Especialistas discutem alternativas à mineração em 69 municípios mineiros
02/06/22
A economia de Minas Gerais está fortemente ligada à mineração. Entretanto, promover alternativas econômicas e ambientes favoráveis para o progresso de cada um dos 13 territórios mineiros que têm grande dependência minerária é primordial para permitir um desenvolvimento sustentável dos municípios. Esta é temática do 2º Seminário Estadual de Reconversão Produtiva em Territórios Minerados e do 1º Encontro Regional do ICLEI Minas Gerais, realizado nestes dias 1 e 2 de junho, no Expominas, em Belo Horizonte (MG).
O seminário é um dos desdobramentos do Projeto de Reconversão Produtiva em Territórios Minerados, lançado em fevereiro de 2020 e resultado da parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais (Sede), Sebrae – MG, Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG).
Durante a solenidade de abertura, realizada nesta quarta-feira (1/6), o diretor de Relações com Associados e Municípios do IBRAM, Alexandre Mello, reforçou o conceito de sustentabilidade e engajamento que envolve empresas, poder público e a sociedade. Para se ter sucesso no projeto reconversão produtiva é necessário que estes três públicos estejam completamente engajados.
Além disso, ele reforçou que a participação das empresas é fundamental para o processo de diversificação econômica dos municípios, que de é grande interesse do setor mineral. “Temos grandes oportunidades econômicas, tanto para os municípios quanto para as empresas. A vocação para a mineração faz parte daqueles municípios mineradores, mas temos que criar outras vocações industriais para manter a renda que hoje é gerada pela indústria mineral”, diz Mello.
O secretário-adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais, Guilherme Duarte, reforçou que a mineração é importante para a economia do Estado, mas também como atrativo de outras atividades para os municípios mineradores. “A mineração permite que se instale nestes municípios condições adequadas para a atração de outros investimentos. É uma oportunidade de aproveitar a logística, mão de obra qualificada e o potencial que já se encontra na localidade para de fato alocarmos em outros projetos que podem ser similares ou complementares”.
Para o presidente da AMIG, José Fernando de Oliveira, a política pública deve ser de longo prazo e permanente. “Este projeto mostra que é uma política de longo prazo. Isso não é um projeto de um governo, mas sim de Estado. Os governos passam. Por isso, temos que criar políticas públicas permanentes. Esse é o ponto central, não só da reconversão, mas da diversificação econômica (…) diversificar a economia nos municípios mineradores é uma necessidade“.
Também participaram da solenidade de abertura o diretor Técnico do Sebrae Minas, João Cruz Reis Filho, o secretário executivo do ICLEI, Rodrigo Perpétuo, o Prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage, o diretor de Negócios do Banco Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Rômulo Martins Freitas, e o presidente do Sindiextra, Luís Márcio Viana.
Beneficiamento de rejeitos e alternativas econômicas para mineração
A coordenadora de Assuntos Minerários do IBRAM, Aline Nunes, participou do painel “Beneficiamento de Rejeitos e Alternativas Econômicas” e abordou soluções que o setor mineral vem desenvolvendo para o aproveitamento dos volumes gerados de rejeitos e estéreis pela mineração. Estes materiais podem ser reutilizados por outros setores econômicos como a construção civil e a agricultura.
Temos um ambiente regulatório que ainda precisa de amadurecimento e desburocratização para o aproveitamento de resíduos da mineração. A publicação da Nova Resolução nº 85/2021 da ANM já foi um grande passo, mas ainda requer aprimoramento.”, ressalta Aline.
Reconversão produtiva
O Projeto de Reconversão Produtiva em Territórios Minerados tem o objetivo de oferecer instrumentos para apoiar lideranças públicas e empresariais na formação de uma governança local que atue na construção de uma Agenda Estratégica para cada um dos 13 territórios que receberão o projeto em Minas Gerais, visando a diversificação econômica. São 13 municípios dependentes da mineração e outros 56 impactados por eles, totalizando 69 municípios.
O projeto-piloto foi implementado em Itabira, em janeiro de 2021, envolvendo cerca de 10 municípios. A iniciativa também já chegou em Itabirito, abrangendo outros quatro municípios do entorno. As 13 cidades-sede do projeto são Belo Vale, Catas Altas, Conceição do Mato Dentro, Congonhas, Itabira, Itabirito, Itatiaiuçu, Nova Lima, Paracatu, Riacho dos Machados, Rio Piracicaba, São Gonçalo do Rio Abaixo e Tapira.