Indústria quer governo mais "impositivo"
29/10/08
BRASÍLIA – O governo tem tomado medidas na direção correta para enfrentar a crise. No entanto, precisa ser mais impositivo e regulamentar mais atividades, como a financeira. Foi o que afirmou ontem o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e do Conselho de Assessoria Legislativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. “O que realmente nós não temos tido é o resultado esperado, porque na medida em que nós precisamos de mais crédito e de reduzir o custo desse crédito, nós temos tido hoje uma dificuldade com crédito e uma elevação dos juros”, afirmou, logo depois de participar do debate sobre tributação.Braga reclamou que falta ação do governo quando libera o compulsório dos bancos para que eles tenham mais dinheiro para emprestar ao setor privado, mas acabam voltando esses recursos para empréstimos ao próprio governo. “O governo tem mecanismos para regular isso. É preciso que ele [governo] faça com que os bancos, com esse recurso, façam esse dinheiro chegar na ponta [da cadeia produtiva]”, afirmou.De acordo com Braga, algumas medidas adotadas também são questionáveis, como a possibilidade de compra, pelo Caixa Econômica Federal, de ações de empresas da construção civil que tiveram ações lançadas na Bolsa de Valores. Ele argumenta que essa é uma medida muito pontual e voltada para um grupo pequeno de empresas. “Era preciso que o governo tivesse uma ação que desse uma capilaridade maior e para todas as empresas do setor.”Robson Braga informou ainda que alguns setores da indústria já sentem os efeitos da crise financeira internacional, como a indústria de ferro gusa, de siderurgia, de automóveis e de mineração. “São setores que têm sentido já o efeito da falta de mercado, da falta de financiamento para as exportações”, pontuou, ressaltando que a conseqüência natural é a redução no nível de emprego.SelicO empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Grupo Gerdau, considerou como oportuna a redução da taxa Selic, hoje fixada em 13,75% ao ano. Segundo ele, a elevação da taxa vinha sendo usada como instrumento para combater a inflação, mas com a expectativa de redução de demanda, a queda da Selic pode beneficiar o mercado interno nesse momento de crise financeira internacional. Gerdau disse que o nível elevado dos juros retrai os investimentos, enquanto os juros mais baixos estimulam o consumo. Gerdau prevê que os investimentos internacionais no Brasil deverão continuar, porque os investidores estão buscando liquidez e podem encontrar isso em empresas do País.
DCI