IBRAM: SETOR DE MINERAÇÃO DEVE SE RECUPERAR A PARTIR DE 2010
13/07/09
São Paulo, 10 – Depois de ser fortemente atingido pela crise mundial, o setor de mineração brasileiro deve apresentar alguma melhora no segundo semestre, mas a volatilidade do mercado ainda é muito grande, na visão do presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Penna.
Segundo ele, uma recuperação mais consistente só deve ocorrer a partir do quarto trimestre ou no início de 2010. “O certo é que o setor não deve voltar ao colapso que ocorreu em novembro e dezembro de 2008”, disse em entrevista à Agência Estado.
Nos últimos meses do ano passado, as vendas de minério de ferro chegaram a cair pela metade, passando de 25 milhões de toneladas (média de janeiro a outubro) para 13 milhões de toneladas em dezembro. No primeiro semestre de 2009, houve uma melhora na média mensal, que foi de 19,5 milhões, sustentada principalmente pela China. O país costumava representar cerca de 35% do consumo de minério de ferro transoceânico, mas sua participação subiu para 50% devido à retração dos Estados Unidos e dos países europeus.
Apesar na melhora nas vendas em relação ao final de 2008, os resultados são marcados por uma forte oscilação: as vendas chegaram a 23,5 milhões de toneladas em abril, mas recuaram para 15,3 milhões de toneladas em maio; em junho, nova recuperação, para 21,3 milhões de toneladas. “Paramos de cair, mas estamos retomando com muita volatilidade”, afirmou.
De acordo com o executivo, o setor voltou a contratar mão-de-obra desde abril, com 600 novos postos de trabalho por mês . Hoje, o setor conta com 151,2 mil empregados, 6% abaixo dos 161 mil empregados no final de 2008. Dentre os diferentes segmentos da indústria mineral, o de agregados da construção civil (areia e brita) foi o que menos sofreu com a crise. Sozinho, ele emprega 65 mil trabalhadores diretos.
A retomada dos preços das commodities metálicas nos últimos meses trouxe algum alento para as empresas, mas as cotações ainda seguem muito distantes dos níveis dos anos anteriores. O alumínio subiu 4% neste ano, mas acumula queda de 46% nos últimos 12 meses. O níquel, um dos principais negócios da Vale, subiu 15% em 2009, mas caiu 35% nos últimos doze meses. Entre 2000 e 2009, o metal acumulou alta de 79%. “Estamos longe dos resultados dos últimos anos”, disse o presidente do Ibram.
Devido ao novo cenário mundial, a mineração revisou suas previsões de investimento. A expectativa de investir US$ 54 bilhões entre 2008 e 2012 foi reduzida em abril para US$ 47 bilhões entre 2009 e 2013.
Neste ano, a Vale informou que reduziu seus investimentos para 2009 de US$ 14 bilhões para US$ 9 bilhões. Alguns projetos estão sendo alongados devido à falta de visibilidade do mercado.
A maior preocupação do setor de mineração neste momento diz respeito aos custos de produção. Segundo o presidente do Ibram, as empresas precisam fazer um esforço muito maior para serem competitivas no atual contexto econômico. “O bolo a ser dividido está muito menor”, disse. Mesmo assim, ele afirmou que os próximos eventos do setor, o 13º Congresso Brasileiro de Mineração e o Exposibram 2009 (para máquinas e equipamentos) estão com uma procura maior do que a esperada por parte das empresas. Os eventos ocorrerão entre 21 a 24 de setembro, em Belo Horizonte (MG).
“Quase todos os espaços da feira estão ocupados, o que é algo inédito em um momento de crise”, afirmou.
(Natalia Gómez)
Agência Estado