Investimentos buscam reduzir dependência do exterior
30/09/10
Desde 2008 opera, no âmbito do Ministério de Minas e Energia (MME), o Grupo de Trabalho Fertilizantes, criado com a missão de reduzir a dependência em relação a matérias-primas e nutrientes importados. A segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) prevê investimentos de US$ 6,2 bilhões na indústria brasileira de fertilizantes, dos quais US$ 5 bilhões deverão ser realizados entre 2011 e 2014.
O esforço realizado até o momento, aponta a Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do MME, apenas no caso do potássio, onde a dependência é mais severa, a concessão de títulos minerários para pesquisa aumentou 272% ao crescer de 775 para 2.884 títulos entre 2008 e agosto. Atualmente, a produção brasileira de sais de potássio está concentrada na mina de Taquari-Vassouras, explorada pela Vale, em Sergipe.
A Petrobras, de acordo com a secretaria, conclui estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental de um depósito de silvinita, na região de Nova Olinda do Norte, no Amazonas, com reservas estimadas em mais de 1 bilhão de toneladas, com teor médio de 18% de K2O (óxido de potássio), sinalizando um potencial para 180 milhões de toneladas do sal. Na visão do MME, esse depósito colocaria o Brasil no mesmo nível dos principais países detentores de reservas de potássio – hoje, Canadá e Rússia concentram de cerca de 75% das reservas mundiais.
Em recente relatório, produzido a pedido do Valor, a assessoria de gestão estratégica do Ministério da Agricultura identificou oito jazidas conhecidas com potencial para produção de 5,5 milhões de toneladas de cloreto de potássio. Os investimentos exigidos, tomando-se como base a necessidade de US$ 1,3 bilhão, em média, para a produção de 1 milhão de toneladas do sal, poderão superar a faixa dos US$ 70 bilhões. Os dados da International Fertilizer Industry Association (IFA), segundo o presidente da AMA Brasil, George Wagner Bonifácio e Sousa, projetam um consumo doméstico de potássio de 4,83 milhões de toneladas em 2015, crescimento de 47% em relação aos volumes médios consumidos entre 2005 e 2009.
Mas a IFA estima que a produção local continuará respondendo por 9% das necessidades internas de sais de potássio, exigindo a importação de quase 4,4 milhões de toneladas apenas em 2015. Sousa considera essa previsão conservadora diante das possibilidades de aumento da produção interna. “Há em Sergipe projeto bem encaminhado de nova mina de potássio. Se ele maturar antes de 2015, poderíamos atender a 25% da demanda nacional.”
No setor de fosfatados, o MME relaciona meia dúzia de novos projetos com potencial para 2,75 milhões de toneladas de rocha fosfática a partir de 2015. Além desses, o Ministério da Agricultura vislumbra três novas ocorrências com potencial para 2,25 milhões de toneladas.. A entrada em operação desses projetos deverá reduzir a dependência de importações de fosfato para 25% em 2020.
Os dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) mostram que o Brasil tem reservas de fosfato para 50 anos, horizonte que poderá ser ampliado com a reavaliação de reservas em exploração e do mapeamento geológico que o Serviço Geológico Brasileiro (CPRM/SGB) vem realizando. Nos próximos quatro anos, estão previstos R$ 100 milhões para levantamentos geológicos de áreas de fosfato em terra e na plataforma marítima.
Na área de nitrogenados, a Petrobras planeja investir em duas fábricas de ureia, uma em Três Lagoas, com capacidade para 1,2 milhão de toneladas, e outra no Nordeste, para outras 700 mil toneladas.
Valor Econômico