EXPOSIBRAM coloca no centro de debates as oportunidades e desafios do setor mineral
31/08/23
Discutir o cenário brasileiro e internacional do setor mineral foi o tema do Painel “Panorama Econômico do Setor Mineral, o Brasil e a Indústria da Mineração em Perspectiva – Tendências, Oportunidades e Incertezas”, promovido nesta quarta-feira (30), durante a EXPOSIBRAM 2023. O debate foi moderado por Renato Gomes Pereira, gerente-geral Comecial e Marketing da Samarco.
Para Fábio Ono, diretor de mercado da Macroplan, o crescimento da economia asiática tem sido o fenômeno mais relevante na cena global na atualidade, gerando reflexos geopolíticos, ambientais e tecnológicos. Segundo o palestrante, é um momento que exige visão estratégica, com antecipação, escolha e ação. Por isso, analisar as tendências é fundamental. “Quando falo de tendências, são elementos mais certos nesses cenários. Aquelas que possuem influência maior sobre a mineração são as mudanças climáticas e o tema da sustentabilidade ambiental”, explica Fábio.
Nesse cenário de tendências, a transição energética traz oportunidades para minerais considerados críticos para a transição energética. No Brasil, as reservas existentes desses minerais importantes para as tecnologias de baixo carbono podem vir a tornar essas commodities bastante lucrativas. “A gente está entrando numa nova fase. Não só o minério de ferro como principal produto, mas temos aqui a entrada dos minérios ditos críticos, que fazem parte da transição energética. 80% dos executivos do setor mineral entendem que isso é positivo para o setor e que eles vão conseguir atender à demanda”, resumiu Cládio Graeff, sócio da KPMG.
A expectativa é que projetos envolvendo esses metais possam vir a sair do papel. Por outro lado, o desafio é proporcional ao otimismo. Segundo a pesquisa “Análise do Panorama Global e Brasil 2023”, que ouviu mais de 400 executivos da área da mineração, o setor acredita que será preciso até quadruplicar a produção de metais críticos, além de aumentar a produção de outros metais, cada vez mais rápido, tudo isso atrelado à sustentabilidade do setor. Do total de entrevistados, 40% são de grandes empresas, e 9% são do Brasil, sendo a maioria CEOs.
Na pesquisa, boa parte dos executivos demonstrou preocupação, pois nunca houve tanta demanda por metais, mas há dificuldade em obter licenças e desenvolver novas minas. O nível de exigência com relação a sustentabilidade, social e regulação também será maior, acreditam os executivos, que refletem como as exigências podem impactar em custos e na sustentabilidade do negócio.
Outro ponto que a pesquisa também apontou é que poucas empresas incorporaram o ESG em sua estratégia, ainda sendo tratada como uma área, ao contrário de um posicionamento em relação a meio ambiente, governança e social. Sendo ESG uma tendência, a sigla deve ser encarada como um valor e um diferencial, defende Fábio Ono. Outra tendência é a de maior participação social nas pautas de negócio. Segundo ele, o setor precisa pensar na sua imagem junto a comunidade em que está inserido. É um movimento global que ecoa no Brasil. Empresas inseridas na Amazônia, por exemplo, precisam ter uma agenda de relacionamento com povos originários.
Já no cenário das incertezas para o setor, estão a nova política mundial para retomada do desenvolvimento e qual será o modelo brasileiro, além da infraestrutura nacional, o que vai implicar em multiplicar os investimentos anuais, segundo o especialista.
A reconfiguração das cadeiras globais de produção é outro ponto incerto. A situação está ligada aos movimentos econômicos e geopolíticos mundiais, acelerados pela guerra na Ucrânia. O mercado global debate o retorno da indústria ao país de origem, terceirização da cadeira de suprimentos em países mais próximos ao mercado consumidor e a terceirização da cadeia de suprimentos em países amigáveis, por exemplo.
Perspectiva dos preços para os metais minerais
“Em uma economia de mercado, o preço é uma informação muito importante. Nos diz sobre oferta e demanda, e a expectativa sobre essa oferta e demanda. As oscilações nos preços são reações que dizem respeito a frustrações ou surpresas a essa expectativa”, explica Helcio Takeda, sócio-diretor da Pezco Economics.
Analisando o histórico de preços de produtos, há ciclos com alta e baixa de preços, que costuma se estabilizar em um patamar um pouco acima do ciclo anterior. Isso por causa da elevada demanda impulsionada pela China, que levou a um ciclo de alta entre 2016 e 2017 em metais como ferro, alumínio, níquel e cobre. Atualmente, essas commodities estão em um ciclo de queda. No entanto, os padrões desses ciclos tendem a não permanecer os mesmos.
“O mundo está passando por um processo de mudança. Uma de natureza mais longa e outra de natureza mais imediata. A longa diz respeito à questão do envelhecimento populacional e aumento da expectativa de vida, que tende a ter impacto nos padrões de consumo e na organização da sociedade. A curto prazo há dois elementos que alteram o comportamento da demanda: a questão da expectativa de metais e a mudança da globalização para regionalização, que diminui a oscilação”, exemplifica Helcio.
Para ele, a tendência é que os próximos ciclos de preços sejam liderados predominantemente por questões de oferta, ao invés de demanda. O resultado desse comportamento é um ambiente de negócios incerto e tomada de decisões mais conservadoras por parte do mercado, com menor oscilação de preço.
Sobre a EXPOSIBRAM – Composta de multiatividades em um único período e local, a Exposibram é realizada anualmente e conta com a participação das principais entidades relacionadas ao setor mineral. A feira internacional é a maior vitrine para geração de negócios. Já o congresso debate cenários e revela as tendências do segmento.
Patrocínios:
Figuram como patrocinadores da EXPOSIBRAM 2023 até o momento: Armac (Diamante), Vale (Diamante), Casa dos Ventos (Platina), Hydro (Platina), Anglo American (Ouro), BHP (Ouro), Hexagon (Ouro), Kinross (Ouro), Nexa (Ouro), Alcoa (Prata), Bemisa (Prata) Geosol (Prata), Mineração Usiminas (Prata), Appian Capital Brazil (Bronze), Brazauro Recursos Minerais (Bronze), CBMM-Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (Bronze), Centaurus Metals (Bronze), Geocontrole (Bronze), Gerdau (Bronze), Largo (Bronze), Mosaic Fertilizantes (Bronze), WSP (Bronze) e Yara Brasil (Bronze).
Apoios:
Apoiam institucionalmente o evento a Associação Brasileira da Indústria de Ferramentas em Geral, Usinagem e Artefatos de Ferro e Metais (ABFA), Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), Associação Brasileira de Engenheiros de Mineração (ABREMII), Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Associação das Mineradoras de Ferro do Brasil (AMF), Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção (ANEPAC), Associação Paulista de Engenheiros de Minas (APEMI), Associação Paraense de Engenheiros de Minas (Assopem), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBMG), Comissão de Direito Minerário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB MG), Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (SINDIEXTRA) e Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (SINDIPEDRAS).
A EXPOSIBRAM 2023 conta, ainda, com o apoio editorial das Revistas Amazônia, Areia e Brita, Brasil Mineral, Cidades Mineradoras, Eae Máquinas, Minérios & Minerales, Mineração e Sustentabilidade, In The Mine, PIM Amazônia e dos sites Climatempo, Conexão Mineral, Notícias de Mineração do Brasil e Notícia Sustentável.