Fundo do mar é a nova fronteira da mineração
06/06/12
Uma nova classe de firmas de mineração especializadas planeja mergulhar fundo no oceano em busca de ricas jazidas de metais e minerais, à medida que a tecnologia e a demanda tornam o leito do mar cada vez mais atraente como a nova grande fronteira da mineração.
Iniciativas anteriores para explorar jazidas em águas profundas não deram certo, pois as reservas eram caras demais para minerar e fora do alcance tecnológico. Agora, novos avanços em robótica, mapeamento computadorizado e perfuração ? combinados com uma alta histórica nos preços de commodities ? estão reascendendo o interesse.
A busca pela mineração marinha, que começou há mais de um século, sofreu na sexta-feira seu revés mais recente, quando a Nautilus Minerals Inc. disse que problemas de financiamento adiariam o projeto de uma mina de cobre e ouro a 1,6 quilômetro de profundidade no Pacífico Sul.
Mesmo assim, um punhado de empresas canadenses estão suficientemente próximas de fechar contrato com os primeiros clientes e estabelecer orçamentos e cronogramas de perfuração.
A DeepGreen Resources Inc., sediada em Vancouver, disse semana passada que a trading suíça de commodities Glencore International PLC fechou acordo para comprar metade do níquel e cobre que a mineradora planeja obter de nódulos do tamanho de bolas de tênis a quase cinco quilômetros abaixo da superfície, entre o Havaí e o México. Os nódulos contêm cerca de 30% de manganês, metal usado na fabricação do aço juntamente com cobalto, níquel e cobre. A DeepGreen espera começar a produzir até 2020.
A Diamond Fields International Ltd., também de Vancouver, na província de British Columbia, planeja até 2014 usar um navio ou plataforma equipada com um duto de cerca de 1,5 quilômetro para sugar partículas finas em suspensão no fundo do Mar Vermelho. A companhia diz que as partículas têm alto teor de cobre, zinco, prata e pequenas quantidades de ouro.
A Nautilus Minerals fechou este ano o primeiro contrato de exploração de cobre e ouro que espera produzir na costa da Papua Nova Guiné. A empresa de Toronto tem um sistema de submersíveis que vai cavar o leito do oceano e enviar material rico em minério por tubos para processamento na superfície. A empresa pretende iniciar a produção no fim do ano que vem, mas disse sexta-feira que entrou em “disputa” com o governo da Papua Nova Guiné por causa do financiamento e alertou que pode ocorrer um atraso em conseguir capital para financiar o principal navio do projeto.
Desde o meio do ano passado, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, uma agência independente criada pelas Organizações das Nações Unidas para regulamentar a mineração em águas internacionais, já assinou quatro novos contratos com grupos interessados em minerar o leito do mar, disse Adam Cook, biólogo marinho da ISA, como a agência é conhecida. Os contratos envolvem governos e o setor privado de países como Japão, Coreia do Sul, Rússia e China.
“Com o tempo, acredito que os oceanos podem prover a demanda mundial inteira por metais”, diz Steve Rogers, diretor-presidente da Nautilus Minerals.
As investidas recentes na mineração marinha surgem num momento em que as empresas varrem o globo em busca de novas reservas, depois de esgotarem os veios mais fáceis de extrair. À medida que o teor do minério cai em terra firme, os teores relativamente maiores que ainda esperam para ser explorados no fundo do mar justificam os custos e riscos consideráveis.
A Nautilus diz que uma das jazidas que pretende explorar no Oceano Pacífico promete minério com teor médio de 7,5% a 8% de cobre, contra uma média de 0,6% nas minas terrestres.
Diante do pouco que se sabe sobre o fundo do oceano, os cientistas relutam em estimar o total de recursos. Mas uma equipe de cientistas japoneses calculou que há entre 80 bilhões e 100 bilhões de toneladas de terras-raras no Oceano Pacífico, ou mais de mil vezes as jazidas comprovadas e recuperáveis em terra firme, segundo estimativa da Agência Americana de Pesquisa Geológica, a USGS.
Grupos ambientalistas já alertaram para os possíveis efeitos na fauna aquática da mineração em águas profundas. Embora os países contem com autoridades para regulamentar o fundo de suas águas territoriais, essa fiscalização diminui em alto-mar.
As mineradoras alegam que o impacto ambiental será menor que o da mineração em terra firme, em parte porque não exige a construção de estradas e fica distante de áreas povoadas.
WSJ Americas