Governo pretende criar estatal para cuidar dos rejeitos nucleares
04/07/07
O governo planeja criar uma estatal com o objetivo de gerenciar os rejeitos de baixa e média atividade produzidos pelas usinas nucleares de Angra 1 e 2. O projeto é antigo, mas ganhou novo fôlego com a aprovação da construção de Angra 3 e com a perspectiva de investimento em novas usinas nucleares nos próximos anos. A proposta deve ser incluída no plano de ação 2007-2010 do Ministério de Ciência e Tecnologia. A principal função da nova estatal seria cuidar do armazenamento definitivo dos rejeitos de baixa e média atividade, como roupas, botas, luvas e ferramentas. Esses materiais estão guardados em tambores em depósitos iniciais no terreno das usinas de Angra 1 e 2. Segundo o ministério, o documento ainda está em fase de elaboração. A Eletronuclear, estatal que administra as usinas, está construindo o terceiro depósito inicial e ampliando o segundo. O orçamento da obra de criação de um novo depósito é de R$ 15,2 milhões. Estão guardados 2.150 metros cúbicos de rejeitos ou 5.815 tambores. Se a proposta não vingar, o depósito definitivo deve ficar para 2012. O assessor da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, afirma que a criação da estatal é favorável para o setor. “A idéia é dar mais agilidade a essa atividade. Esse é o modelo adotado em todos os países”, disse. A responsável hoje pela definição do depósito definitivo de rejeitos de baixa e média atividade é a Cnen – Comissão Nacional de Energia Nuclear. Na Espanha, por exemplo, o gerenciamento dos rejeitos é de responsabilidade da Enresa, estatal criada em 1984 para cuidar do armazenamento e transporte do lixo nuclear, da restauração ambiental e da desativação de instalações nucleares. A idéia do governo é criar um depósito que receba também rejeitos hospitalares, que atualmente são levados para depósitos intermediários, gerenciados pela Cnen. A receita da nova estatal seria a cobrança de taxas sobre o armazenamento dos rejeitos. Segundo Guimarães, a medida não interferirá no custo da energia nuclear.
Folha On Line