Grande BH puxa o PIB de Minas Gerais
13/01/09
Lastreados na produção de bens e de atendimento à população, municípios da Grande BH foram responsáveis por 34,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado
Marta Vieira
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Disposto a enfrentar os efeitos da crise econômica mundial sem arredar pé da crença numa recuperação rápida da economia brasileira, o comerciante Helvécio Siqueira Braga está decidido a investir R$ 1 milhão este ano em duas filiais da Padaria Castelinho, instalada no município de Betim, na Grande Belo Horizonte. O investimento vai gerar 70 empregos diretos, na contramão do enxugamento de mão-de-obra em grandes empresas afetadas pela escassez do crédito e a retração das exportações.Menos confiante, mas satisfeito da mesma forma com o desempenho do posto de gasolina que abriu há quase quatro anos em Confins, também no entorno da capital mineira, João Batista da Silva ainda vê muito espaço para a cidade crescer. Em comum, Braga e Silva podem comemorar o fato de terem seus negócios instalados na Região Metropolitana de BH, que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aumentou de forma significativa sua fatia na produção de bens e serviços em relação ao resto do estado, conforma mostra o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais.A Grande BH foi responsável por 34,5% de tudo o que a economia mineira produziu em 2006 (são os dados mais recentes), frente à contribuição de 33,9% em 2002, com base no levantamento dos PIBs municipais do país, concluído em dezembro pelo IBGE. O avanço, em detrimento do interior do estado, que perdeu participação no bolo total, foi resultado da boa performance de uma dúzia de muncípios liderados por Betim e Confins. Enquanto esse grupo engordou a sua fatia, a capital ficou para trás, embora representando a maior cota individual do PIB de Minas. BH, que participava com 16,35% em 2002, responde agora por 15,23%.A pesquisadora Maria Aparecida Sales Souza Santos, da Fundação João Pinheiro (FJP), estudou o comportamento da economia nos 34 municípios da região metropolitana da capital, que em 2006 tinha um PIB de R$ 74,16 bilhões, ante os R$ 214,81 bilhões do PIB mineiro total. Na comparação com 2002, Confins passou a contribuir mais de sete vezes acima para o resultado, apesar de sua modesta parcela inferior a 0,5% do PIB de Minas, nada surpreendente para um município de apenas 5,7 mil habitantes. O dinamismo se deve à expansão das empresas prestadoras de serviços, depois da transferência de voos da Pampulha para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves e da conclusão das obras da Linha Verde, via de acesso rápido que liga o Centro da capital ao terminal aeroportuário.Betim, que tem sua economia sustentada pelo polo industrial de automovéis puxado pela Fiat, exibiu um crescimento de 22,5% na sua participação no PIB de Minas, de 8,72% em 2006, ante 7,12% cinco anos antes, uma evolução notável, segundo Aparecida Sales. ?O PIB não pode ser entendido como indicador de qualidade de vida, mas a sua redistribuição é muito positiva e refletiu, basicamente, o dinamismo da indústria e do setor de prestação de serviços na Grande BH?, afirma.Na lista das cidades que se destacaram no PIB de Minas, estão outros pesos pesados da indústria da mineração e da metalurgia: Brumadinho, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa e Itatiaiuçu. Sustentados pela atividade de prestação de serviços, entraram Ibirité, Igarapé, Lagoa Santa, Itaguara, Nova União e Taquaraçu de Minas. O interior do estado contribuiu com R$ 140,65 bilhões em 2006, representando 65,5% bolo, quando em 2002 participou com 66,1% do total.O desafio dos municípios do entorno da capital mineira, agora, é manter o status de carro-chefe da economia do estado, diante das previsões de tempos difíceis para os indicadores econômicos no mundo. Cleanto Marcos Pedrosa, secretário de Desenvolvimento Econômico de Betim, começou os primeiros dias na pasta com o trabalho adicional de fortalecer a estrutura de apoio e incentivo à implantação de empresas. ?A crise é fato e não podemos recuar, com qualquer sintoma dela. Teremos um crescimento menor este ano, mas o nosso trabalho é tentar buscar mais desenvolvimento?, afirma. A Prefeitura de Betim tem uma razão especial para não ficar de braços cruzados. A população do município de 415 mil habitantes tem crescido ao ritmo de quase 20 mil pessoas por ano.
OS MELHORESMunicípios da Grande Belo Horizonte que mais aumentaram a sua contribuição na economia de Minas entre 2002 e 2006, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB, a soma da produção de bens e serviços)CONFINS (1)População – 5,7 mil habitantesPrincipal atividade – serviçosQuanto aumentou a participação na economia; – 700%BETIM (2)População – 415,1 mil habitantesPrincipais atividades – indústria e serviçosQuanto aumentou a participação na economia; – 22,5%IBIRITÉ (3)População – 148,5 mil habitantesPrincipais atividades -; indústria e serviçosQuanto aumentou a participação na economia; – 16%IGARAPÉ (4)População – 31,1 mil habitantesPrincipais atividades -; indústria e serviçosQuanto aumentou a participação na economia; – 20,7%ITATIAIUÇU (5)População – 8,9 mil habitantesPrincipais atividades – indústria e serviçosQuanto aumentou a participação na economia; – 73%ITAGUARA (6)População – 12,3 mil habitantesPrincipais atividades -; indústria e serviçosQuanto aumentou a participação na economia; – 17,2%LAGOA SANTA (7)População – 44,9 mil habitantesPrincipais atividades -; indústria e serviçosQuanto aumentou a participação na economia; – 10%TAQUARAÇU DE MINAS (8)População – 3,8 mil habitantesPrincipais atividades – serviços e agropecuáriaQuanto aumentou a participação na economia; – 7,1%NOVA UNIÃO (9)População – 5,5 mil habitantesPrincipais atividades – serviços e agropecuáriaQuanto aumentou a participação na economia; – 9,4%SÃO JOSÉ DA LAPA (10)População – 17,9 mil habitantesPrincipais atividades – indústria e serviçosQuanto aumentou a participação na economia; – 3,1%SÃO JOAQUIM DE BICAS (11)População – 22,2 mil habitantesPrincipais atividades – indústria e serviçosQuanto aumentou a participação na economia; – 16%BRUMADINHO (12)População – 21 mil habitantesPrincipais atividades – indústria e serviçosQuanto aumentou a participação na economia; – 39,1%
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