chegando”, reforça o executivo. Freire acaba de deixar a presidência da indústria paulista União Brasileira de Vidros (UBV) para assumir o novo cargo na Kinross. Mas foi na mineração que ele fez sua carreira. Passou por mineradoras como Caraíba Metais e Votorantim Metais, onde liderou projetos de expansão da produção de zinco.Na pequena cidade de Paracatu, os moradores já perceberam que são novos tempos para sua principal empresa do município. Com o mercado de mineração extremamente aquecido, a RPM foi ao mercado com boas propostas que estão atraindo profissionais até de outros estados. A expansão deverá ampliar de 630 para cerca de 750 funcionários diretos. Além desses, devem ser criados mais 500 empregos indiretos na cidade.
Valor Econômico