INB se prepara para fornecer urânio e atender 11 usinas
10/09/08
SÃO PAULO – O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro ainda discute os passos da nova política nuclear do País, mas a empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB) já se prepara para atender a demanda total das 11 plantas, as duas unidades de Angra em operação, a recém-retomada Angra 3 e mais oito, previstas no PNE 2030.Para isso, a empresa – que detém monopólio de extração, beneficiamento, enriquecimento e comercialização do urânio, mineral utilizado como combustível para as usinas – já tem destinados cerca de US$ 450 milhões. Entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões para duplicar a produção da jazida de Caetité (BA) e o restante para construir o novo pólo em Santa Quitéria (CE), cujo acordo de exploração foi assinado semana passada. Segundo o assessor da presidência da INB, Luiz Filipe da Silva, essas duas jazidas somam 240 mil das 309 mil toneladas de reservas já prospectadas no País e que podem suprir toda a demanda nacional.Sobre a geração de energia, o Programa Nuclear Brasileiro, estabelece que as usinas a serem construídas até 2030 terão a capacidade de adicionar cerca de 8 mil MW no sistema elétrico nacional. Segundo o cronograma divulgado pela Eletronuclear, o primeiro passo foi dado com o anúncio da retomada das obras de Angra 3, em setembro, e com término em 2014. Ainda em 2008 será definido o local para a Central Nuclear do Nordeste, que dever ser edificada entre os maiores centros consumidores da região, Salvador e Recife, para atender a demanda dessas cidades.Ciclo do urânioPara alimentar todas essa centrais o plano prevê que o Brasil produza todo o combustível que movimenta as centrais. O secretário executivo da Ministério do Meio Ambiente, Márcio Zimmermann, afirmou que o Brasil deve dominar a partir de 2012 todo o ciclo do urânio para que seja auto-suficiente até 2030 . Falta pouco o País alcançar essa condição, atualmente a INB só não converte o material conhecido como yellow cake, resultado do beneficiamento do urânio extraído das jazidas, para o estado gasoso. O mineral só pode ser enriquecido nesse estado, fato que já acontece nas centrífugas da empresa, localizadas em Resende (RJ), as mesmas que receberam a visita de inspeção da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) em 2004.Segundo informações da INB, a empresa passará a realizar essa conversão a partir de 2014, as instalações estão sendo montadas na unidade de Resende. “A falta de escala para realizar essa atividade era a razão para o envio do yellow cake ao exterior, mas com a entrada da usina de Angra 3, essa atividade será feita internamente”, explica Silva. Entre as possíveis fornecedoras de equipamentos está a francesa Areva, uma estatal francesa e estratégica para o governo daquele País. Existe uma divisão da empresa no Rio de Janeiro dedicada à manutenção das usinas Angra 1 e 2 e que já se estrutura para atender o projeto de Angra 3. Apesar de INB trabalhar com a possibilidade de atender a 11 usinas, a Eletronuclear não está tão otimista assim, de acordo com Leonam Guimarães, assistente da Presidência da empresa, o comitê de ministros que analisa a nova política nuclear nacional trabalha apenas com os cenários que inserem entre quatro e seis centrais nucleares no Brasil, tendo como referência mais provável, o primeiro. Entre as razões estão as dificuldades em prever ações tão futuras e ainda, as incertezas do processo.A Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) a demanda por energia nacional exigirá seis usinas se o País crescer 5% ao ano. Para a entidade, esse número será o necessário para atingir a meta do PNE 2030.Esse assunto ainda pode render muita discussão em Brasília. Tramita na Câmara dos Deputados a Proposta de Emenda da Constituição (PEC) 122/2007, do deputado Alfredo Kraeger (PSDB-PR) para quebrar o monopólio do governo na propriedade das usinas termonucleares. Para o autor do projeto, os aportes para a construção dessas usinas deveria ser feito pela iniciativa privada, e a energia, comprada em leilões, como já ocorre com as fontes hidroelétrica e térmica. “O secretário Zimmermann mostrou-se receptivo a essa proposta em um encontro que tivemos. Ele disse que há pessoas no Ministério que acreditam que essa é a melhor forma”, afirmou ao DCI. Porém, ele cobrou mais emprenho do governo que poderia usar sua base aliada para agilizar o processo, que neste momento espera por um parecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro ainda discute os passos da nova política nuclear do País, mas a empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB) já se prepara para atender à demanda total de 11 usinas nucleares, as duas unidades de Angra em operação, a recém-retomada Angra 3 e mais oito, previstas no Plano Nacional de Energia para 2030. Para isso, a empresa – que detém monopólio de extração, enriquecimento e comercialização do urânio, mineral utilizado como combustível para as usinas – já tem destinados cerca de US$ 450 milhões, à duplicação da produção da jazida de Caetité (BA) e à construção de novo pólo em Santa Quitéria (CE). Para alimentar todas essas centrais o plano nacional prevê que o Brasil produza todo o combustível que as movimenta. O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Márcio Zimmermann, afirmou que o Brasil deve dominar a partir de 2012 todo o ciclo do urânio para poder ser auto-suficiente até 2030. Falta pouco para o País alcançar essa condição. Atualmente a INB só não converte o material conhecido como yellow cake, resultado do beneficiamento do urânio extraído das jazidas, para o estado gasoso. “A falta de escala era a razão do envio do yellow cake ao exterior, mas, com a entrada da usina de Angra 3, essa atividade será feita internamente”, explica o assessor da presidência da INB, Luiz Filipe da Silva. A fornecedora de equipamentos será a francesa Areva.
DCI