Importações em agosto batem recorde
03/09/08
As importações no mês de agosto bateram recorde histórico tanto em valor quanto pela média diária, informou ontem o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. As compras somaram no mês passado US$ 17,478 bilhões, com média diária de US$ 832,3 milhões. As exportações registraram o segundo maior valor mensal da história, totalizando R$ 19,747 bilhões, com média diária de US$ 940,3 milhões. Com isso, a balança comercial fechou o mês de agosto com um superávit de US$ 2,269 bilhões. No ano, o superávit é de US$ 16,907 e, nos últimos 12 meses, de US$ 29,481 bilhões.Segundo o Ministério, em agosto, do lado das importações, o destaque ficou com combustíveis e lubrificantes, cujas compras aumentaram 132,6% em relação a agosto de 2007. As importações de bens de capital subiram 104,4% e de bens de consumo, 52%. As importações de matérias-primas e intermediários subiram 49,7%. As exportações de manufaturados, básicos e semimanufaturados registraram recorde para meses de agosto. O maior crescimento foi em produtos básicos, que registrou uma expansão de 74,8% em relação a agosto do ano passado. As maiores vendas ocorreram em minério de cobre, petróleo em bruto, minério de ferro, soja em grão e carnes de frango e bovina.As exportações de semimanufaturados subiram 49%, puxadas por semimanufaturados de ferro e aço, ferro fundido, ferro-ligas e óleo de soja em bruto. Já os embarques de produtos manufaturados cresceram 19,6% em função, principalmente, das exportações de gasolina, álcool etílico, óxidos e hidróxidos de alumínio, tratores e aviões.O Ministério do Desenvolvimento destaca que os principais aumentos em quantidades exportadas ocorreram em álcool etílico, ferro fundido, semimanufaturados de ferro e aço, aviões, tratores, gasolina, petróleo em bruto e algodão em bruto. Por outro lado, vários produtos importantes da pauta de exportação também apresentaram elevação de preços como, por exemplo, semimanufaturados de ferro e aço, petróleo, minério de ferro, soja em grão, óleos combustíveis, carne suína, laminados planos, farelo de soja e óleo de soja em bruto.No acumulado de janeiro a agosto, tanto exportações quanto importações bateram recorde histórico para o período. As vendas externas em oito meses somaram US$ 130,843 bilhões, e as importações totalizaram US$ 113,936 bilhões. O desempenho do comércio exterior brasileiro também foi recorde para o acumulado de 12 meses. As exportações do País somaram US$ 189,059 bilhões, praticamente alcançando a meta do governo para 2008, que é de US$ 190 bilhões. As importações atingiram US$ 159,578 bilhões no período.Balança comercial de petróleo acumula déficitA balança comercial de petróleo e derivados de janeiro a agosto deste ano acumula um déficit de US$ 5,440 bilhões. Esse valor é resultado de importações de US$ 21,192 bilhões e exportações de US$ 15,752 bilhões. O déficit comercial da balança de petróleo no mesmo período de 2007 foi de US$ 2,384 bilhões.Em função do crescimento desse déficit, a balança de petróleo é responsável por cerca de 30% da diferença do saldo da balança comercial em 2008. O superávit comercial acumulado de janeiro a agosto é US$ 10,5 bilhões menor que o superávit acumulado no mesmo período de 2007.O secretário de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Welber Barral, destaca, no entanto, que a balança de petróleo nos últimos anos sempre foi deficitária. Ele afirmou que os déficits dos anos anteriores eram proporcionalmente maiores ao volume importado.O secretário disse também que o comportamento da balança de petróleo nos próximos meses vai depender fundamentalmente do comportamento dos preços do barril de petróleo. Ele destacou que as importações de petróleo e derivados aumentaram 62% em preço e 9% em quantidade. Do lado das exportações, a elevação nos preços foi de 78% enquanto houve queda de 8% na quantidade exportada. O secretário ainda afirmou que o Brasil tem aumentado as quantidades importadas de óleo diesel, gás natural e petróleo. Segundo ele, isso ocorre porque parte do consumo de gasolina no Brasil tem sido substituído pelo álcool. Esse movimento tem feito com que a Petrobras importe o óleo diesel pronto ao invés de comprar petróleo para fazer o refino e produzir o diesel. Por outro lado, tem sobrado, segundo ele, mais gasolina para ser exportada.Embarque de carne aumenta 2,9%As exportações de carne bovina in natura tiveram