EXPOSIBRAM 2021 debate importância da mineração para fazer o planeta evoluir rumo à economia verde
06/10/21

Talk show: a economia verde no contexto da mineração
Como chegaremos à interrupção total de emissão de gases de efeito estufa nos próximos anos? Com esta questão a ser respondida, a EXPOSIBRAM 2021 para um talk-show um time multifacetado de especialistas de renome internacional – do setor produtivo e da sociedade civil – para debater o tema e as soluções que devem ser adotadas.
O talk-show teve a mediação de Wilfred Bruijn, presidente da Anglo American Brasil. Além de Bruijn, também participaram do talk-show Rohitesh Dhawan, CEO do International Council on Mining and Metals, ou Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM); Paulo Misk, CEO da Largo Resources; Peter Wilson, embaixador do Reino Unido no Brasil; Isabella Teixeira, ex-ministra do meio ambiente e atual co-presidente do painel internacional de recursos naturais da ONU; Daniela LaPorta, especialista sênior em mineração no Banco Mundial; Davi Bomtempo, gerente Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI (Confederação Nacional da Indústria); Hugo Barreto, diretor de Investimentos e Desenvolvimento Social da Vale e diretor-presidente da Fundação Vale.
Em sua fala inicial, Wilfred Bruijn destacou que uma economia verde não é apenas um tema de debate em setores específicos da economia. Já se transformou em um conjunto de metas de cada país, em que a economia age visando um melhor planeta para o futuro. “Como nós, mineradores, podemos fazer a diferença nessa agenda sustentável global visando atender às metas que estão sendo colocadas?”, questionou os participantes.

Wilfred Bruijn, presidente da Anglo American Brasil
Um ponto positivo para a busca dessa resposta foi apresentado logo na abertura pelo CEO da ICMM (International Council on Mining and Metals, ou Conselho Internacional de Mineração e Metais), Rohitesh Dhawan. Em sua fala, ele transmitiu a notícia de que na manhã de ontem (5/10), foi assumido um compromisso pelas 28 empresas de mineração em todo o mundo, ligadas a ICMM, de zerar a emissão de gases de efeito estufa até 2050.
“Ressalto que pretendemos atingir essa meta nos próximos dois anos. Não se trata apenas de uma ambição de longo prazo, mas de um plano de como chegar até lá. Isso mostra que a indústria da mineração está disposta a cumprir seu papel, de forma a termos menos emissões de gases de efeito estufa. Que essa ação motive outros setores a assumir tais compromissos”, apontou o executivo.

Rohitesh Dhawan, CEO do International Council on Mining and Metals
Para Dhawan, o setor mineral possui um papel muito importante na economia verde. “Se pensarmos que um carro elétrico exige muito mais recursos minerais do que um movido a combustível, percebemos que a demanda por minerais e metais está crescendo no mundo todo. E a mesma comparação se aplica a plantas industriais. Podemos e devemos diminuir as emissões ao mesmo tempo em que crescemos economicamente”, destacou.
Outro que apresentou sua visão para a questão foi Paulo Misk, CEO da Largo, grupo que busca viabilizar a economia verde e assegurar economias sustentáveis para o futuro. “Há um mito de que precisamos combater, de uma vez por todas. A mineração não é o principal vilão da emissão de gases de efeito estufa. Pesquisas mostram que o setor produz 4% do PIB do Brasil e responde por apenas 0,9% das emissões. Além disso, ocupa uma área muito pequena, em comparação com o volume de empregos e a riqueza gerados. A atividade já se mostra extremamente sustentável”, expôs.

Paulo Misk, CEO da Largo
Dando outro exemplo do caminho a seguir, o embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson, enfatizou que sua nação, ao assumir a presidência da COP26 – conferência de mudanças climáticas que será realizada em novembro –, pretende liderar pelo exemplo. Para isso, ainda em 2019, o Reino Unido foi a primeira grande economia a assumir o compromisso de zerar as emissões de carbono até 2050. “Iremos tirar o acordo do papel. A partir de 2030, não iremos mais vender carros movidos à gasolina e a diesel. A ciência nos mostra que o aumento da temperatura precisa que hajamos urgentemente, senão viveremos uma escala de catástrofes globais sem precedentes. E fico muito feliz por falar a todos em um evento que foi, por muitos anos, sediado em Minas Gerais. O estado foi o primeiro na América do Sul a se comprometer em zerar as emissões até 2050”, lembrou.
Wilson ainda ressaltou que “a mineração é um setor importante para a transição à uma transformação energética e à economia verde. A adesão do setor mineral é imprescindível para o sucesso dessa transformação”, assegurou.

