Há caminho seguro para as mineradoras negociarem em bolsa de valores
31/08/23
A TSX, do Canadá, está de olho no mercado da América Latina, onde o Brasil aparece com apenas 45 empresas listadas na bolsa, mas com grande potencial de crescimento.
Para contemplar todas as áreas de interesse do setor da mineração, incluindo os investimentos do mercado internacional, a EXPOSIBRAM 2023 reuniu no mesmo espaço quatro especialistas para detalhar os passos para listar uma empresa mineradora na bolsa de valores do Canadá. É que o país, em especial, tem uma bolsa que opera com foco no setor mineral. Para se ter ideia do que isso significa, das empresas listadas na Toronto Stock Exchange (TSX) e seu braço TSX Venture, 50% são do setor mineral.
Com operações em Toronto, Vancouver e Montreal, no Canadá, a TSX listou mais de 700 empresas nos últimos anos – mais de 300 delas são de mineração. Das 44 novas listadas só no ano passado, 20 são mineradoras. Ou seja, o ano fechou com a média de quase 50% dedicados ao setor. Mas, afinal, como uma mineradora faz para figurar em uma das maiores bolsas de valores do mundo, com mais de 170 anos de operações no mercado de valores?
De cara, o advogado Adriano Drummond avisa que não é uma tarefa fácil, mas é possível, tanto que muitas empresas chegaram lá, principalmente na TSX, que está de olho no mercado da América Latina. Drummond, que também é especialista na área, professor de Direito e sócio do escritório Filho Marrey Jr. e Quiroga Advogados, faz parte de um sistema de consultoria qualificada para apoiar as empresas para este fim, também chamadas no processo de “qualified people” ou QP, mas que, especificamente neste caso, significa uma pessoa jurídica qualificada, envolvendo toda uma equipe técnica. “Pode ser que alguma empresa brasileira tenha conseguido chegar sozinha à bolsa. Eu não conheço nenhuma, porque são passos bem difíceis de se cumprir sozinho”, orienta.
Cooperação
Outra cooperação importante que as empresas precisam correr atrás é a da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC). Arminio Calonga Junior, representante da CCBC, explica que o órgão aponta uma série de caminhos para a obtenção das documentações necessárias para operar negócios no Canadá, como os relatórios de comprovação do bom funcionamento de áreas como governança corporativa, saúde financeira e áreas técnicas, entre outras.
Em todas as áreas, no entanto, Calonga também orienta que a CBC aponta caminhos, mas é de fundamental importância que a empresa tenha uma consultoria para a execução desses passos, especialmente para adequá-los ao National Instrument (NI) 43-101, que é a normativa canadense para a divulgação de resultados, em especial sondagens, por empresas de mineração listadas em bolsas no Canadá. A norma detalha os procedimentos exigidos para a produção dos relatórios e dá definições e, principalmente, identifica a necessidade de pessoa qualificada para ser legalmente responsável pelo relatório.
Mercados
Assim como para as empresas canadenses que comercializem ações ao público, o cumprimento à risca das normas da NI 43-101 é exigido também para as empresas estrangeiras que desejam operar na bolsa canadense, no caso a TSX, onde o mercado brasileiro ainda está muito atrás dos outros países latinos, mas com grande potencial de expansão.
Quem diz isso é o próprio representante da bolsa de Toronto no Brasil, Guillaume Legare, Head South America da TMX Group. Ele apresentou os dados mais recentes e, das 316 empresas latinas listadas na bolsa, somente 45 são brasileiras. “O Brasil está mal representado em nível de América Latina, mas tem todas as condições de crescer, as empresas têm bons projetos e a mineração é hoje o mercado mais importante para a bolsa de Toronto”, garante Legare.
Em termos de comparação, enquanto o Brasil tem 45 empresas listadas na TSX, a Argentina tem 52, o Peru 60, o Chile 42 e a Colômbia 27, mas em um espaço muito menor de tempo e um grande potencial para crescer também. Isso apenas para falar da América Latina, mas em relação a outros mercados mineradores, 40% das empresas estão na TSX, o que representa cerca de 35% do capital da mineração.
Caminho
A Bravo Mining é uma das empresas brasileiras na TSX, que foi uma das duas listadas no ano passado. O CEO da companhia, Luis Mauricio Ferraiuoli, já havia listado outras mineradoras onde foi CEO e já conhecia o caminho. Mesmo assim, ele reforça que não é fácil, e as empresas que querem fazer isso com seriedade precisam se preparar com pelo menos dois anos de antecedência.
Ao se candidatar, a empresa já precisa apresentar uma série de relatórios adequados à NI 43-101 – ou seja, já precisam ter o resultado do trabalho da consultoria, que custa, em média, U$ 10 mil dólares, mas isso não é uma regra e pode atingir valores muito maiores, a depender do projeto. Há projetos, por exemplo, que custam em torno de U$ 200 mil dólares.
Sobre a EXPOSIBRAM – Composta de multiatividades em um único período e local, a Exposibram é realizada anualmente e conta com a participação das principais entidades relacionadas ao setor mineral. A feira internacional é a maior vitrine para geração de negócios. Já o congresso debate cenários e revela as tendências do segmento.
Patrocínios
Figuram como patrocinadores da EXPOSIBRAM 2023 até o momento: Armac (Diamante), Vale (Diamante), Casa dos Ventos (Platina), Hydro (Platina), Anglo American (Ouro), BHP (Ouro), Hexagon (Ouro), Kinross (Ouro), Nexa (Ouro), Alcoa (Prata), Bemisa (Prata) Geosol (Prata), Mineração Usiminas (Prata), Appian Capital Brazil (Bronze), Brazauro Recursos Minerais (Bronze), CBMM-Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (Bronze), Centaurus Metals (Bronze), Geocontrole (Bronze), Gerdau (Bronze), Largo (Bronze), Mosaic Fertilizantes (Bronze), WSP (Bronze) e Yara Brasil (Bronze).
Apoios
Apoiam institucionalmente o evento a Associação Brasileira da Indústria de Ferramentas em Geral, Usinagem e Artefatos de Ferro e Metais (ABFA), Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), Associação Brasileira de Engenheiros de Mineração (ABREMII), Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Associação das Mineradoras de Ferro do Brasil (AMF), Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção (ANEPAC), Associação Paulista de Engenheiros de Minas (APEMI), Associação Paraense de Engenheiros de Minas (Assopem), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBMG), Comissão de Direito Minerário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB MG), Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (SINDIEXTRA) e Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (SINDIPEDRAS).
A EXPOSIBRAM 2023 conta, ainda, com o apoio editorial das Revistas Amazônia, Areia e Brita, Brasil Mineral, Cidades Mineradoras, Eae Máquinas, Minérios & Minerales, Mineração e Sustentabilidade, In The Mine, PIM Amazônia e dos sites Climatempo, Conexão Mineral, Notícias de Mineração do Brasil e Notícia Sustentável.