Exploração de novas minas pode levar a excesso de oferta
20/04/10
Mineradoras de ferro podem acabar se arrependendo de uma árdua luta para estabelecer preços à vista no mercado, como referência para a precificação no setor, se um grande número de novos projetos de produção do minério de ferro transformar o déficit atual no fornecimento em excesso de oferta no futuro.
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A sabedoria convencional conduz as mineradoras a um ritmo acelerado para a riqueza nos próximos anos, já que a China, o maior produtor e comprador mundial de minério de ferro e maior fabricante de aço, continua a seguir em rápido crescimento econômico enquanto a economia mundial está se recuperando.
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Mas mesmo com os preços do minério superando US$ 175 a tonelada, o maior valor já registrado, não são poucas as empresas importantes do setor que estão avaliando se dezenas de projetos, novos e também de expansão de mineração de ferro vão superar a demanda por aço e levar os preços a caírem já em 2012.
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“Nós vamos obter preços altos quando for o momento, mas também temos de estar preparados para aceitar uma queda em um mercado em declínio”, disse Mike Young, diretor-gerente da BC, empresa com sede na Austrália e com planos de restringir pela primeira vez a produção para se assegurar contra uma futura queda de preços.
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Uma reviravolta nos preços do minério de ferro poderia afetar a BHP Billiton, Vale, Rio Tinto e outras mineradoras que estão aceleradamente buscando mais suprimentos.
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A demanda atual de 1,3 bilhão de toneladas de minério de ferro por ano indica um déficit, segundo previsões oficiais do governo da Austrália. Mas esse déficit poderia desaparecer se a produção do minério igualar o crescimento previsto da produção, estimado em 50% até 2015.
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Ao mesmo tempo, prevê-se de modo geral que a produção de aço deva crescer somente em um terço, até cerca de 1,7 bilhão de toneladas.
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O novo esquema de precificação do minério começou em 1º de abril. Há informações de que a BHP recebeu US$ 131 por tonelada de seu minério para contratos referentes a abril-junho, com base no preço médio à vista entre janeiro e março – mais de duas vezes o preço fixado no ano passado.
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Na semana passada, a Rio Tinto se tornou a última entre as três maiores produtoras mundiais de minério de ferro – as quais controlam dois terços do total comercializado e transportado por mar, no valor de US$ 66 bilhões em 2008 – a deixar o sistema de contratos de referência, uma alteração que teve dura oposição das siderúrgicas.
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O valor nos três meses seguintes será determinado pelo preço médio do mercado à vista entre abril e junho.
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Novos suprimentos
A Austrália, maior exportadora mundial de minério de ferro, espera reforçar seus embarques anuais em 40%, atingindo 552 milhões de toneladas nos próximos cinco anos.
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Mais de 20 minas estão em estudos ou em planejamento para exploração na Austrália, entre as quais algumas que poderão prover centenas de milhões de toneladas a mais para suprir o mercado mundial.
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A Gindalbie Metals , que detém contratos de venda no valor de US$ 65 bilhões com Ansteel, da China, tem potencial para produzir 30 milhões de toneladas de minério por ano por três décadas, na região do meio-oeste da Austrália Ocidental.
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Em todo o mundo há projetos desde a África Ocidental ao Brasil, como o projeto Carajá Serra Sul, que sozinho vai fornecer 10 milhões de toneladas a mais do que é necessário para atender o crescimento de 50 milhões de toneladas por ano na produção mundial de aço, estimada pelo executivo chefe financeiro da Hatch Corporate, Rod Bellows.
O efeito cumulativo do boom na produção faz com que alguns analistas prevejam excesso de oferta.
“Os mercados de minério de ferro devem permanecer apertados nos próximos dois a três anos, mas poderiam estar se encaminhando para um prolongado excesso de oferta”, disse o analista de commodities da Citi, Alan Heap.
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