Indústria de mineração investe em campanha para melhorar imagem
13/12/06
Daniel Rittner
13/12/2006
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A indústria de mineração decidiu fazer uma ofensiva para reconstruir sua imagem e convencer a opinião pública dos benefícios que gera ao país. O objetivo das mineradoras é enterrar a fama de atividade poluente, ambientalmente agressiva e que transfere riquezas naturais para o acabamento de produtos no exterior.
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O plano de imagem deslanchado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) prevê investimentos de R$ 12 milhões em um conjunto de ações, que tem como ponto alto o início, em abril, de uma campanha publicitária em rádio, jornais, internet e emissoras de televisão. Abrangerá, em uma primeira etapa, quatro Estados (São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais e Pará).
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Com a campanha, o setor pretende dar mais força e angariar simpatia aos pleitos do setor junto ao Executivo e ao Congresso Nacional. “Esse estigma tem prejudicado os nossos negócios”, disse o presidente do Ibram, Paulo Camillo Penna, durante o seminário que comemorou o aniversário de 30 anos da entidade. Penna vê como exemplo a reconstrução de imagem conquistada pelo agronegócio nos últimos anos, hoje tratado como prioridade pelo governo.
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Segundo o executivo, a mineração já ocupa o primeiro lugar entre os setores exportadores, tendo superado a venda de produtos agrícolas ao exterior. Até novembro, as exportações totalizaram US$ 11,5 bilhões – 9,2% do total embarcado pelas empresas brasileiras. No mesmo período de 2005, as vendas somaram US$ 9 bilhões.
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A campanha deslanchada pelo Ibram lembra a realizada, no início da década, pela CSN, que tentava conquistar a empatia dos consumidores pelas embalagens de aço, ainda pouco comuns no país. Penna afirmou que, de acordo com pesquisa feita pelo instituto em nove Estados com 2,9 mil entrevistados, “o que existe é desconhecimento, e não rejeição”, dos consumidores com relação à atividade.
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O setor pretende investir US$ 25 bilhões nos próximos cinco anos. Penna ressaltou que a mineração é ambientalmente bem menos agressiva do que o agronegócio. Cálculos apresentados no seminário demonstram que, para cada hectare de terra explorado na região amazônica, a produção de soja gera US$ 563, a produção de cobre gera US$ 3,5 mil e a de níquel, US$ 26,5 mil. “É preciso desmatar 54 vezes mais para gerar, com a soja, o mesmo valor obtido pela produção de níquel”, comparou o ex-ministro da Fazenda Paulo Haddad, responsável pelo estudo.
Valor Econômico