03/11/08

A canadense Kinross será, a partir de 2009, a maior produtora de ouro do Brasil. Com uma previsão de processar 61 toneladas de minério, o que resultará na produção de 18 toneladas de ouro, a mineradora canadense deixará de ser a terceira no ranking dos maiores produtores no Brasil, superando Yamana e AngloGold Ashanti, que ocupam hoje o primeiro e o segundo lugar respectivamente.
Após investir US$ 570 milhões na Rio Paracatu Mineração (RPM), empresa que comprou da Rio Tinto no início da década, a produção da Kinross no Brasil subirá das atuais 5,4 toneladas para 18 toneladas. Esse incremento na produção em Paracatu fará da subsidiária brasileira a maior do grupo canadense. Além do Brasil, a Kinross tem bases de produção em outros quatro países: Chile, Rússia, Equador e Estados Unidos.
O crescimento, a partir da conclusão das obras de expansão, não poderia ocorrer em momento mais oportuno. Para as mineradoras de ouro, a crise financeira internacional é um indicador de boas perspectivas nos negócios, diferentemente do que ocorre na maior parte dos setores.
Com investidores buscando alternativas menos voláteis que as ações, tende a crescer a demanda pelo ouro, o que deverá levar a um aumento na cotação da commodity. A valorização do dólar é outro componente animador para a mineradora.
“A inauguração da expansão não poderia ocorrer em momento mais oportuno”, afirmou José Roberto Freire, que assumiu a presidência da Kinross Brasil em junho do ano passado. “Nossos custos são em reais e nossas vendas são em dólares”, explica.
Com a expansão da mineração de ouro em Paracatu, mais que triplicando a produção, a Kinross obteve ainda importantes ganhos de escala, melhorando a rentabilidade da unidade.
“O cenário é todo favorável, os custos baixaram, os preços tendem a subir, estamos aumento a geração de caixa”, analisa o presidente da mineradora. “Estamos fortalecidos para enfrentar os efeitos da crise”, completa.
Desde que resolveu apostar suas fichas no aumento da produção no Brasil, a Kinross tomou decisões estratégicas para fortalecer os negócios do país. Uma delas foi a transferência da sede da subsidiária de Brasília para Belo Horizonte. O escritório na capital mineira foi inaugurado em meados deste ano.
De acordo com o presidente, a proximidade com as autoridades mineiras facilitou negociações complexas como a concessão de licenças ambientais para a expansão e a garantia de fornecimento de energia para a RPM com produção triplicada.
No momento, a mineradora trabalha em outra negociação estratégica, de menor monta, mas de benefício inegável. A Kinross quer garantir um vôo regular de Belo Horizonte para o aeroporto de Paracatu. “Falta pouco para isso.”
Ainda restam alguns detalhes para a conclusão final das obras. A inauguração oficial da unidade ampliada ocorrerá no próximo dia 25, com presença do presidente mundial da Kinross, Tye Bird. O empreendimento representou a abertura de mais de 200 empregos em Paracatu, um município de 80 mil habitantes.

Valor Econômico