desempenho positivo no mês de agosto. Tanto em volume quanto em receita, os embarques brasileiros apresentaram crescimento em comparação ao mês de julho, sinalizando que, mesmo com preços elevados, ainda existe demanda para o produto no mercado internacional.Segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), no mês passado o Brasil exportou 96,1 mil toneladas de carne bovina, volume 2,9% superior ao registrado em julho, de 93,4 mil toneladas. Em relação a agosto de 2007, no entanto, o volume do mês passado representa uma queda de 13,1%. Já em receita, os embarques de agosto renderam US$ 417,1 milhões, o que representa um aumento de 6,7% em comparação a julho de 2008 e de 36,1% em relação a agosto do ano passado.No caso da carne suína, os dados do MDIC mostram que o setor registrou perdas no mês passado. O volume exportado em agosto foi de 42,1 mil toneladas, uma retração de 16,5% em comparação a julho e queda de 29,5% ante agosto do ano passado, quando foram exportadas 59,7 mil toneladas do produto. Em receita, os embarques do mês passado renderam US$ 137,1 milhões, resultado 13,1% inferior a julho. Devido aos elevados preços que o produto atingiu no mercado internacional nos últimos meses, em comparação a agosto de 2007, as exportações do mês passado registraram um aumento na receita de 18,4%.O ritmo de crescimento das exportações de carne de frango foi interrompido em agosto. As vendas externas no mês passado somaram 296,7 mil toneladas, queda de 3,1% em comparação a julho, mas um crescimento de 7,6% em comparação ao mesmo mês de 2007. Nova política poderá reduzir vendas brasileiras para a União EuropéiaO novo regulamento de importação de substâncias químicas para a União Européia (UE), chamado Registro, Avaliação e Autorização de Substâncias Químicas (Reach, na sigla em inglês), deverá causar uma pequena redução das vendas externas brasileiras para os 27 países do bloco. De acordo com Nicia Mourão, coordenadora da Comissão de Regulamentação e Gestão de Produtos da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a retração ocorrerá nos setores que exportam com margens reduzidas e nas vendas casuais, a partir do momento em que a norma entrar em vigor, no dia 2 de dezembro. A medida deverá atingir diretamente 1,5 mil empresas brasileiras, que exportam um montante de US$ 9 bilhões para a Europa.”O custo para se adaptar à; regulamentação será elevado, e provavelmente algumas empresas deixarão de vender produtos para a Europa”, comentou Nicia ontem, em seminário na Fiergs. A liberação da entrada das mercadorias para a UE dependerá da aprovação por parte de um representante legal, e, embora os valores não estejam estabelecidos, a estimativa é de que o custo deste processo será elevado. “Os representantes serão diretamente responsabilizados pelos produtos que autorizarem a serem vendidos na Europa, por isso se pode esperar um processo exigente e caro”, acredita.Além disso, o sistema poderá desencorajar empresas a inovarem o que produzem, tendo em vista a necessidade de um novo processo de avaliação. As companhias que já exportam para a Europa ou pretendem iniciar os embarques, no entanto, têm prazo até dia 1 de dezembro para obter o pré-registro na Agência Européia de Substâncias Químicas (Echa). Desta forma, poderão continuar comercializando até que a Echa conclua um parecer. No total, 30 mil substâncias serão avaliadas, incluindo tintas, metais, plásticos, produtos de limpeza, minerais, fogos de artifício, canetas, entre outros. Cada substância será avaliada uma única vez, podendo ser liberada para empresas concorrentes após a aprovação. O período de avaliação dependerá da cada caso. A especialista explica que a norma causará impacto em toda a cadeia produtiva das companhias. Um exportador de frango, por exemplo, cobrará do fornecedor embalagens adaptadas à;s exigências européias. “Estamos sugerindo que as empresas químicas já comecem a se mobilizar e procurem suas associações de classe para obterem mais informações sobre o pré-registro”, recomenda Nicia, reconhecendo que muitos exportadores já iniciam os procedimentos.A adoção total da norma Reach ocorrerá até 2018. Substâncias com exportações acima 1 mil toneladas por ano para a UE serão verificadas até 2010. De 100 toneladas a mil toneladas, serão avaliados entre 2010 e 2013. Por fim, substâncias com exportação de até 100 toneladas anuais passarão pelo estudo entre 2013 e 2018.
Jornal do Comércio – RS