Iabrudi assume Magnesita e prioriza mercado externo
01/10/07
Ronaldo Iabrudi assume hoje a presidência da Magnesita com a meta de internacionalizar a companhia e dobrar o faturamento em dois anos. Em 2006 a receita foi de R$ 1,5 bilhão. Pretende trilhar o caminho para o exterior aliado aos grandes clientes das indústrias siderúrgica e cimenteira, os maiores consumidores dos materiais refratários que a Magnesita produz. No decorrer da semana, ele tem agendadas reuniões com executivos da Gerdau, Açominas, Usiminas e ArcelorMittal Tubarão para começar desenhar a internacionalização. Este é apenas um começo. A estratégia definida nas últimas três semanas, desde que recebeu o convite para presidir a companhia, passa, inicialmente, pela criação de uma plataforma de vendas na América Latina para depois avançar para Estados Unidos e Canadá. Ele está montando o planejamento estratégico da indústria mineira para os próximos cinco anos. E trabalha no orçamento de 2008. Na sexta-feira, antes mesmo de assumir o novo cargo, Iabrudi enviou um representante da companhia ao Chile para visitar uma unidade da Gerdau. Em conversa como Valor, o executivo relatou que há algum tempo as grandes siderúrgicas brasileiras já vinham pleiteando à direção da Magnesita o fornecimento de refratários para suas subsidiárias no exterior. Essa demanda potencial vai deslanchar o processo de internacionalização concretizando o projeto de Iabrudi de ter uma companhia com significativa participação de mercado fora do país.”Quem tem feito maiores demandas tem sido a Mittal e a Gerdau e a cimenteira Lafarge, cliente nosso que está no mundo inteiro. Estou imaginando que, a princípio, vamos acompanhar essas empresas no nosso crescimento fora do Brasil. A idéia é montar uma pequena estrutura nas unidades dos clientes. Com um engenheiro residente e outro técnico para checar se o produto chegou com qualidade. Para termos sucesso neste modelo de negócio, vamos precisar ter uma visão de logística de minério muito bem definida”, diz. Mas nem tudo está pronto na cabeça do executivo, contratado pelos novos controladores: a GP Participações e Gávea Investimentos. “Fiz uma negociação com os controladores para ficar dez anos na empresa. Pretendia deixar de ocupar cargos executivos. Estava em conselhos e me dedicando à minha fazenda. Mas me apresentaram uma empresa com estrutura societária simples, sem complexidade. E uma companhia tem uma pérola na mão que são os recursos naturais. Ela tem o melhor no mundo quando se compara as minas de melhor qualidade para se fazer refratários. E, ainda, corpo técnico equivalente a ouro. Só isso é um negócio que mexe com você. Fixamos uma meta de fazer uma nova Magnesita. A mudança da companhia será no curto prazo”, diz. Hoje, tão logo assuma o posto, pretende “chegar e ouvir as pessoas” para assim deslanchar o processo de planejamento. Iabrudi, que cortou drasticamente custos e posições quando presidiu a Telemar, de 2001 até junho de 2006, diz que na Magnesita seus planos de reestruturação também passam pelo corte de custos mas com aproveitamento “ao máximo” da equipe da casa. Sairão apenas os diretores societários e os da família Pentagna Guimarães que vendeu a empresa, em agosto, por R$ 1,24 bilhão. Os novos sócios adquiriram 70,7% do capital votante e 38,6% do capital total. “Vamos cortar custos, passar por um processo de mudança muito forte e muito rápido, ampliando o quadro técnico, intensificando a formação de mão-de-obra. Vamos melhorar processos e quando isto acontece, acaba diminuindo a quantidade de pessoas, mas este não é o nosso foco. O foco não é rolar cabeças. Vamos, também, renegociar todos os contratos com os fornecedores, melhorar a estrutura de produção com área comercial integrada. O grande ganho será por aí. A proposta é convidar todos os fornecedores para discutir de forma racional os contratos. A empresa crescia 10% ao ano e a idéia é saltar para 30%”, informa. Iabrudi está muito otimista com o cenário de crescimento da siderurgia, do cimento e do país. “A siderurgia brasileira vai produzir este ano 33,5 milhões de toneladas de aço. Estou projetando para 2013 uma produção de 50 milhões de toneladas. Acho que o cimento cresce 50%”. Para ele, as estimativas são viáveis porque a classe média começa a ter acesso ao sonho da casa própria. Prevê que o ganho da Magnesita deve acompanhar o avanço do setor siderúrgico e não antevê crise no setor imobiliário brasileiro. “Nos Estados Unidos vamos ter problemas de crescimento, no Brasil, não”, diz. A Magnesita tem caixa suficiente, de mais de R$ 260 milhões, para fazer face aos investimentos necessários para sua internacionalização, disse o executivo. A companhia não tem dívidas. E, além disto, ganha na venda de refratários por tonelada de aço produzido. “A Magnesita desenhou um modelo de negócio em que não vende o produto, o cliente paga por tonelada de aço vazado e por tonelada de cimento”, revelou. A novidade foi implantada pelos ex-controladores na época do governo Collor, para se defender contra a abertura comercial que zerou a alíquota de importação de refratários. Com isto, ela fez uma aposta enorme na qualidade. Iabrudi visitou as fábricas da Magnesita há 15 dias. A empresa tem quatro unidades em Contagem e a mina mais importante fica em Brumado, Norte da Bahia, com jazidas de magnesita e talco. A vida útil é de 150 anos. Foto: Carol Carquejeiro – Valor Econômico
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