07/11/08

CRISECenário de retração mundial vai afetar em breve a balança comercial do Estado
Com a divulgação dos resultados da Balança Comercial brasileira de outubro, feita pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), já se pode prever em qual cenário a exportação paraense deve atuar. O Pará acumulou em exportações, de janeiro a setembro, US$ 7,9 bilhões. Em outubro, o total arrecadado com exportações chegou a US$ 1,1 bilhão, perfazendo um acumulado no ano de US$ 9 bilhões.
A Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) promete publicar as especificações deste valor até o próximo dia 15. Ainda que se tenha de aguardar os números esmiuçados pela Fiepa, as previsões não são nada positivas, principalmente, em virtude do recuo no volume de commodities registrados entre os meses de setembro e outubro no Brasil. A soja em grãos é o produto que lidera o ranking de quedas acentuadas – em setembro a exportação do produto bateu a casa dos US$ 900 milhões, ou seja, US$ 375 milhões a mais que em outubro (US$ 524 milhões), apontando uma retração de 43% no volume de vendas para o exterior. Além da soja, outros produtos reduziram suas exportações: semimanufaturados de ferro e aço (-16,9%), carne bovina (-13,9%), alumínio (-11,7%), minério de ferro (-8,5%), óleo de soja bruto (-6,5%) e carne suína (-6,7%), segundo dados do MDIC.
Para Wilton Brito, assessor econômico da Fiepa, a diminuição das importações pode ser apenas o primeiro fruto da crise internacional financeira, iniciada nos Estados Unidos. Segundo o assessor, a crise não é a grande culpada da retração, pois, os contratos à prazo, feitos há alguns meses entre produtores e compradores, não estão deixando de serem cumpridos. Contudo, Brito se mostra preocupado no momento de renovação destes contratos. `Se for renovar, estes valores ficarão bem abaixo do custo atual. Isso incidirá diretamente no PIB (Produto Interno Bruto) paraense que equivale a R$ 40 bilhões, dos quais 25% é proveniente de exportações`, explicou.
De acordo com Brito, o recuo nas exportações de commodities é algo preocupante, principalmente após a suspensão por dois meses das operações da Vale com o manganês no Brasil, e também com relação ao corte de 30% nas operações com o caulim: `Das nossas exportações, 80% representa o setor mineral. Com a crise internacional os investimentos neste setor, como os US$ 20 bilhões previstos para 2009, devem demorar pra chegar, e o resultado é estagnação ou retração do PIB. Este é um círculo vicioso, pois, se exportamos menos consequentemente, um menor índice de investimento será aplicado em nosso Estado. Dessa forma, o dinheiro deixa de circular e o consumo tende a cair – criando uma redução na procura de produtos e serviços, além de gerar desemprego`, avaliou.
As demandas internas, conforme destacou Brito, não serão afetadas, pelo menos neste primeiro momento, exceto no caso da escassez do emprego. A solução para combater a crise, segundo o assessor econômico, pode vir através do governo do Estado. `O governo poderia ser mais prático na política de apoio, principalmente com o setor madeireiro, que representa 10% das exportações paraense. É preciso investir no setor formal e combater aqueles que costumam agir na ilegalidade, através de uma política economica que possa dinamizar a liberação de licenças`, disparou.
Na concepção do assessor da Fiepa, a crise não vai tirar o índice positivo das exportações do Pará em 2008 devido as vendas terem sido feitas a curto prazo. Contudo, esse otimismo não deve ultrapassar dezembro de 2008. `Em 2009, muitos contratos não serão renovados caso a crise continue de arrastando, por isso, não temos uma perspectiva tão boa para o ano que vem`, concluiu.

O Liberal – PA