Especialistas em plantar árvores
02/10/08
A empresa de Campinas faz projetos de reflorestamento para recuperar áreas públicas
Lu DressanoESPECIAL PARA A AGÊNCIA ANHANGÜERAluciene.dressano@ra.com.brO momento atual pede uma correção de hábitos de desperdício e desatenção. As organizações públicas e privadas estão mais atentas aos impactos gerados por suas atividades, produtos e serviços. A sobrevivência dessas empresas exige uma atualização do modelo de gestão e a sua adequação ao contexto da sustentabilidade. O desempenho ambiental de uma organização tem importância cada vez maior para as partes interessadas, ou seja, públicos internos e externos. E, para alcançar um desempenho ambiental consistente, além de um aprimoramento contínuo, há necessidade urgente de melhorar a qualidade do meio ambiente e de proteger a saúde humana. Nessa brecha de mercado nasceu em Campinas a empresa Carbondown ? projetos ambientais. Ela tem a responsabilidade de calcular a emissão de gases de efeito estufa, considerados como a principal causa do aquecimento global e que são emitidos pelas empresas, e compensar no plantio de árvores.A Carbondown cria projetos para as empresas neutralizarem a emissão de gases poluentes a partir de um inventário, que traça o raio X de toda a produção, e promove a mitigação. O que não é possível reduzir é compensado no plantio de árvores. As empresas com projetos da Carbondown acompanham o desenvolvimento do plantio pelo computador. Uma página da internet é disponibilizada para o cliente verificar toda a evolução do projeto. ?Cada empresa gera um mailing, e todos se transformam em fiscais, dos clientes, funcionários a diretores. A conseqüência é a transparência em todo o processo?, diz Juliano Prado, que comanda a empresa junto com o sócio Amauri H. Vanderlei. Os dois são da área de comunicação, com atuação no mercado há mais de duas décadas.?Nossa idéia de plantar árvores expandiu. Criamos uma atitude?, fala Vanderlei, para explicar a idéia lançada em 2007, durante um evento. Na prática, a empresa nasceu este ano e atua como um elo entre as empresas que desejam neutralizar as emissões de carbono resultante do processo produtivo e as organizações não-governamentais (ONGs). O primeiro ano de atividades marcou a parceria com a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Escola-Viveiro, responsável pelos plantios na Vila União, região Oeste de Campinas. Dez empresas já fecharam contratos com a Carbondown. Um projeto de neutralização de danos não sai por menos de R$ 1,5 mil e uma muda de árvore custa R$ 12,00 por envolver desde à garantia da semente, área definida para plantio ao acompanhamento do projeto.?Este ano cumprimos nossa meta. Fechamos um ciclo e agora é seguir com o sonho?, afirma Vanderlei. Os sócios acreditam num futuro melhor, e o otimismo vem da própria empreitada: ?Nós buscamos tudo isso. Nosso desejo sempre foi o de plantar árvores. Seguimos com a nossa vocação por acreditar nesse trabalho?, completa. Os novos empreendedores falam do surgimento de um mercado voluntário, por parte das empresas, cuja iniciativa consciente é uma garantia de mercado. ?As empresas ainda não são obrigadas a compensar a emissão de gases poluentes, mas o mundo começa a cobrar mais e as empresas precisam mostrar mais transparência para garantir uma produção sustentável. As empresas que não apresentam balanço socioambiental podem se tornar arriscadas para investimentos?, garante Prado.Os projetos de reflorestamento da Carbondown objetivam a recuperação de áreas públicas, para promover a preservação da biodiversidade, das nascentes e combater a erosão e a desertificação. Um trabalho socioambiental, que envolve a comunidade para garantir o crescimento das árvores. O monitoramento dos locais é feito durante dois anos. Para o próximo ano, a empresa negocia mais duas áreas destinadas aos plantios. Uma está localizada na Fazenda Santa Elisa, em Campinas, e uma outra de 18 hectares fica em Valinhos, no Vale Verde. O passivo ambiental da Carbondown também é compensado. No Centro de Referência da Juventude (CRJ), na Vila União, e na Praça da Ferradura, no Jardim Chapadão, onde passa o Ribeirão Quilombo, foram plantadas 