Inovação como fator de sucesso
24/10/16
O que é preciso fazer para fomentar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação em uma indústria que, até recentemente, não tinha essas diretrizes como entre suas maiores preocupações? Este foi o um dos temas debatidos no último dia do 24º World Mining Congress. ?Há cinco, dez anos atrás, se você falasse em inovação, muitas empresas diriam que isso se faz quando os negócios vão bem. É preciso pensar diferente. Vemos que hoje não há nenhuma empresa de mineração que não fale da importância da renovação?, diz Andrew Stewart, sócio da empresa canadense de consultoria e gestão estratégica Monitor Deloitte.;Para Stewart, há três grandes atributos nos inovadores de sucesso. ?Eles são explícitos sobre a ambição de fazer isso. Pensam nisso de maneira mais ampla ? não apenas na inovação tecnológica ? e constroem uma nova disciplina?, diz ele. A dificuldade nem sempre está em encontrar novas soluções, que muitas vezes já existem. ?As empresas têm mais problemas de adoção do que de inovação. Há grandes tecnologias na indústria de petróleo, por exemplo, que poderiam ser aplicadas pela indústria de mineração?, diz. ;Inovando no Brasil ? Dois representantes brasileiros apresentaram seus cases de sucesso, o projeto Mackgraphe e a mineradora CBMM. A Mackgraphe dedica-se à pesquisa aplicada do uso de grafeno e outros nanomateriais. O grafeno é um material mais transparente, mais fino, mais leve, 200 vezes mais resistente que o aço e com melhor condutibilidade elétrica e térmica. A intenção do projeto não é apenas investigação científica. ?Vamos desde a pesquisa básica, passando pela aplicada e o desenvolvimento, até transformar o trabalho em produto?, conta o professor Sergio Humberto Domingues, pesquisador do Mackgraphe, centro de estudos de grafeno e nanomateriais da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. ?As aplicações, hoje, são muitas: indústria de energia, produção de compósitos, sensores, na indústria aeroespacial e automotiva, para criação de chips com maior velocidade e telas de computadores flexíveis?, diz. ?Somos um centro de pesquisas jovem, mas trabalhando duro em novos processos e materiais, estamos conseguindo alguns dos melhores resultados do mundo?, comemora Domingues em mais um exemplo de inovação bem sucedida no Brasil. ; Já a CBMM, principal produtora mundial de nióbio, mostrou seu projeto de exploração de terras raras. ?Nosso minério tem entre a mistura de diversos minerais, a monazita, que contém terras raras?, disse diz Clóvis Farias Sousa, superintendente de produção do projeto de terras raras da empresa.;?Em 2009, 2010, houve uma crise no mercado de terras raras, que chegou a valer US$100 por quilo. Nesse momento, resolvemos investir, e usamos uma fábrica antiga usada para produzir concentrado de nióbio para produzir concentrado de terras raras?, conta Clóvis Farias Souza. A tecnologia foi desenvolvida com eficiência, mas a queda do mercado não permite ainda sua exploração comercial. ?Quando dominamos o ciclo de produção, o preço tinha caído para entre US$5 e US$8. Hoje temos capacidade para produzir 3.000 toneladas por anos e estamos bem em custos, mas ainda não conseguimos superar os chineses. Temos a segunda maior produção do mundo, mas não conseguimos competir. Mas o preço vai subir outra vez ? não para US$100 ? e se estabilizar. Aí vamos convencer o mercado de que somos confiáveis, como fizemos com o nióbio?, diz.;
IBRAM