Peter Wilson, embaixador do Reino Unido no Brasil
Engajamento da sociedade civil
Para a ex-ministra do meio ambiente Isabella Teixeira, atualmente co-presidente do painel internacional de recursos naturais da ONU, a questão climática é o grande desafio desse século, assim como a inovação tecnológica. “É vital que busquemos na tecnologia”, disse, as formas de atingir essa mudança de postura. “Se não formos mais eficientes na extração, passando pelo reuso dos materiais e reciclagem, não tem como lidar com a demanda crescente no cenário de consumo global. E, além disso, não existe solução sem a participação efetiva do setor privado e da sociedade. Acabou aquela velha prática de que o governo cuida disso e o setor privado daquilo”, esclareceu.
Outro ponto importante trazido pela ex-ministra ao debate foram as novas formas de governança, que já estão consolidadas nas grandes empresas, não somente as do setor mineral, conhecidas pela sigla ESG, sigla em inglês para environmental, social and governance (ambiental, social e governança). “Não conseguiremos vencer os desafios do mundo moderno com as práticas atuais. É preciso que busquemos adaptações para uma nova economia. Não temos mais como adiar esse debate”, enfatizou.

Isabella Teixeira, ex-ministra do meio ambiente e atual co-presidente do painel internacional de recursos naturais da ONU
Já Daniela LaPorta, especialista sênior em mineração no Banco Mundial, apresentou um relatório da entidade, lançado em 2020, que mostra que crescimento sem desenvolvimento não é uma opção. “Sem mineração não podemos combater as mudanças climáticas. Precisamos, também, reciclar mais, adotar melhores práticas e reutilizar materiais. Para isso, é vital que busquemos desenvolver modelos de negócios de modelo circular, de forma a atrair investidores para novos projetos, que possam suprir a demanda por mais minérios”, destacou.
Para ela, o setor mineral está passando por um momento de transformações relevantes e estruturais. “Estamos tendo a oportunidade de mudar a percepção da sociedade sobre o setor mineral no desenvolvimento do nosso planeta. Uma mineração atrelada à economia verde não se limita à eliminação de emissão de gases de efeito estufa, mas também a gerar benefícios sociais, econômicos e, também, climáticos”, analisou. Por fim, Daniela detalhou que o Banco Mundial lançou a iniciativa ‘Mineração climaticamente inteligente’, que busca auxiliar no processamento de minerais críticos para um mundo de baixo carbono. “A pesquisa mostrou que quanto mais ousados formos nas metas temporais para atingir um mundo sem emissão de gases de efeito estufa (e conter o aumento da temperatura no planeta) mais precisaremos de recursos minerais”, esclareceu.
E não somente a sociedade deve estar envolvida na busca de soluções. Foi o que atestou o economista da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Davi Bomtempo, atualmente gerente Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da instituição. Para ele, a economia circular é a chave para o desenvolvimento econômico. “A gestão dos recursos energéticos é parte essencial nesse processo e precisa ser inserida nesse debate”, disse. Outro fator preponderante é a agenda de biodiversidade. “Precisamos transformar essa vantagem comparativa do Brasil em vantagens competitivas”, completou. Para isso, a CNI desenvolveu uma agenda de baixo carbono, de forma a auxiliar no debate e na busca de soluções de longo prazo, informou.
Por fim, o diretor de investimentos e desenvolvimento social da Vale e diretor-presidente da Fundação Vale, Hugo Barreto, apresentou sua sugestão nesse amplo debate. Para ele, é essencial que seja efetivada a descarbonização do setor mineral, tanto no Brasil quanto no mundo. “Já percebemos um movimento crescente de investidores, preocupados com questões frequentes ligadas à agenda ESG, inclusive de redução de riscos para a locação de capital. A estratégia de mudança climática da Vale é pautada em pilares visando liderar a mineração de baixo carbono, principalmente, por meio de ações para zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050”, explicou.

Hugo Barreto, diretor de investimentos e desenvolvimento social da Vale e diretor-presidente da Fundação Vale
Barreto ainda exemplificou que a companhia investe de US$4 bilhões a US$ 6 bilhões em ações para reduzir em 33% as emissões de gases de efeito estufa. “90% do consumo da Vale, hoje, é elétrico. Um bom exemplo desse empenho foi o lançamento, recentemente, de uma locomotiva 100% elétrica, que atua em nossa planta de Tubarão”, disse. Outro ponto trazido pelo executivo é a defesa, pela Vale, da criação de um mercado global de carbono, “pois a precificação do carbono é uma forma de viabilizar o cumprimento das metas estabelecidas para a descarbonização da economia”, afirmou.
Patrocinadores
A EXPOSIBRAM 2021 conta com o patrocínio da Vale (Diamante), Ubertec (Platina), Anglo American (Ouro), Kinross Paracatu (Ouro) Nexa Resources (Ouro), Mineração Usiminas (Prata), Mosaic Fertilizantes (Prata), Volvo (Prata), Alcoa (Bronze), (AngloGold Ashanti (Bronze), Appian Capital Brazil (Bronze), ArcelorMittal (Bronze), BAMIN (Bronze), Cedro Mineração (Bronze), Gerdau (Bronze), Samarco (Bronze), Shell (Bronze), Netherland Business (Parceria Internacional) e Ouro Verde (Apoio).
SERVIÇO
EXPOSIBRAM 2021
5 a 7 de outubro – 100% online
Inscrições gratuitas – https://cutt.ly/TEPS5rg