Já está faltando mão-de-obra qualificada
01/09/08
O crescimento da economia brasileira derrubou as taxas de desemprego nos últimos meses. Mas já está faltando mão-de-obra qualificada. Setores importantes da indústria ? que pagam bons salários ? têm o desafio de encontrar profissionais.;
Três milhões de carros por ano saem das fábricas instaladas no Brasil. O setor cresce cerca de 20% ao ano. Para atender à procura por carros, a indústria abriu 14 mil vagas no ano passado. Quase todas para trabalhadores qualificados.
;Em São José dos Campos, a montadora GM, que é uma das maiores no país, não só teve que aumentar rapidamente a produção como enfrentou um desafio extra: com a globalização da economia, passou a desenvolver projetos de novos modelos de carros para a economia mundial.;Precisou dobrar a sua equipe de projetistas. Contratou 600 novos engenheiros em apenas dois anos. Não foi fácil.
A montadora encontrou apenas 300 profissionais com experiência. A solução foi chamar 300 recém-formados. Para a engenheira mecânica Helena Osório, foi uma oportunidade de início de carreira. ?A gente tem muitas opções de treinamento, a gente está em contato com tudo de nova tecnologia que o mercado pode oferecer. É um ramo bastante promissor?, afirma ela.
?Ou você paga para o engenheiro experiente e paga muito, inflaciona o mercado, ou você treina os engenheiros novos para que você consiga uma força de trabalho com custo ainda competitivo?, diz o engenheiro-chefe da montadora, Pedro Manuchakian, explicando a estratégia da empresa.
Faltam profissionais
Responsáveis por setores de recursos humanos de empresas dizem que o sistema de ensino não forma os profissionais que a economia exige. A Petrobras, por exemplo, acaba de encomendar 46 petroleiros aos estaleiros nacionais. Mas o Brasil forma apenas 31 engenheiros navais por ano.
Até a indústria do álcool, em franca expansão, está mal servida. Formam-se 12 engenheiros especializados na área por ano. Noventa novas usinas de açúcar e álcool estão em implantação. A indústria de máquinas já garantiu os equipamentos e há áreas para as plantações. O risco é a falta de engenheiros.
?Há uma carência também para operadores de máquinas, de tratores, de colhedeiras e de máquinas de plantio. Se nós temos hoje um problema nessa expansão, eu diria que o problema está centrado na questão da mão-de-obra?, ressalta o diretor da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única), Antônio de Pádua Rodrigues.
A mineração, que é chave na pauta de exportação, também vive escassez de profissionais qualificados. Os 74 engenheiros de minas que se formam por ano são disputados por 7 mil empresas. Só a maior delas tem planos de empregar 1.000 profissionais nos próximos cinco anos. ?Engenheiros temos, mas não necessariamente nas especialidades que nós precisamos. Então, nós trazemos de outras formações e formamos dentro de casa?, diz a diretora de recursos humanos Maria Gurgel.
Em outros setores decisivos como gás e petróleo, com investimentos anuais na casa dos US$ 20 bilhões, estima-se que até 2009 será necessário empregar 112 mil profissionais. O Prominp, um programa governamental de qualificação de mão-de-obra, abriu 953 cursos. ?O desafio que nós temos é usar esses investimentos no setor de petróleo e gás para promover o desenvolvimento de maneira competitiva da nossa indústria. Para que isso tudo seja feito no Brasil por brasileiros?, ressalta o coordenador do programa, José Renato de Almeida. Do contrário, diz ele, será necessário trazer trabalhadores de fora do país.
Cursos
Quem se qualificar vai aproveitar a boa maré. Em um curso de tubulações para gás e petróleo no Rio de Janeiro, os alunos têm um horizonte invejável de salário.
?Na faixa de R$ 10 mil a R$ 12 mil, nível 2. O nível 1 está na faixa de R$ 7 mil, R$ 8 mil?, afirma o técnico de manutenção Walter Fabrício.
O Estado do Maranhão