08/06/09

Há exatos oito anos, os brasileiros olhavam horrorizados para o distrito de São Sebastião das Águas Claras (Macacos), em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde ocorria uma avalanche de rejeitos de minério. O rompimento da cava 1 da barragem de contenção da Mineração Rio Verde causou a morte de cinco operários e deixou um rastro de destruição ao longo de quilômetros. Quase dois anos depois, na Indústria de Papel Cataguazes, na Zona da Mata, a mesma estrutura se rompeu, despejando 1,2 bilhão de litros de material tóxico no Rio Pomba e no Ribeirão do Cágado, na Bacia do Paraíba do Sul. As lavouras ficaram contaminadas. Mais recentemente (em 2006 e 2007), em Miraí, também na Zona da Mata, o vazamento de rejeitos de bauxita da Rio Pomba Mineração interrompeu o fornecimento de água e cobriu a cidade de lama.Para tentar evitar acidentes como esses, que destroem o meio ambiente, matam a agricultura e deixam as comunidades em completa desolação, foi lançado na quinta-feira (4), em Belo Horizonte, o Programa Especial de Segurança em Barragens de Rejeitos, iniciativa pioneira no país, do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O objetivo, segundo o presidente da entidade, Paulo Camillo Vargas Penna, é capacitar os profissionais do setor de mineração, incluindo dirigentes e gestores dos empreendimentos, engenheiros, supervisores e operadores encarregados dos sistemas de barragens. O treinamento, com conteúdo apresentado via internet e aula presencial, terá três módulos. Os acidentes em barragens de contenção, conforme pesquisa divulgada pelo setor, decorrem da não aplicação da tecnologia disponível e da deficiência de conhecimento técnico pelos operadores.Dados da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), vinculada à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), mostram que Minas teve alguns avanços nos últimos anos, desde que foi lançado, em 2003, o Programa Estadual de Barragens de Rejeitos e Resíduos em Empreendimentos Industriais e Minerários. ?Mas ainda não se pode falar em comemoração?, pondera o presidente da Feam, José Cláudio Junqueira Ribeiro. Para, ele o grande problema está na manutenção das estruturas, presentes em empreendimentos produtivos da economia mineira, como papel e celulose, indústria do alumínio, setor químico e outros.DiagnósticoNo estado, das 661 estruturas analisadas em 2008 por auditores, 566 (86%) são consideradas estáveis; 62 (9%) são barragens sem garantia de estabilidade, o que significa que ainda demandam ações para melhorar sua condição; e 33 (5%) estão em processo de adequação às normas ambientais. Em 2006, das 606 estruturas avaliadas, 478 (79%) estavam estáveis, 55 (9%) sem garantia de estabilidade e 73 (12%) sem conclusões sobre a estabilidade. Em 2007, os números foram de 506 (83%), 58 (10%) e 41 (7%), respectivamente. O grande avanço nesse período, de acordo com a diretora de Qualidade e Gestão Ambiental da Feam, Zuleika Torquetti, está na redução do número de barragens em processo de adequação, com a queda de 12% (2006) para 7% (2007), e 5% (2008). ?Ano passado, não tivemos nenhuma autuação nas empresas devido a problemas nas barragens?, conta Zuleika.A diretora destaca que os cursos são importantes para a prevenção de acidentes e para a melhor gestão nas unidades industriais: ?O operador é fundamental em todo esse processo. Foi graças a um deles, no segundo acidente em Miraí, que foi dado o alerta e possível impedir morte e outros problemas.?

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