Exportação estadual continua em queda
19/03/09
A balança comercial paraense sofre sua segunda baixa consecutiva. Depois de enfrentar o pior janeiro dos últimos três anos, voltou a registrar queda nas exportações no mês passado (-3,79%), em comparação a fevereiro de 2008. Já nos resultados acumulados do primeiro bimestre de 2009 em relação ao mesmo período do ano passado, a queda no valor exportado ultrapassa os 16%. Se nos meses de janeiro e fevereiro de 2008 o valor exportado foi de R$1.440 milhão, nos dois primeiros meses desse anos não chegou à R$1.210 milhão. O saldo comercial também ficou negativo (-20,60%), enquanto as importações cresceram 28,12%.
Os resultados foram divulgados ontem, pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa) e mostram que o Estado, apesar de ter apresentado uma reação (9,26%) no mês de fevereiro em relação ao mês de janeiro, continua sentido os efeitos da crise financeira mundial, que interferem nos resultados deste ano na comparação com o ano anterior.
“Conseguimos o crescimento de 9% graças a recuperação de alguns produtos na questão da sazonalidade, como os sucos de fruta, que tiveram aumento de mais de 200%. O camarão congelado e a carne bovina também cresceram. Isso é natural em relação à alguns produtos”, explicou Raul da Rocha Tavares, gerente do CIN.
Diferente das exportações, que estão deficitárias, as importações paraenses continuam apresentando crescimento. No comparativo bimensal dos anos 2008-2009, a variação das importações atingiram 28,12%, muito acima da média de importação brasileira, que no mesmo período registrou resultado negativo de 25,42%.
Ele explica que no primeiro bimestre a única situação positiva foi a recuperação do saldo. O Pará, que no mês de janeiro ficou atrás do Mato Grosso na classificação geral pelo saldo, em fevereiro conseguiu ultrapassar o Estado do Centro Oeste e retornar à segunda posição, perdendo apenas para Minas Gerais. Nos outros rankings permanece nas mesmas posições anteriores (6º em valor exportado e 13º em valor importado).
“A perspectiva é que continue dentro dessa mesma performance. Alguns produtos respondendo, por causa da sazionalidade. Vamos analisar, mas acho que abril e maio é que podemos ter alguma melhora. A partir do final do primeiro trimestre a gente espera que o setor mineral tenha saldo positivo, já que o estoque lá fora está terminando. Mas isso tudo ainda é uma incógnita, pode ser que não aconteça”.
Dos 24 ítens listados na Balança Comercial, sete apresentaram variação positiva nas toneladas exportadas e, apenas quatro tiveram resultado positivo em valor exportado. Destaque para o suco de frutas que – nos dois primeiros meses deste ano, se comparados ao mesmo período de 2008 – acumulou uma variação de 127% em suas exportações e os camarões congelados, que também cresceram significantemente, alcançando um acumulado de 118%. Atrás dos dois produtos, também registraram crescimento: a carne de bovinos (12,72%); a pimenta (11,08%); o alumino (7,49%); a pasta química de madeira (19,43%); e a alumina calcinada (26,87%).
MINERAÇÃO
Os produtos minerais, que representam 85,71% da balança, foram os que mais pesaram para o desempenho registrado nesse primeiro bimestre. Nesse setor, a queda nas exportações chegou a 10,97%. Se nos meses de janeiro e fevereiro de 2008 o Pará exportou R$1.164 milhão em minério, no mesmo período deste ano o valor foi de R$1,036 milhão.
“Os nossos principais compradores de minério são aqueles que estão sofrendo os impactos mais fortes da crise. Isso faz com que nossos contratos de venda se tornem escassos, influenciando na queda de produção e, por conseguinte, na redução das exportações”, avalia Raul Tavares.
O resultado na mineração só não foi pior graças a Hematita, cuja participação na balança chega a 49%. O valor exportado em Hematita cresceu 31,68%. De resto, todos os outros nove produtos do setor mineral sofreram queda no valor exportado.
“O que nós observamos a partir de setembro foi o agravamento da crise financeira mundial. Entretanto, a indústria mineral paraense tem vários elos e, cada um deles, sofreu um efeito diferenciado. A indústria extrativista, por exemplo, como é o caso da hematita, sofreu bem menos que a indústria de tranformação, que abrange alumina, alumínio e ferro-gusa. Isso faz com que o setor mineral no Pará sofra, mas numa porporção menor em comparação as outras federações do Brasil”, afirmou André Reis, coordenador do Instituto Brasileiro de Mineração da Amazônia (Ibram/Amazônia).
A queda mais expressiva do setor mineral ficou com o minério de cobre (76,31%). Manganês e Bauxita também se destacaram com queda de 63,08% e 63,84%, respectivamente. “O cobre também sofreu redução de setembro para cá em função da cotação e da diminuição da demanda”, continuou André Reis.
O coordenador do Ibram também acredita numa reação do setor no final do primeiro trimestre. “Essa é nossa expectativa também, mas tudo vai depender do estoque lá fora, dos programas para acesso aos crédito que os países importadores irão implantar e da reação de consumo desses paises”, finalizou.
O Liberal – PA