Grandes mineradoras investem pesado
23/02/07
Mesmo com baixa das commodities, empresas levam adiante projetos de expansãoPOR PATRICK BARTA – THE WALL STREET JOURNAL
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CIDADE DO CABO, África do Sul – Os preços de algumas commodities caíram nos últimos meses. Mas as grandes mineradoras continuam a investir pesado e traçar planos para abrir mais minas – o que pode baixar os preços ainda mais nos próximos anos.
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Gigantes como a brasileira Companhia Vale do Rio Doce e as anglo-australianas BHP Billiton Ltd. e Rio Tinto PLC têm planos para projetos avaliados conjuntamente em dezenas de bilhões de dólares. Entre eles, grandes expansões na produção de minério de ferro, carvão, níquel e outras matérias-primas cujos preços subiram nos últimos anos por causa da demanda na China e em outros países.
A gastança pode impulsionar uma virada no mercado. No passado, as mineradoras anunciavam o desejo de ir devagar na expansão da produção. Executivos do setor diziam que queriam mais tempo para medir a força e a duração da expansão econômica chinesa. Eles lembravam de bolhas parecidas, quando as mineradoras aprovara novos projetos rápido demais, o que levou a um excesso de produção de metais.
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Agora, depois de vários anos de lucros abundantes, os acionistas estão pressionando as empresas a mostrar que têm projetos na manga para sustentar o crescimento nos próximos dez anos.
Ao mesmo tempo, os bancos e outros fornecedores de capital estão sentindo-se mais confortáveis em financiar grandes empreendimentos de mineração, inclusive projetos de alto risco desenvolvidos por empresas menores e mais obscuras. A canadense Nautilus Minerals Inc. é um exemplo. Ela disse ter captado mais de US$ 300 milhões para um projeto de ouro e cobre no fundo do oceano próximo de Papua- Nova Guiné, com o apoio financeiro de várias grandes mineradoras.
“No momento, parece que se você tem um pedaço de papel com o rascunho de um projeto, consegue” captar recursos, diz Mark Tyler, diretor de mineração e recursos naturais do banco sul-africano Nedbank Group Ltd.
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Alguns preços de metais continuaram a subir nos últimos meses, mas outros – como o do cobre e o do zinco – caíram. O cobre chegou a US$ 8.500 a tonelada em maio. Desde então, caiu mais de 30%, em parte por causa de preocupações com o enfraquecimento do mercado imobiliário dos EUA e um crescimento mundial um pouco menor. Alguns especuladores também optaram por sair do mercado porque temiam que o boom mundial das commodities tivesse atingido o auge.
Os executivos das mineradoras, assim como muitos analistas do setor, acreditam que a enxurrada de novos projetos não vai devolver os preços dos minerais para a sua média histórica tão cedo. Eles citam o crescimento contínuo da economia chinesa, que em 2006 foi de 10,7%. Executivos também apontam a falta de mão-de-obra e equipamento especializados, assim como os longos prazos e o custo alto geralmente envolvidos na abertura de uma nova mina.
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O crescimento maior do que o previsto da economia dos Estados Unidos pode reverter a tendência recente de queda de algumas commodities, como o cobre. Muitos analistas prevêem que o cobre, o zinco e outros metais vão subir de novo no segundo semestre.
“A capacidade do setor para transformar seus planos em produção real continua restringida pelo acesso a novas grandes jazidas e a escassez de equipamentos e de expertise no mundo”, disse Paul Skinner, presidente da Rio Tinto, num evento com investidores no início do mês. Essas restrições “vão continuar em 2007”, disse.
Também é possível que grandes empresas cancelem alguns de seus planos de expansão, especialmente se os preços baixarem ainda mais.
Mesmo assim, a corrida para desenvolver novas minas pode pelo menos resolver alguns dos gargalos na oferta, que ajudaram a aumentar os preços nos últimos anos.
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A BHP Billiton, a mineradora com maior valor de mercado no mundo, é uma das que vêm investindo mais pesado, com US$ 17,5 bilhões em projetos em graus variados de desenvolvimento, um crescimento de quase 50% ante 18 meses atrás.
A Anglo American PLC, de Londres, tem US$ 22 bilhões em projetos em andamento ou planejados, enquanto a Rio Tinto tem mais de US$ 15 bilhões em projetos, alguns dos quais em “estágio avançado de estudo”, segundo ela.
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A Anglo American PLC, de Londres, tem US$ 22 bilhões em projetos em andamento ou planejados, enquanto a Rio Tinto tem mais de US$ 15 bilhões em projetos, alguns dos quais em “estágio avançado de estudo”, segundo ela.
O Estado de São Paulo