Fornecedores sofrem com pedidos suspensos
24/11/08
Produtos básicos como commodities tiveram uma forte retração no mercado mundial, prejudicando diretamente os negócios de grandes empresas, que decidiram adiar projetos já engatilhados Quem estava crescendo no rastro de outras grandes empresas também se viu afetado pela virada na economia. Produtos básicos como commodities tiveram uma forte retração no mercado mundial, prejudicando diretamente os negócios da Vale do Rio Doce. As ações da gigante brasileira tiveram uma queda de R$ 50, em julho deste ano, para R$ 25, no fechamento de sexta-feira na Bovespa, e a empresa reavaliou o seu plano de negócios. O resultado foi queda nos investimentos e paralisação de projetos que estavam engatilhados. O que afetou planos da Nordeste Segurança de Valores. ?A gente tinha um projeto com a Vale no interior da Bahia e eles retrocederam. Já houve vários projetos que os próprios clientes resolveram não dar prosseguimento, estão esperando, estão mais cautelosos?, diz o superintendente comercial corporativo da Nordeste, Edmilson Andrade.
Depois de um boom na comercialização de automóveis, o setor passa a viver uma crise e adotar o expediente de férias coletivas para reduzir estoques. O parque produtivo de fornecedores de Pernambuco acabou sentindo e tendo que também paralisar a produção. A tradicional fabricante Baterias Moura adotou férias coletivas para os seus 1.200 funcionários, distribuindo em rodízio de grupo até janeiro do próximo ano. Os planos da empresa já incorporaram uma previsão de queda de 30% no fornecimento de baterias nos próximos dois meses. Musashi, Philips e TCA também recorreram a férias coletivas em Pernambuco.
A recessão que alguns países europeus e o Japão enfrentam também atrapalha as exportações do Vale do São Francisco. Menor disponibilidade de renda lá, menor demanda pelos produtos feitos aqui. ?Falta dinheiro. Os compradores estão com menor disponibilidade de capital para transacionar. Está muito ruim?, avalia José Gualberto Almeida, presidente da associação dos produtores do Vale do São Francisco, Valexport. A desvalorização do real normalmente beneficia os exportadores, já que recebem mais reais pela quantidade de dólares exportados. Mas esse efeito está sendo anulado, no caso das frutas, porque o produto está caindo de preço em dólar. ?Na hora em que teve uma retração de demanda, os preços caíram pois os volumes foram mantidos?, confirma o produtor Aristeu Chaves. Para ele, as empresas locais vão ter que se ajustar a um novo momento econômico. ?Estamos numa crise global. As empresas vão ter que reciclar, enxugar custos, aumentar produtividade, ser mais eficientes, reduzir lucros e ser competentes nesse roteiro. Estamos num período de mudança. Mas, no Vale, eu diria que demissão não é um ponto importante?, considera. (R.L.)
Jornal do Commercio – PE