400 árvores.Kyoto tenta minimizar efeito estufaO Protocolo de Kyoto é um tratado internacional que estabelece compromissos para a redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados como a principal causa do aquecimento global. Ele foi discutido e negociado em Kyoto, no Japão, em 1997, e foi aberto para assinaturas em 16 de março de 1998 e ratificado o 15 de março de 1999. Entrou oficialmente em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois da ratificação da Rússia, em novembro de 2004. O documento propõe um calendário pelo qual os países desenvolvidos têm a obrigação de reduzir a quantidade de gases poluentes em, pelo menos, 5,2% até 2012, em relação aos níveis de 1990. Os países signatários terão que colocar em prática planos para reduzir a emissão desses gases entre 2008 e 2012. O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, por meio de algumas ações básicas nos diferentes ramos econômicos: reformar os setores de energia e transportes; promover o uso de fontes energéticas renováveis; eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da convenção; limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos; proteger florestas e outros sumidouros de carbono. Se o protocolo for implementado com sucesso, estima-se que deva reduzir a temperatura global entre 0,02ºC e 0,28ºC até 2050. Entretanto, isso dependerá das negociações pós período 2008-2012, pois há comunidades científicas que afirmam categoricamente que a meta de redução de 5,2% em relação aos níveis de 1990 é insuficiente para a mitigação do aquecimento global. (LD/AAN)CPqD recupera área verde na Vila UniãoPrimeiro projeto de compensação em áreas públicas destina 3,5 mil mudasO primeiro plantio de compensação de carbono da Carbondown, em áreas públicas, ocorreu no início de setembro, e contou com a participação de funcionários e diretores do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). O centro tecnológico contratou a empresa para neutralizar o impacto ambiental emitido pelas atividades e funcionários, gerado este ano: 952 toneladas de carbono. Para compensar essa emissão de poluentes, o centro tecnológico adquiriu 3.569 mudas, o restante está atrelado à participação dos funcionários, por meio de uma campanha interna.O passivo ambiental do CPqD será compensado na Vila União. O plantio simbólico já foi feito e marca o início da primeira fase de recuperação de um fundo de vale encravado na região Oeste de Campinas, próximo da Rodovia dos Bandeirantes. Nessa primeira fase, numa área de oito hectares, há espaço para 12 mil mudas de árvores nativas. Os plantios ajudarão a transformar a região no Parque União, uma reivindicação antiga dos moradores. O local guarda nascentes, que percorrem 27 hectares de área a ser recuperada até o Rio Capivari, onde há necessidade do plantio de mais 32 mil mudas arbóreas.A iniciativa de recuperação verde une a comunidade e as iniciativas pública e privada por meio de um Arranjo Produtivo Comunitário (APC). O objetivo é a criação do Parque União, e o resultado dessa ação é recriar as condições naturais para melhorar a qualidade do Rio Capivari, um dos mananciais mais maltratado na Região Metropolitana de Campinas (RMC) nas últimas décadas. Assim, cabe à Escola-Viveiro o plantio e o monitoramento da área pública degradada. ?Somos o braço técnico desse APC, hoje um cenário com possibilidades de parcerias diversas?, define Tarcísio Penteado Vecchini, presidente da Oscip. (LD/AAN)SERVIÇOA Carbondown ? projetos ambientais está localizada na Rua Quintino de Almeida Maldonnet, 282, Jardim Chapadão. O telefone para contato é o (19) 3241-5135. Mais informações no site www.carbondown.com.br.SAIBA MAIS20 mil hectares de floresta são derrubadas por diaEm cada hectare cabem cerca de 1,7 mil árvores30% das árvores derrubadas são utilizadas pela indústria do carvãoTrês árvores neutralizam 450 quilos de carbono ao longo de sua vida. Isso equivale a uma viagem de avião de 1,5 mil quilômetros ou 2,7 mil quilômetros de carro ou 1,8MW/h de eletricidadeA média do passivo ambiental do brasileiro é de 5 a 7 árvores/anoFonte: Carbondown – projetos ambientais.
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